CAPRICHOSO DEVE MAIS DE R$ 3,5 MILHÕES. CARMONA OLIVEIRA E MÁRCIA BARANDA SÃO EXPULSOS. MINISTÉRIO PÚBLICO DEVE INTERVIR
A derrota para o
Garantido, no ano do centenário de ambos, parece não ter sido o maior problema
do Caprichoso em 2013. Quinta-feira, em assembleia geral convocada pelo
presidente do Conselho Fiscal do Bumbá, o ex-presidente Ray Viana, foi
apresentado o resultado de uma auditoria que mostrou o real valor das dívidas
da agremiação: R$ 3.501.159,30. Em resumo, nas gestões dos ex-presidentes
Carmona Oliveira Filho (2005-2010) e Márcia Baranda (2011-2013), entrou mais
dinheiro e os débitos foram maiores que os declarados. Os associados, mais de
400 presentes à Assembleia Geral, decidiram expulsar os dois.
A auditoria interna foi
requerida pelo presidente atual do Caprichoso, o empresário Joilto Azedo,
eleito e empossado em setembro, e os resultados apresentados pelo ex-gerente do
Banco do Brasil em Parintins (1995-1997), o contador Jorge Édson Queiroz, e a
procuradora do Estado do Amazonas Indra Bessa. A assembleia ocorreu na Escola
de Artes do Caprichoso, Irmão Miguel de Pascalle.
O bumbá tem dívidas
trabalhistas, por deixar de pagar artistas, deve água e luz desde 2004,
alugueis, contratos de empresas de som, de iluminação e de fogos de artifícios,
entre outros. Só os foguetes, comprados da empresa Rio Copacabana Ltda.,
geraram uma dívida de R$ 380 mil e resultaram na primeira penhora de bem do
bumbá, um dos seus galpões, sob pena de vencimento imediato. A dívida inicial
era de R$ 153.869,67 e a questão está sendo julgada na 2ª Vara da Comarca de
Parintins.
Nos cinco anos à frente da
Associação, Carmona Oliveira declarou que recebeu R$ 25.637.806,48, mas, devido
à falta de documentação, a auditoria não pode comprovar se a informação é
verdadeira. Já nos três anos da gestão de Márcia Baranda, o Boi movimentou,
segundo a prestação de contas dela, R$ 22.461.030,25, mas, baseada nas notas,
contratos e demais documentações deixadas, a auditoria comprovou que o total
foi de R$ 27.916.876,56.
O consultor financeiro e
um dos responsáveis pela captação de recursos para os bumbás, André Luiz
Guimarães, foi de São Paulo a Parintins, especialmente para averiguar as
informações apontadas pela auditoria. Ele atestou a veracidade do trabalho.
No término da
apresentação, Jorge Queiros deixou claro que as prestações de contas das
administrações passadas não foram feitas com lisura e que outros débitos ainda
poderão surgir, pelo descumprimento da legislação trabalhista, previdenciária e
tributária, além de contratos desconhecidos por falta de documentos.
Expulsão
O Conselho de Ética do
Boi, formado por Socorro Lopes, Harald Dinelly e Raimundo Epafras, pediu a
expulsão de Carmona Oliveira e Márcia Baranda do quadro de sócios do
Caprichoso. A medida foi acatada pelo presidente Joilto Azedo e aceita pela
maioria dos sócios presentes. Apenas seis teriam se manifestado pela
permanência dos dois.
A segunda pauta da
Assembleia indicou e homologou novos sócios, decidiu pelo pagamento de
mensalidade por parte dos sócios atuais, criação de uma nova categoria de
sócios e prazo de indicação de novos sócios, datado para fevereiro de 2014.
Haverá nova Assembleia, ainda sem data definida.
“O Caprichoso é uma
associação e nada mais justo que apresentar a real situação do Boi. Não adianta
esconder as coisas. Precisamos que o festival de Parintins tenha transparência.
Tudo o que foi apresentado foi baseado em dados reais”, disse o presidente
Joilto Azedo.
“A falta de informações
precisas motivou a auditoria”, disse Ray Viana. A assembleia teve acesso a
cópias das principais matérias do relatório. Jorge Edson criticou a ausência de
transição administrativa, quando a nova diretoria assumiu. “Ao contrário do que
se pensava anteriormente, o Boi Caprichoso tem sido apenado constantemente
pelas fiscalizações do Ministério Público do Trabalho (MTE)”, disse.
Houve subtração de dados
das memórias de computadores, segundo constatou a auditoria, e o não
recolhimento de previdência para Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS). O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) constatou 100
saques em espécie, na boca do caixa, desde 2006. Jorge Edson lembrou que os
saques só deveriam ser feitos por cheque.
Outro lado
Em entrevista na manhã de
hoje para emissora de rádio da cidade, Carmona Oliveira Filho e Márcia Baranda
declararam não ser contra a auditoria. Os ex-presidentes anunciaram que vão
recorrer à justiça, segunda-feira (18/11), para retornarem ao quadro de
associados. Ambos dispararam contra a atual diretoria e alegaram que não
tiveram oportunidade de se defender das revelações.
Carmona lembrou que quando
foi empossado, após a gestão do ex-presidente César Oliveira, a situação era
tão ruim que ninguém queria assumir o boi. Ele, porém, preferiu não expor a
agremiação.
Joilto Azedo, em
entrevista ao blog, logo após a posse, deixou claro que não poderia assumir as
dívidas deixadas pelos ex-presidentes e que defendia a transparência nas contas
como única forma de sobrevivência e competitividade do Caprichoso.
Ministério Público
O Ministério Público
Estadual (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) devem requerer, nos
próximos dias, segundo fontes do blog, o resultado da auditoria do Caprichoso.
Recursos estaduais e federais foram entregues ao bumbá e a utilização desse
dinheiro é fiscalizado pelos dois órgãos, que podem requerer, entre outras
coisas, o ressarcimento dos cofres públicos, com a indisponibilidade dos bens
dos responsáveis pelas dívidas.
Fonte/Foto: blogmarcossantos.com.br
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