AMAZONAS: JOVENS SEM TÍTULO DE ELEITOR RENUNCIAM AO DIREITO DE VOTAR
De um total de 162 mil adolescentes entre 16 e 17 anos
de idade, 123,3 mil ainda não fizeram o cadastro na Justiça Eleitoral. Falta de
interesse é um dos motivos
Luiz Felipe Cruz, de 16
anos, ainda não tirou o Título de Eleitor. “Não quero (votar). Não gosto e nem
acompanho a política. Só vou tirar o título porque meu pai quer que eu tire,
mas não faço questão de votar”, explica o jovem. Luiz está entre os 76% dos
jovens amazonenses, de 16 e 17 anos – que têm direito de votar, mas que não são
obrigados, que ainda não tiraram o documento, indispensável para quem quiser
participar do processo de escolha dos representantes políticos.
Dos 162 mil jovens que têm
entre 16 e 17 anos no Amazonas, apenas 39 mil possuem o título de eleitor.
Outros 123,3 mil não tiraram a cédula. O levantamento foi feito a partir do
cruzamento de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/2012)
com a estatística do eleitorado nessa faixa de idade disponível no site do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – www.tse.jus.br, que tem informações
atualizadas até março deste ano. A PNAD informa a quantidade de jovens na faixa
etária do voto facultativo hoje, que tinham 14 e 15 anos em 2012, quando a
pesquisa foi realizada.
Entre as justificativas de
Luiz Felipe para a falta de interesse na política está o fato dele acreditar
que um voto isolado não faz diferença no resultado das eleições. O raciocínio
de Luiz é acompanhado por uma grande parcela da população. Pesquisa da
Confederação Nacional do Transporte (CNT) do mês de abril revela que 58,8% da
população têm pouco ou nenhum interesse na disputa presidencial deste ano, quando
além do presidente da República serão escolhidos os governadores dos Estados,
senadores e deputados.
Na sexta-feira, o Tribunal
Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) ampliou o horário dos postos de
atendimento, que passam a funcionar das 7h às 19h, para a emissão e
regularização dos títulos, com o objetivo de assegurar ao cidadão o direito e
dever do voto. Quem quiser tirar o título ou pedir transferência tem até a
quarta-feira, dia 7, para fazer a regularização ou inscrição eleitoral. Já
aqueles forem emitir a segunda via do documento têm até o dia 24 de setembro
para fazer a solicitação.
Além da Central de
Atendimento ao Eleitor (CATE), ao lado do prédio do TRE-AM, no Aleixo, os
eleitores podem procurar atendimento em mais quatro pontos: no Centro
Educacional Elisa Bessa, na Zona Leste, na avenida Itaúba, Jorge Teixeira,
próximo à Feira do Produtor; no Centro Estadual de Convivência do Idoso do
bairro Aparecida, na rua Wilkens de Matos; no Centro de Convivência da Família
Magdalena Arce Daou, no bairro Santo Antônio, na Zona Oeste; e no Centro
Estadual de Convivência da Família Padre Pedro Vignola, no bairro Cidade Nova.
Ministro defende livre escolha
O voto é facultativo (não
obrigatório) para jovens de 16 e 17 anos, para idosos acima dos 70 anos e para
analfabetos. Já os eleitores que são obrigados a votar e não comparecerem às
urnas por três eleições consecutivas – cada turno é considerado uma eleição –
podem ter o título cancelado. Sem o documento, o cidadão fica impedido, por
exemplo, de fazer empréstimos em instituições financeiras governamentais; tirar
passaporte e tomar posse em cargo público, caso seja aprovado em concurso.
No mês passado, o
presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, defendeu publicamente o voto
facultativo para todo cidadão. Segundo ele, o eleitor não pode continuar sendo
“tutelado”, ou seja, não pode continuar sendo obrigado a votar quando na
verdade esse é um direito.
“A escolha dos
representantes se faz considerando o exercício de um direito, o direito de
escolher seus representantes. Eu penso que vamos chegar ao dia em que
deliberaremos a respeito do voto obrigatório afastando-o”, disse em entrevista
à TV Justiça. Para ele a obrigatoriedade do eleitor ir à urna “psicologicamente
não é bom”.
Estudante protagoniza
mudança
Os jovens de 15 anos que
completarão 16 anos até o dia 5 de outubro deste ano, data do primeiro turno
das próximas eleições, também podem tirar a primeira via do seu título de
eleitor até a próxima quarta-feira.
A garantia da emissão do
titulo para jovens nessas condições – prevista no artigo 14 da Constituição –
foi dada pelo TSE em 1994 por iniciativa da estudante Renata Cristina Rabelo
Gomes, então com 15 anos de idade, que provocou o tribunal para o cumprimento
da regra constitucional.
Renata solicitou a emissão
de seu primeiro título a um cartório eleitoral em Vitória, no Espírito Santo,
mas o cartório negou por conta da idade da estudante.
Inconformada com a
decisão, ela enviou uma carta ao então presidente do TSE, ministro Sepúlveda
Pertence, dizendo: “Nascida em 30/09/1978, já terei completado, naquela data (3
de outubro de 1994, dia da eleição), os 16 anos e o direito, creio eu,
assegurado pela Constituição, ao voto”, argumentou a jovem. A corte reviu o
entendimento e o documento foi entregue à Renata no início de agosto de 1994, e
motivou uma campanha para incentivar os jovens nessa faixa etária a votar.
Fonte/Foto:
Luciano Falbo – acrítica.uol.com.br/Antonio Lima
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