ÇAIRÉ ANUNCIA BOTO CAMPEÃO DO FESTIVAL NESTA SEGUNDA-FEIRA
Confronto cultural entre o Tucuxi e o cor de Rosa foi
um desfile de criatividade
Um desfile de cores,
talento, criatividade, ritmo, dança e ousadia. Assim foram as apresentações do
botos Tucuxi e Cor de Rosa realizadas na noite do último sábado, 13, durante o
Festival do Çairé 2014, em Santarém, oeste paraense. O Tucuxi foi o primeiro a
se apresentar e, em 1h47min, defendeu o tema “Çairé pra dançar”. O boto Cor de
Rosa levou 1h46 para mostrar o enredo “Puxirum na Amazônia”. Três jurados
observaram as apresentações e avaliaram 15 itens. Os envelopes com as notas
estão no comando da Polícia Militar e serão abertos na tarde de hoje, quando se
encerra oficialmente a festividade. As informações são da Agência Pará.
Tucuxi, que é o atual
campeão, usou de forma predominante as cores vermelho e amarelo em suas
fantasias e alegorias. Os mais de 600 brincantes empolgaram os turistas e
visitantes sob o ritmo do carimbó. O item Rainha do Çairé, defendido pela bela
Ana Luiza, representou a Saraipora, um dos personagens centrais da manifestação
cultural. Durante a performance, Ana Luiza trocou de roupa ao vivo e foi
bastante aplaudida pela plateia, estimada em mais de dez mil pessoas, que lotou
as arquibancadas.
Outro item, a Rainha do
Artesanato, entrou no Lago Verde carregada por uma borboleta gigante. Um dos
pontos altos da apresentação foi a encenação da sedução do Boto Homem sobre a
Cabocla do Çairé. O artista Artur Góes, responsável pela produção, foi pura
criatividade no ritual do Tucuxi. Também foi dele a ideia do “Ritual das
Saúvas”, espécie de formigueiro gigante recriado no meio do Çairódromo, de onde
saúvas saíam para encenar uma bela coreografia. Em seguida, enfrentaram o
Curandeiro, que as dominou e fez delas comidas para os deuses. “Nosso objetivo é
fazer o torcedor do Tucuxi sentir nosso enredo e ficar atento aos detalhes dos
nossos itens e de nossa história”, disse Góes.
A coordenação do boto
ficou satisfeita com a apresentação e disse estar confiante no bicampeonato.
“Fizemos uma linda apresentação. Fomos bastante aplaudidos pela plateia, que
sempre nos apoia e é um espetáculo à parte. Esperamos, sim, pelo bicampeonato e
vamos comemorar bastante”, disse Edilberto Ferreira, vice-presidente do Tucuxi.
O boto Cor de Rosa entrou
no Lago Verde com seus grupos de carimbó, abusando das cores e inovando com uma
alegoria que representava uma casa de pescador e que ficou por toda a
apresentação em frente aos jurados. Branco, preto, azul, verde e vermelho foram
as cores que estamparam as fantasias dos brincantes.
FARTURA
Um cardume entrou no lago
simbolizando a fartura da festa. O Boto Homem saiu de dentro de um muiraquitã
gigante. O puxirum foi simbolizado por uma enorme casa de palha, que se
transformou em diversos cenários do Çairé. O puxirum é o trabalho coletivo realizado
entre indígenas e caboclos. A encenação da sedução do boto aconteceu em cima da
casa de pescador e levantou a plateia. A produção artística foi assinada por
Beto Barbosa. “Nosso objetivo é levar o título e nossa apresentação mostrou que
vamos conseguir”, disse Barbosa, confiante.
O Cor de Rosa fez ainda
uma homenagem ao Mestre Verequete. Uma alegoria gigante representada por uma
canoa trazendo um pescador mostrou a importância das catraias para a vila de
Alter do Chão. Os catraieiros são os responsáveis pela travessia dos turistas
da vila para a Ilha do Amor, praia de água doce considerada uma das mais
bonitas do mundo.
Este ano, os dois botos
contaram com uma grande ajuda para profissionalizar ainda mais suas
apresentações. Eles receberam do governo do Estado galpões que servem de sede
permanente para a confecção de suas alegorias, fantasias, realização de ensaios
e oficinas, entre outras atividades. O terreno onde os galpões foram
construídos tem fácil localização - próximo ao Çairódromo, onde ocorrem as
apresentações as agremiações.
A área, no bairro Nova
União, tem cinco mil metros quadrados, sendo 1.700 m² para cada agremiação. A
estrutura possui cobertura metálica e dispõe de refeitório, cozinha, banheiros
masculino e feminino e espaço para bar. A área é toda cercada com portões de
ferro para garantir a segurança das alegorias. O investimento foi de R$ 1,5
milhão. Outros R$ 350 mil foram investidos na realização do Çairé 2014 por meio
de um convênio com a Prefeitura de Santarém, como ocorre todos os anos.
O prefeito Alexandre Von
avaliou de forma positiva a apresentação dos botos e agradeceu a ajuda que
recebe todos os anos do governo do Estado. “Estava preocupado com o horário,
mas deu tudo certo e os botos fizeram uma linda apresentação. Vai ser um
trabalho muito difícil para os jurados. Não queria estar no lugar deles. O
Çairé cresce a cada ano e os botos se superam. Este ano Alter do Chão recebe os
turistas com algumas novidades. Temos um Conselho Tutelar instalado aqui, temos
também uma nova agência, do Banpará, a primeira da vila, e ainda temos a
Unidade Integrada Pro Paz e os galpões dos botos. Tudo isso feito com ajuda do
governo do Estado, que tem sido nosso parceiro”, ressaltou Alexandre Von.
A professora Janaína
Oliveira, de 40 anos, veio de Parintins para prestigiar a festa pelo segundo
ano consecutivo e se disse encantada com as apresentações. Ela gostou do que
viu e prometeu voltar em 2015. “Já até fiz a reserva da pousada. Gostei muito
das apresentações, os dois grupos foram lindos e muito criativos, mas meu
coração é do Cor de Rosa, que vai levar o título esse ano com certeza”, disse a
turista. Alter do Chão tem seis mil habitantes e recebe, durante o festival do
Çairé, cerca de 100 mil visitantes.
Fonte/Foto:
ormnews.com.br/ Rodolfo Oliveira (Agência
Pará)
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