ACONTECE EM BELÉM-PA: VÍTIMA DE VIOLÊNCIA POLICIAL CONTINUA DESAPARECIDA

Neste sábado (3)  completa três dias que o vídeo que mostra três policiais militares agredindo um “flanelinha”, publicado na internet, ganhou ampla repercussão na sociedade e despertou, inclusive, a inquietação do Ministério Público Militar, que passou a investigar o caso. A vítima, até então, não teve a identidade confirmada nem se sabe o que foi feito com ela. Sabe-se apenas, pelas imagens, que o rapaz levou diversos tapas no rosto, na cabeça e foi jogado dentro da viatura 0212 da PMPA e, em seguida, apanhou de cassetete.
Toda a agressão aconteceu em plena luz do dia, na rua Henrique Gurjão, bairro do Reduto. O promotor de Justiça Militar Armando Brasil, (foto) que atua no caso, irá solicitar o mapeamento da rota feita pela viatura, a fim de comparar com o depoimento dos policiais. Para o promotor o desparecimento do rapaz lembra veemente o caso do pedreiro Amarildo, que desapareceu após ter sido levado numa viatura por policiais, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu no ano passado.
Armando Brasil afirmou ter recebido contato dos familiares da vítima, que o informaram que o rapaz ainda não apareceu. Ontem, ele anunciou que irá pedir do GPS da viatura 0212. O objetivo é comparar a rota feita pelo veículo com o depoimento dos policiais militares. O promotor pretende ingressar com uma ação penal contra os soldados, mas antes vai avaliar por quais crimes eles deverão responder.
De acordo com a Polícia Militar, os soldados envolvidos neste episódio foram afastados das suas atividades e a corregedoria abriu um inquérito para apurar o caso. A identidade deles não foi divulgada, segundo a corporação, para não atrapalhar nas investigações.
A Polícia Civil também investiga o caso, por meio da Delegacia de Crimes Funcionais (Decrif) e apoio da Corregedoria da PM. Ontem, as duas instituições se reuniram com Armando. “A reunião ocorreu pela manhã com a corregedoria da Polícia Militar, que junto com a Delegacia de Crimes Funcionais da Polícia Civil (Decrif) está bastante empenhada em solucionar o caso e encontrar este rapaz. Testemunhas já estão sendo ouvidas”, detalhou.
Ontem à tarde, uma equipe da Decrif esteve na rua Henrique Gurjão para levantar mais informações. Até o fim da noite não tinham informações sobre o paradeiro do rapaz agredido pelos policiais.
REPERCUSSÃO
O vídeo ganhou grande repercussão nos últimos dias. As imagens indicam o crime de lesão corporal e abuso de autoridade. Para a população, a ação truculenta dos policiais é reprovada, já que fica evidente o despreparo de quem deve, em tese, promover a segurança.
“O que se espera da policia é que eles ajam no rigor da lei. Se apreendem alguém, que os procedimentos de abordagem sejam legais e que a pessoa seja encaminhada para uma delegacia”, disse Jean Silva, 25 anos, designer.
A situação faz com que as pessoas percam a confiança na polícia. “Sei que nem todos os policiais são assim. Até acho que esses despreparados são minoria na polícia, mas fica difícil confiar. Esse exemplo pode fazer com que a população generalize e pense que todo policial é assim, truculento e violento”, opina Selma Lins, engenheira.
Para muitos, a ação dos policias reflete muito bem a crise por qual passa a segurança pública do Estado. “É um despreparo dos policiais, é verdade, mas isso indica muito bem que a nossa polícia age assim por causa do descaso com a segurança”, conclui Kleberson Alves, 35 anos, advogado.

Fonte/Foto: Diário do Pará/Divulgação

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