VENTOS, TEMPORAIS E ONDAS CAUSAM NAUFRÁGIOS NA REGIÃO, DIZ CAPITANIA

Pequenas embarcações são mais vulneráveis a acidentes.
Em menos de um mês, cinco naufrágios aconteceram na região.
A Capitania dos Portos de Santarém, oeste do Pará, atribui aos ventos fortes e temporais a causa dos frequentes naufrágios de pequenas embarcações que têm ocorrido na região. Em barcos de maior porte, por exemplo, seria difícil a ventania provocar um acidente, porém, só no mês de outubro, pelo menos cinco naufrágios foram registrados.
Segundo a meteorologista Gláucia Gomes, o período entre os meses de setembro e novembro é o que mais há ventos fortes na região, provocados por linhas de instabilidade que penetram na Amazônia. “Provoca exemplos severos, rajadas de ventos, trombas d’água, o que representa perigos às embarcações. Nesse período aumenta a velocidade do vento e temporais na região”, explica.
De acordo com o comandante da Capitania em Santarém, capitão José de Fátima Andrade, o tamanho reduzido dessas embarcações contribui para maior probabilidade de ocorrer um naufrágio, uma vez que até ondas provocadas por embarcações maiores podem afundar barcos pequenos, como as canoas e bajaras – esta última trata-se de uma canoa com motor acoplado.
Esses dois tipos de embarcação são frequentemente utilizados por moradores de comunidades rurais da região como meio de transporte para a travessia de uma comunidade para a outra. “São usados para transportar mercadorias, para os moradores irem comprar seu pão, seu leite, visitar pessoas”, afirmou Andrade.
Porém, este tipo de transporte não é registrado pela Capitania dos Portos, o que não permite aplicação de multas em caso de excesso de passageiros, por exemplo, nem reduziria o risco de acidentes. Segundo o comandante, o uso do colete salva vidas poderia evitar mortes em naufrágios, mas a orientação não é respeitada pelos navegantes.
"A gente faz palestra com o objetivo de evidenciar a importância do colete salvas vidas, mas sempre somos surpreendidos com pessoas que ignoram o uso desse equipamento que pode custar uma vida", alerta.
Naufrágios
No dia 4 de outubro, uma bajara, que transportava quatro pessoas, entre elas duas crianças, uma de 6 anos e outra de 3 meses, virou em frente ao Porto dos Milagres, no bairro Uruará, em Santarém. Uma família que fazia a mesma travessia foi quem prestou socorro. Todos conseguiram se salvar.
Outra pequena embarcação naufragou no dia 6 de outubro, na comunidade Aramanaí, no município de Belterra, oeste do Pará, distante aproximadamente 45 quilômetros de Santarém. Seis pessoas estavam na embarcação. Cinco delas conseguiram se salvar e um homem ficou desaparecido e foi encontrado 24 horas depois. O homem ficou à deriva, amarrado a um recipiente com combustível, o que lhe provocou queimaduras.
Uma pessoa desapareceu após naufrágio envolvendo uma bajara no dia 13 de outubro, no rio Amazonas, na região do Lago Grande, em Santarém. Os bombeiros só ficaram sabendo do naufrágio dois dias após o acidente. Cinco pessoas estavam na embarcação, sendo que quatro conseguiram se salvar após nadar até as margens do rio. Uma pessoa morreu.
Na noite do dia 15 de outubro, uma canoa com sete pessoas afundou no Lago do Maicá, em Santarém. Cinco pessoas conseguiram sobreviver, mas dois irmãos morreram.
O Corpo de Bombeiros encontrou por volta de 7h desta terça-feira (22), o corpo de Vagner dos Santos Dias de 26 anos, que havia desaparecido no Rio Moju, em Mojuí dos Campos, oeste do Pará, na tarde de domingo (20). A vítima foi encontrada boiando próximo ao galho de uma árvore, a 200 metros do local que afundou. De acordo com a família, o jovem saiu para pescar com dois amigos e o cunhado. No momento de fazer a travessia no rio, a canoa que transportava Vagner e o cunhado virou com a correnteza. Os dois estavam sem coletes salva-vidas. O cunhado conseguiu nadar até às margens do rio, mas Vagner não sabia nadar e afundou.

Fonte/Foto: G1 Santarém/Gledson Viana

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