PEIXE ORNAMENTAL DE BELEZA RARA TEM SIDO EXPORTADO DE MANEIRA ILEGAL NA AMAZÔNIA
O hypancistrus zebra tem sido exportado de maneira
ilegal por uma rota que passa pelo Estado do Amazonas
O Amazonas está sendo
usado por traficantes internacionais de peixes ornamentais como a principal
rota para o comércio ilegal do hypancistrus zebra, espécie de peixe mais
conhecida como cascudo zebra, encontrado no rio Xingú, no Pará.
O peixe está em extinção e
a comercialização dele é proibida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Apenas um exemplar do cascudo pode
variar entre R$ 1 mil e R$ 2 mil reais, o que rende alto lucro aos traficantes
no mercado negro. Ele é muito cobiçado por criadores em vários países por ser
considerado um dos peixes cascudos mais bonitos e raros da bacia Amazônica.
Segundo o chefe de
fiscalização do Ibama, Geandro Pantoja, o Amazonas se consolidou nos últimos
anos como uma das principais rotas internacionais de tráfico de peixes sendo
cada vez mais frequentes flagrantes de pessoas transportando as espécies.
Relatos da prática ilícita, no interior e na capital, são antigos, mas foi na
última década, segundo o Ibama, que o problema se agravou no Estado.
Somente nos últimos quatro
meses, cinco mulas, pessoas que são aliciadas por traficantes e recebem
dinheiro para transportar os peixes, foram presas no aeroporto internacional de
Manaus Eduardo Gomes tentando embarcar com centenas de exemplares do
hypancistrus zebra.
O tráfico de peixes
cresceu exponencialmente, de acordo com Geandro Pantoja, porque o interesse de
comerciantes internacionais de peixes, no mercado negro, também aumentou. O
principal alvo é hypancistrus zebra e enquanto traficantes lucram milhares de
reais revendendo o peixe para o exterior, o pescador ornamental ganha menos de
R$ 2 por unidade capturada no esquema ilegal em rios da região.
Encomenda
Os traficantes recebem a
encomenda ou oferecem as espécies ao comprador e encaminham o pedido a
pescadores contratados na Amazônia. Os peixes são colocados em dois sacos
plásticos para serem transportados em malas comuns de viagem. O primeiro é
lacrado com água, além de oxigênio e um exemplar do peixe. O saco é colocado
dentro de outro que também recebe oxigênio antes de ser lacrado. O procedimento
é feito para manter o peixe vivo caso o primeiro saco plástico se rompa, seja
pela movimentação da mala ou pela pressurização do avião.
O Amazonas é estratégico
para os traficantes devido à fronteira com o Peru e Colômbia, na tríplice
fronteira. Além do tráfico de peixes ornamentais, com origem em Barcelos e São
Paulo de Olivença, no interior do Amazonas, a rota mais preocupante e usada
atualmente no esquema parte de Altamira, no Pará, tem escala em Manaus e depois
segue para Tabatinga e, finalmente, Colômbia, de onde os peixes são exportados
para o resto do mundo.
Um dos problemas, segundo
o Ibama, é que as malas com peixes passam pelo processo de embarque e chegam a
Manaus quando deveriam ser detectadas no local de origem. As mulas têm sido
flagradas cada vez mais nos aeroportos de Manaus porque têm as malas submetidas
ao aparelho de raio X e são imediatamente procuradas e detidas pelo Ibama e
Polícia Federal. O transporte aéreo é usado no tráfico de peixes pela rapidez
no deslocamento entre uma cidade e outra. Porém, existe um número indefinido de
rotas de tráfico pelos rios do Estado.
Cinco vezes neste ano
As últimas cinco
apreensões de peixes ornamentais no aeroporto internacional de Manaus Eduardo
Gomes foram de hypancistrus zebra. Todas tiveram como ponto de partida Altamira
no Pará e tinham a Colômbia como destino final. No dia 25 de junho, por
exemplo, uma mulher foi presa pela Polícia Federal com 268 hypancistrus zebra.
Ela partiu de Altamira/PA e iria para Tabatinga. A mesma história contada por
ela à polícia e ao Ibama foi contada por Leandro Rocha, na última quarta-feira.
Ele também partiu do município paraense e foi preso com 161 hypancistrus zebra.
De acordo com o agente
ambiental federal Salomão Santos, os líderes do tráfico tomam uma série de
cuidados para não aparecer. Eles abordam pessoas que atendam um perfil
especifico e preferem as que estão desempregadas e precisando de dinheiro. Elas
são informadas do conteúdo das malas, mas aceitam devido ao dinheiro que
recebem. O valor de R$ 200 ou R$ 400 é pequeno comparado ao risco de prisão.
Em números: R$ 100mil
É o valor que pode chegar
a multa aplicada a traficantes de peixes ornamentais. O valor parte de R$ 700,
conforme o artigo 35 do decreto 6.514/2008, que pune a captura de peixes em
período ou local de pesca proibida.
Fonte/Foto: Florêncio Mesquita - acritica.uol.com.br/Reprodução - Internet

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