MEMÓRIAS: VISTA AÉREA DE SANTARÉM, 1953
Santarém sempre foi uma
cidade bonita pela própria natureza, mas em 1933 já se fazia necessário também
melhorar a perspectiva da edificação da cidade, “especialmente em sua parte
litorânea”. Essa falta foi observada pessoalmente pelo interventor federal,
Magalhães barata, quando em visita à capital do baixo-amazonas. Barata cobrou
providências do prefeito, a quem nomeara, sem eleição.
Por isso, Ildefonso
Almeida baixou um decreto, em 1º de novembro, estabelecendo prazos de 60 a 90
dias para que os proprietários de casas, prédios e edificações situados nas
ruas João Pessoa e Siqueira Campos, avenida Adriano Pimentel e nas praças
Monsenhor José Gregório e Barão de Santarém substituíssem as calhas de suas
propriedades por platibandas, “de acordo com as plantas que forem aprovadas
pela Prefeitura”.
A platibanda é uma mureta
construída no alto da fachada para proteger ou camuflar o telhado, com efeito
estético. E prático também, porque impede a água de cair diretamente do alto
sobre o chão, atingindo passeantes, ao forçar a canalização a partir do teto.
O remodelamento foi
imposto de forma drástica e sem a possibilidade de questionamentos também aos
proprietários de serrarias, usinas de beneficiamento e estabelecimentos de construção
situados desde a parte do trapiche até o bairro da Prainha. Eles tiveram apenas
um prazo maior para providenciarem a mudança, de 120 dias.
Já os donos da usina de
beneficiamento de arroz e algodão situada na Praça Rodrigues dos Santos teriam
180 dias para reformar esse prédio, “substituindo os barracões existentes por
armazéns de material e em colocação paralela ao rio Tapajós”.
O quinto e último artigo
do decreto era ainda mais draconiano: se os proprietários não cumprissem as
ordens dadas, a prefeitura “se reserva o direito de mandar executar o serviço
que se fizer mister, por conta do transgressor, de quem serão cobradas
judicialmente as despesas decorrentes da construção ou mudança que se operar”.
E ponto final.
Texto:
Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto
Colaboração:
Fragmentos de Belém
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