PRISÕES NO PARÁ SÃO IMUNDICES
As condições precárias das
casas penais do Pará - apontadas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) como as piores do País - se revelam mais críticas a cada dia.
Nesta terça-ferira (03) o deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSol) teve
acesso a uma lista feita por parentes para organizar um mutirão de limpeza em
uma penitenciária. A lista foi feita em comum acordo com a direção do Centro de
Recuperação do Pará (CRPP3), no complexo penitenciário de Americano. “Estão
repassando uma responsabilidade que é do Estado para as famílias dos presos”,
denunciou o deputado.
Apesar de inusitada, a
decisão das mulheres dos presos de atuar na limpeza das celas não chega a
surpreender. No relatório da OAB, a falta de higiene foi listada entre os mais
graves problemas dos presídios paraenses.
Integrante da Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, o deputado está acompanhando a
situação do sistema penal paraense e, ontem, propôs a criação de uma comissão
externa de parlamentares para voltar a visitar os presídios e avaliar a
situação dos presos.
Uma das maiores
preocupações é com detentos que estariam contaminados pela leptospirose, doença
transmitida pela urina de rato. A superpopulação de roedores também está entre
os problemas apontados no relatório da OAB em relação às casas penais do
Estado.
BARRIS DE PÓLVORA
Para a pastoral carcerária
no Pará, só a construção de novas casas penais poderá resolver os graves
problemas no Estado, já que há um déficit estimado em 6 mil vagas, o que
resulta em superlotação. Para minimizar os problemas mais urgentes, contudo, o
coordenador da pastoral, Ademir Silva, defende a realização de mutirões, pelas
autoridades. “A Justiça tem feito mutirões para análise das penas, o que é um
esforço louvável, mas é preciso fazer também ações emergenciais de limpeza”.
Para o coordenador da
pastoral, é preciso redefinir o papel das casas penais, criando espaços de
ressocialização que permitam aos internos acesso a trabalho e educação. “É
preciso construir casas penais em um padrão mais humanizado. As que temos hoje
são fruto de um sistema penal que estava mais preocupado com a privação de
liberdade que com a ressocialização”, diz, alertando que a situação atual torna
os presídios paraenses verdadeiros “barris de pólvora” prestes a explodir a
qualquer momento.
DESCULPA
Por meio de nota enviada,
a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) garante que
nunca cobrou que as esposas dos internos realizassem a limpeza e manutenção das
celas do Centro de Recuperação Pará III (CRPP III), no Complexo Penitenciário
de Santa Izabel.
Segundo a Susipe, a ideia
da limpeza foi proposta pelas mulheres “por livre e espontânea vontade”, o que
foi aceito pela direção da unidade prisional e formalizado no documento
“Compromisso das Visitantes com a Casa Penal”, assinado por elas. A Susipe diz
ainda que a limpeza, manutenção e conservação das celas é um dever do preso, de
acordo com a Lei de Execução Penal.
Fonte/Foto: Diário
do Pará/Paula Lourinho – ASCOM – OAB PA


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