MINERAÇÃO E POVOS INDÍGENAS: DIÁLOGO É O CAMINHO
Qualificação e fortalecimento de instituições podem
ajudar relacionamento
Em dezembro estará
disponível para consulta pública o guia “Diretrizes brasileiras de boas
práticas com povos indígenas”, do grupo Diálogo Iniciativa Empresas e Povos
Indígenas, que aponta orientações para este relacionamento. O tema foi
discutido durante o painel “O desafio do diálogo entre povos indígenas e a
mineração: boas práticas apontam o caminho”, realizado nesta quarta-feira (19),
durante o 4º Congresso de Mineração da Amazônia, que integra a EXPOSIBRAM
Amazônia 2014.
A troca de experiências
entre estes agentes, ao longo de dois anos, resultou no mapeamento das áreas de
desempenho e em recomendações de ações, embasadas na legislação, como por
exemplo, a Constituição Federal de 1988, a Declaração da Organização das Nações
Unidas (ONU) sobre os Direitos dos Povos Indígenas e o Estatuto dos Povos
Indígenas.
Mediado pela jornalista
Cleide Pinheiro, o painel reuniu o Coordenador da Estratégia Indígena da The
Nature Conservancy – TNC, Hélcio Souza e a Gerente Geral de Responsabilidade
Corporativa da Fundação Vale, Liesel Mack Filgueiras.
“Até a década de 1960, havia
o pensamento de que os povos indígenas, caso não fossem cuidados, deixariam de
existir. Já na década seguinte, percebeu-se que os povos indígenas não
desapareceriam, e que iriam fazer parte da sociedade”, explicou o coordenador
da organização não governamental. O marco para esta postura, de fato, é a
Constituição Federal de 1988, que assegurou o respeito à cultura e reconheceu o
direito sobre as terras indígenas.
A complexidade da
discussão foi exemplificada por Liesel Mack Filgueiras. “A Vale tem experiência
com povos indígenas e comunidades tradicionais, uma relação que contém acertos
e erros, com tentativas de aprimoramento. O conflito é inerente ao ser humano,
principalmente com relação a diferenças tão marcantes”. Este relacionamento
deve prescindir de qualificação da equipe que vai relacionar-se com os
indígenas. “É preciso ter capacitação de lideranças e empregados que tenham
interface com os indígenas”, destaca Filgueiras.
Para desempenhar um bom
relacionamento, é preciso estruturar quatro áreas de desempenho: capacidades
institucionais, que compreende a capacitação de pessoal; gestão de impacto,
ações práticas para evitar, mitigar e compensar danos; capacidade de fazer
acordos, práticas de ações com orientações de aspectos legais e investimento
social, que compreende um plano de desenvolvimento com perspectiva cultural.
O fortalecimento
institucional das organizações indígenas foi lembrado por Hélcio Souza. O
acesso à escolaridade, como incentivo a bolsas de estudos para indígenas, eleva
o nível de qualificação do diálogo, segundo a Gerente Geral de Responsabilidade
Corporativa da Fundação Vale.
Entre os entraves no
diálogo, destacam-se as péssimas condições de trabalho e falta de pessoal na
Fundação Nacional do Índio (Funai), que impossibilitam o atendimento das
demandas no prazo de 90 dias, e interferem no processo de interlocução. O
fortalecimento da identidade cultural e intercâmbio entre jovens e idosos foram
exemplos citados por Filgueiras como pontos positivos no relacionamento empresas
e indígenas.
Publicação- O livro
“Recursos Naturais e o Desenvolvimento: estudos sobre o potencial dinamizador
da mineração na economia brasileira” foi lançado durante o painel homônimo, que
contou com a presença de um dos autores, o professor- doutor João Furtado. A
Secretária de Estado de Indústria, Comércio e Mineração, Maria Amélia Enriquez,
apresentou suas percepções sobre a obra e mediou a participação da plateia.
O livro faz um resgate
histórico da economia e aborda a matriz insumo- produto e a contribuição da
indústria mineral extrativa de ferro, além de explanar acerca dos ciclos
econômicos. “Recomendo fortemente a leitura. Os nove capítulos podem ser lidos
separadamente, sem prejuízos. É uma grande oportunidade dada à dinâmica do
mercado e pelo ciclo mineral”, elogiou a Secretária de Estado. “A economia está
intrinsecamente ligada às questões ambientais”, completou.
Fonte/Foto:
Thayana Araújo – Temple Comunicação
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