PELOS POVOS DA FLORESTA
Com documentário, a francesa Céline Cousteau quer
chamar a atenção para o sofrimento de tribos da Amazônia
O gosto por desvendar os
mistérios da natureza e abraçar causas ambientalistas parece estar gravado no
seu DNA. A francesa Céline Cousteau, 42 anos, é neta do pesquisador e
documentarista Jacques Cousteau, famoso por suas expedições, que resultaram em
produções para o cinema e para a TV capazes de revelar ao mundo a incrível
diversidade dos mares. E foi de mãos dadas com o avô que começou a rodar o
planeta e vasculhar suas riquezas.
Aos 9 anos, fez com ele
sua primeira viagem à Amazônia, entrou em contato com índios de várias tribos e
se encantou. Embora tenha sido amor à primeira vista, Céline só voltou cerca de
25 anos depois, em 2007. Dessa vez, acompanhava o pai, Jean-Michel, que
produzia um documentário sobre os lugares visitados por Jacques Cousteau nos
anos 1980.
Formada em psicologia, com
mestrado em relações interculturais, Céline assustou-se com a devastação da
mata e a degradação de seus habitantes. Segundo ela, os 3,5 mil indios que
viviam no Vale do Javari, reserva do tamanho da Áustria, não só estavam
envolvidos em complicadas disputas de terras como adoeciam aos montes, com
surtos de malária, tuberculose, hepatite. "Apesar de encantada com a
biodiversidade do lugar, vi que eram enormes os desafios enfrentados
diariamente pelas pessoas ali."
Disposta a lutar pela
preservação da floresta e do povo que vive nela, ela resolveu usar a mesma arma
já empunhada pelo avô e, depois, pelo pai: a câmera. Assim, poderia atrair
atenção para a região e tratar suas mazelas. "Se o mundo ficar conhecendo
as maravilhas do Vale do Javari, vai se comover e ajudar seus moradores",
defende.
Hoje Céline está fazendo
Tribes on the Edge, documentário com estreia prevista para 2016, e tem visitado
com frequência a Amazônia - sempre em companhia do marido, cinegrafista da missão.
Só o filho do casal, Félix, 2 anos, não vai. "Ele viaja comigo desde os 4
meses e já foi para Taiwan, Japão, Alemanha, Peru. Mas tenho medo da
fragilidade dele diante das doenças da floresta", conta, admitindo que a
maternidade é outro estímulo para levantar a bandeira da sustentabilidade.
"Quero que meu filho
tenha a chance de conhecer índios saudáveis praticando suas tradições; que
possa desfrutar belas paisagens livres de poluição e não precise se preocupar
com química na água e na comida",
diz. Se depender do
discurso inspirador da mãe engajada, pode vir por aí mais um ambientalista da
dinastia Cousteau.
Fonte/Foto:
Isabella D’Ercole - planetasustentavel.abril.com.br
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