TURISMO COM BOTOS ESTÁ PRÓXIMO DA REGULAMENTAÇÃO NO AMAZONAS
Boto está ameaçado de extinção; visitação e observação
do animal é um dos atrativos do Estado
Da família dos golfinhos e
conhecidos como dóceis e brincalhões. Assim são os botos da Amazônia que em cidades
como Novo Airão (a 115 quilômetros de distância de Manaus) são uma das
principais atrações turísticas. Os animais interagem com turistas no ambiente
natural dos rios, mas ainda inexiste legislação específica que estabeleça
regras de segurança a visitantes e botos, para garantir a preservação do
mamífero aquático.
A Secretaria de Estado do
Meio Ambiente (SDS) do Amazonas quer mudar essa situação. Na próxima reunião do
Conselho Estadual de Meio Ambiente, em novembro, a SDS vai apresentar uma
resolução com normas de convívio. “Hoje, infelizmente, não temos nenhuma
regulamentação, o que traz certa insegurança jurídica à atividade e insegurança
aos próprios animais. Nós esperamos que, com essa regulamentação, se consiga
fortalecer não só a proteção da espécie, mas também o turismo”, disse a titular
da SDS, Camila Amaral.
Entre as normas da
resolução estão delimitação da quantidade de alimento dada aos animais. Cada
boto será alimentado com até dois quilos de peixe fresco, para que continuem
com capacidade de procurar comida em seu habitat natural.
A resolução também deve
abranger o contato do turista com os animais. A coordenadora do Parque Nacional
de Anavilhanas (em Novo Airão), Priscila Santos, contou que era comum frequentadores
alimentar e até nadar com os botos, práticas não recomendadas. A realidade
mudou há três anos quando o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) - responsável pela administração de parque, em parceria
com a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro - iniciou um processo de conscientização e
ordenamento da atividade com o estabelecimento de algumas regras, que foram
incorporadas à resolução que será analisada.
"Enquanto essa
atividade não é organizada em nível federal, é importante que se tenha
normativa [estadual], até porque tem surgindo outros empreendimentos no Rio
Negro. Mesmo que Anavilhanas precise de uma legislação federal, é importante
que falemos a mesma língua”, avaliou Priscila.
Os visitantes são
proibidos de alimentar os bichos e podem tocar em locais específicos do corpo
dos animais, como embaixo do bico. Aqueles que quiserem podem entrar na água,
onde existe uma plataforma instalada, mas não são autorizados a nadar com os
animais, sendo a interação feita de forma passiva.
Boto-vermelho
Conhecido como boto-cinza,
boto-vermelho e boto-rosa, o animal tem apenas um nome verdadeiro, segundo
bióloga e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa),
Vera Maria Ferreira da Silva. “Só existe um boto: o vermelho”, garantiu Vera,
que é coordenadora do projeto Boto, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
(RDS) Mamirauá.
De acordo com a bióloga
especialista em mamíferos aquáticos da Amazônia, o animal muda de cor conforme
cresce. “O boto nasce cinza e depois de crescido fica vermelho. Alguns dizem
que é rosa, mas é predominantemente vermelho. Portanto, só existe uma espécie
de boto, o boto-vermelho”.
O boto-vermelho é
facilmente confundido com o tucuxi, outra espécie de mamífero da família do
golfinho. “O boto-vermelho é um golfinho com características fluviais,
totalmente ‘projetado’ para viver em floresta alagada. Já o tucuxi é um
golfinho com características marinhas, mas que vive em água doce. Fisicamente
são praticamente iguais”, explicou a cientista que foi uma das fundadoras da
Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), no Inpa.
Fonte/Foto: Portal
Amazônia/Leo Albuquerque
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