PT NO PARÁ: MILITÂNCIA ELEGERÁ NOVOS DIRIGENTES HOJE
Trinta e um mil filiados ao Partido dos Trabalhadores
no Pará devem comparecer hoje aos locais de votação para escolher os novos
dirigentes do PT no Estado. A eleição acontece em 130 dos 144 municípios e só
na capital, Belém, serão cerca de seis mil eleitores e 19 locais de votação.
A eleição é complexa. Os
filiados devem escolher os presidentes nacional, estadual e municipal do
partido, além dos demais dirigentes de todos os diretórios. Em Belém, serão
escolhidos também os responsáveis pelas chamadas zonais, espécie de subsecções
do partido em sete distritos da cidade. A votação é manual, mas o atual
presidente do PT no Pará, João Batista Silva, espera que o resultado seja
divulgado ainda na madrugada desta segunda-feira.
Cinco candidatos concorrem
à presidência estadual do PT, o que torna esta a eleição mais disputada da
história da legenda no Estado.
Três dos candidatos fazem
parte do antigo campo Majoritário, grupo hoje chamado Construindo um Novo
Brasil (CNB), que é o mais alinhado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marcos Oliveira, da Unidade na Luta, tem como principal cabo eleitoral o
ex-deputado federal Paulo Rocha. O deputado Milton Zimmer é o candidato da
Articulação Socialista (AS), tendência que tem entre as principais lideranças no
Pará o deputado federal Beto Faro e o deputado estadual Carlos Bordalo. A
Unidade na Luta aposta no deputado federal Zé Geraldo. Essa tendência reúne
nomes como Valdir Ganzer.
A oposição aos candidatos
que, embora de tendências diferentes, compõem o CNB, é feita pela Democracia
Socialista (DS), cujo candidato é o deputado federal Cláudio Puty. Entre as
lideranças da DS está a ex-governadora Ana Júlia Carepa.
Entre esses grupos
transita Bira Rodrigues, do chamado Movimento PT, que também tem relações nacionais
com a CNB, mas no Pará, tem boas relações com o grupo de Puty. Bira fez a
campanha mais discreta e é apontado pelos analistas como o que tem menos
chances de chegar à presidência. Os três favoritos são os candidatos mais
próximos do ex-presidente Lula, mas como o voto é secreto, o resultado é
imprevisível. O deputado Puty, por exemplo, espera angariar votos entre os
filiados mais à esquerda da legenda, mesmo entre aqueles que oficialmente fazem
parte de outras tendências.
A campanha para as
eleições internas no PT consumiram cerca de dois meses e levaram os candidatos
a viajar todo o Estado. Para chegar à presidência do partido, é necessário
conquistar 50% mais um voto. Com um número de chapas tão alto, o mais provável
é que a disputa seja levada ao segundo turno, que nesse caso, será no último
domingo de novembro.
Apesar do grande número de
chapas, que indica uma fragmentação dos grupos, o atual presidente diz que o
processo fortalece a legenda. “O PT é o único partido que faz o dever de casa.
Estamos aplicando internamente o que defendemos em termos de reforma política.
Há o debate de ideias e isso mostra que há muitas lideranças fortes”.
Eleições definirão os cenários para 2014
O próximo presidente do PT
terá a árdua missão de conduzir a legenda na disputa eleitoral do ano que vem.
Apesar do esforço de boa parte das lideranças petistas para separar as eleições
internas da discussão em torno da estratégia eleitoral para 2014, o assunto
acabou dominando os debates.
Cláudio Puty focou boa
parte da campanha na defesa da candidatura própria do PT ao governo do Estado.
Defende que as possíveis alianças fiquem apenas para o segundo turno. “Será um
prejuízo enorme para o Estado e para o PT se não tivermos candidato [ao
governo]”, diz.
Bira Rodrigues chegou a
defender a candidatura própria, mas participou de poucos debates. As lideranças
ligadas ao grupo CNB, contudo, defendem uma coalizão ampla já no primeiro turno
com objetivo de tentar garantir ao ex-deputado Paulo Rocha a única vaga ao
Senado que estará em disputa no ano que vem. Outra prioridade é derrotar o
governo tucano de Simão Jatene, que deve concorrer à reeleição e ajudar a
renovar o mandato da presidente Dilma Rousseff. “Temos que dialogar com os
aliados para ser capazes de fazer o embate político com o governo. Precisamos
de uma coalizão capaz de disputar e vencer as eleições. Por isso nossa aliança
prioritária é com o PMDB. O PT está disposto a abrir mão da cabeça de chapa
para o PMDB e eu seria o candidato ao Senado”, diz Paulo Rocha expressando uma
estratégia que estaria sendo definida pelo próprio ex-presidente Lula.
O deputado Zé Geraldo diz
que prefere não misturar a discussão da estratégia eleitoral com a disputa
interna. Geraldo explica que centrou a campanha na organização do PT no Estado.
A ideia, segundo ele, é fechar a tática para 2014 no encontro estadual extraordinário
que pode ser realizado ainda neste ano. O deputado afirma, porém, que pretende
analisar o cenário e também defende uma frente ampla que ajude a eleger Paulo
Rocha ao Senado.
Carlos Bordalo também
defende aliança ampla desde o primeiro turno. “A espinha dorsal da aliança
nacional é PT e PMDB e nossa tese é claramente da ampliação das forças de
oposição para superar esse período extremamente negativo do PT”.Ao escolherem
hoje o próximo presidente, os filiados podem estar também enviando uma mensagem
sobre qual a estratégia eleitoral defendem.
Fonte: DOL
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