CRÔNICAS DO MONTE JUNIOR: “DE BORBOLETAS E PERIQUITOS”

- por Antonio Monte Junior

Ano passado, por essa época estava eu no aeroporto de Guarulhos esperando uma conexão para Porto Alegre e naquele vai e vem de pessoas acabei fazendo amizade com uma jovem chinesa . Por falarmos francês, a conversa foi amena e bastante enriquecedora em mim. Ela me disse que estava voltando à sua cidade, a fim de participar da Festa das Borboletas . Anualmente ocorre um fenômeno na região onde mora, no qual milhões de borboletas passam pela cidade e vão rumo a seus destinos. O povo da região para tudo, tudo fica praticamente estático em respeito às borboletas viajantes. Fazem em seguida uma festa; isto todos os anos. Aquela história me deixou pensativo imaginando a cena, que fato bonito. Nunca mais esqueci a história e a jovem chinesa.

Agora, em Manaus participo de um movimento popular recriminando, pedindo a apuração para identificar os responsáveis pela morte de mais de 200 periquitos asas brancas, que foram envenenados nas cercanias de um dos mais luxuosos condomínios residenciais de Manaus. Lembrei-me da homenagem às borboletas na China.

O curioso é que o dito condomínio fica muito perto do INPA-Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia: lá no mínimo moram os cientistas do Instituto que viram com absoluta certeza a ação de colocar véus em cima das palmeiras imperiais que ficam na entrada do conjunto, para impedir que as aves dormissem naquele local.

Viram o ato grotesco, e nada fizeram...

Todas as manhãs bandos de periquitos, papagaios e araras passam por ali com o peculiar alarido no rumo do bosque do INPA. Os periquitos foram considerados intrusos, e por isso cruelmente envenenados.

O povo daquele condomínio parece não saber onde moram e por mais que sejam abastados não sabem o que é sustentabilidade e convivência com os donos da natureza.

Vou voltar para Nhamundá. Chega !

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*Antonio Monte Junior é advogado, reside em Nhamundá-AM, e escreve regularmente seus artigos e crônicas, que publicamos neste blog.