COMUNIDADE NA INTERNET QUE REÚNE COMISSÁRIOS(AS) DE BORDO E AMANTES DA AVIAÇÃO DO MUNDO INTEIRO ENCONTRA EX AEROMOÇA QUE HOJE É ENFERMEIRA E MORA EM FARO, NA AMAZÔNIA. LEIA ENTREVISTA.




Hoje vamos conhecer a Antonella Marin de 57 anos que trabalhou na Vasp e na Transbrasil , ela mora atualmente em Faro, divisa entre Pará e Amazonas, no meio da floresta.

1 ) Como surgiu seu sonho de se tornar aeromoça ?
Você pode até achar engraçado, mas antigamente, Congonhas era um dos lugares mais chiques de SP. Era passeio obrigatório das famílias “classe média” paulistanas, tinha um terraço enorme, lindo, onde no domingo à tarde nós sentávamos para apreciar os pousos e decolagens dos aviões da Panair, Cruzeiro e Varig. Eu era criança, e ficava fascinada, os passageiros e tripulações atravessavam a pista a pé! (eu ainda fiz muito isso, aí vieram umas Kombis pra carregar a tripulação), que coisa linda aquelas meninas, de luvas, casquete, imagem da elegância, classe e beleza. É suuuper importante falar que isso meio que persiste, apesar de muitos acharem que não! Sempre que viajo, percebo nos olhos das crianças a mesma admiração que eu senti um dia... Enfim, isso ficou em mim, e quando precisei trabalhar o primeiro anuncio que caiu na minha frente foi o de que a Vasp estava em processo seletivo para seu quadro de comissárias, em setembro/outubro 1975. E lá fui eu.

2 ) Naquela época também era muito difícil ? Quantos anos você tinha quando se tornou aeromoça?
Foi super difícil. Um batalhão de testes, cultura, conhecimentos gerais, redação, inglês e outra língua (eu falo Francês e italiano, ajudou... kkk) testes físicos e psicológicos. Bem pior que vestibular. Éramos umas 500 meninas, só mulheres, sobraram 30 em um curso de 4 meses super puxado, com aulas de etiqueta, maquiagem, postura, serviço e sobrevivência. Fora os equipamentos, na época voei 727, 737 e Electra. Caramba to velha kkkkk. Quase não tenho fotos dessa época da Vasp. Anexo uma formatura de quando recebemos nossas asinhas do presidente da companhia, super chique! E a única que tenho saindo para voar, na casa de minha mãe. ( olhe os óculos na minha mão, idênticos da tua foto, a moda vai e volta)
Que delicia lembrar que eu tinha 18 anos! Ô fase boa!!

3 ) O que a aviação significou na sua vida ?
Menina, a aviação significou minha passagem de menina à mulher, a descoberta da liberdade, de uma vida mágica e encantadora, mas muito real e possível. Um trecho muito lindo do caminho da minha vida.

4 ) A Vasp foi a ultima empresa em que você trabalhou ? Porque não continuou na aviação depois do fim trágico da companhia ?
Então, na verdade eu saí da VASP em 1977 para fazer faculdade de enfermagem, que era outro sonho. Só que quando acabei a faculdade em 1980, resolvi trabalhar mais um tempinho na aviação, antes de me dedicar à minha missão (queria ir pra África, aquelas coisas bem malucas). Por fim fiquei mais quase dois anos na Transbrasil, e saí para ter meu primeiro filho... aí vieram os outros e por fim acabei voltando pra enfermagem, onde estou até hoje, aqui na região amazônica.
Que tempo bom! Quantos lugares deliciosos, quantas pessoas legais eu conheci! O friozinho na barriga ao chegar ao aeroporto, o pisar firme por aquele saguão, e depois no avião olhar a terra lá de cima, ter a certeza de ser muito, mas muito especial, são emoções que sempre ficaram no meu coração, como no de todas as verdadeiras Aerolindas!

Obrigada Antonella por compartilhar conosco um pouco de sua aventura como aeromoça , foi um prazer conhecer você Aerolinda !

Fonte/Foto: Aerolindas/Acervo pessoal

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