JOÃO SALAME: VOZ É MESMO DE ARMANDO

O prefeito de Marabá, João Salame, garante que a voz com quem ele mantém diálogo de dez minutos e 40 segundos em uma gravação - que trata de pagamento de propina a juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em troca de votos favoráveis para evitar cassação de mandatos-, é mesmo do ex-prefeito de Marituba e ex-deputado do PSDB, Antonio Armando Amaral de Castro. “Estou tranquilo. É dele sim, a voz, e eu quero que seja feita perícia na gravação para confirmar isso. Estou disposto a me submeter a qualquer teste de voz e quero que o Antonio Armando também faça o mesmo, porque ficará comprovado que as vozes são minha e dele”, declarou Salame em entrevista ao Diário.
De acordo com Salame, empenhado em reaver no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o mandato dele, cassado na última terça-feira por 3 votos a 2 pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), qualquer pessoa que conheça e tenha falado com Antonio Armando irá reconhecer a voz dele na gravação e qualquer perícia que for feita constatará isso. Em entrevista a um jornal de Belém, o ex-deputado negou que a voz seja dele.
Salame revelou que, além da gravação do áudio da conversa, entregue ao presidente do TRE, desembargador Leonardo Tavares, e que redundou na investigação aberta pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal, existe outra gravação, em vídeo, onde aparecem Antonio Armando e um homem de prenome Francisco, que seria marido da juíza Ezilda Mutran Pastana, entrando no prédio em que se localiza o apartamento de Salame, em Belém. A imagem é boa e, para o prefeito, dá para “identificar perfeitamente os dois”.
Outras provas que ele diz ter serão entregues no decorrer na investigação federal. O MPF e a PF chegaram a pedir que Salame evitasse prestar declarações à imprensa sobre o caso, para não prejudicar a apuração, mas o prefeito alega que não pôde evitar isso depois que a divulgação de pequenos trechos da conversa ganharam ampla repercussão na opinião pública, inclusive entre magistrados do TRE, advogados, promotores e pessoas comuns.
No primeiro trecho da gravação, Antonio Armando alardeia suposta doação de um carro à juíza Ezilda Pastana. Diz que o veículo, um Porsche, foi adquirido por uma empresa dele, e que depois passou a propriedade para o nome de Ezilda Mutran Pastana. Ele também se gaba de ter poder e influência junto ao governador Simão Jatene, a ponto de reivindicar para si a nomeação de Francisco, marido da juíza, no cargo de “assessor” de Jatene, lotando-o na Casa Civil do governo. “Como é que eu não tenho prestígio ?”, fulmina.
Beijo
Entre o riso e o deboche, o ex-deputado conta como conseguiu “salvar” o mandato do prefeito de Belém, Duciomar Costa, cujo processo de cassação tramitava no TRE. Armando relata como fez para a juíza mudar o voto dela – antes favorável e depois contrário à cassação -, afirmando ter entregue, depois de acerto com Duciomar, R$ 300 mil a Francisco, marido de Ezilda, para que ele entregasse o dinheiro a ela.
Por esse valor, sustenta Armando, a juíza garantiria o voto dela e também o da juíza Eva do Amaral, além de outro juiz cujo nome não revela. Pelo suposto trabalho, Armando teria sido “beijado por Duciomar”, depois que o julgamento confirmou o então prefeito de Belém no cargo. Ironiza que o voto de Ezilda teve “inspiração divina”.
Ainda no processo de Duciomar, Armando afirma na gravação que teria dado, por intermédio do advogado Sábato Rosseti – o que o advogado repudia com veemência, tachando de “mentirosa” a declaração do ex-deputado-, R$ 500 mil a um juiz federal, citado apenas como Rui. Em nota, a Justiça Federal, nega com veemência e prova, com certidão de nomeação do TRF-1, que o juiz Rui Dias, que de fato, hoje, integra a corte do TRE, na época do julgamento de Duciomar dela não fazia parte.
Armando também diz na gravação que o desembargador Holanda (Raimundo Holanda), que integra o TRE, teria cobrado R$ 150 mil para votar a favor dele em sua manutenção na prefeitura de Marituba.
O recado teria chegado tarde. Outro candidato teria passado na frente. E aponta um vereador de Marituba como homem que levou o dinheiro para o juiz, mas pagou somente R$ 80 mil, deixando de pagar os R$ 70 mil restantes.

Fonte/Foto: Diário do Pará

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