UMA JUDIAÇÃO: MATANÇA DE BOTOS NA AMAZÔNIA
Eles estariam sendo mortos para servir de isca na
pesca de um peixe.
Em junho, Polícia Civil de Tapauá encontrou mais de 20
botos mortos.
O Ministério Público
Federal no Amazonas investiga a matança de botos. Eles estariam sendo mortos
para servir de isca na pesca de um peixe carniceiro vendido na região com o
nome de ‘douradinha’. O monitoramento de botos na Reserva de Mamirauá, a 500
quilômetros de Manaus, mostra que próximo desta área de preservação, o número
de animais diminuiu 10% ao ano.
“Hoje, o boto está sendo
morto para ser utilizado como isca. Em algumas áreas da Amazônia, em alguns
rios, ele já desapareceu”, alerta a chefe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos
do INPA Vera Silva.
A matança de botos se
intensificou nos últimos dez anos por causa do peixe piracatinga, também
conhecido como urubu-d’água, porque come carniça. Pescadores da região matam
botos e jacarés para usar como isca em armadilhas. Colocam a carne em caixas
para atrair os cardumes.
Em junho desse ano, a
Polícia Civil do município de Tapauá, no Amazonas, encontrou de uma só vez mais
de 20 botos esquartejados. Os donos do barco fugiram e ninguém foi preso. Flagrantes
como este são raros e por isso é difícil impedir a matança e punir os culpados.
A população da Amazônia
não costuma comer piracatinga. Esse peixe só passou a ter valor comercial por
causa da demanda nos países vizinhos, principalmente a Colômbia, que é o maior
comprador.
Entretanto, de acordo com
biólogos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o peixe carniceiro
estaria também sendo vendido no Brasil, com o nome fantasia de “douradinha”.
OMinistério Público Federal instaurou um inquérito civil para apurar a
situação.
O procurador da República
Rafael Rocha considera o caso gravíssimo. “Considero gravíssimo. Porque além
das pesquisas em relação à taxa de mortalidade, tem as notícias recorrentes de
que são encontradas carcaças de botos.”
O boto é o único golfinho
que vive em água doce e, como seus primos do mar, usa um sistema de
ecolocalização, um sonar. É assim que ele consegue caçar nas águas escuras da
Amazônia. Um boto vive cerca de 40 anos, mas tem uma taxa reprodutiva baixa. A
fêmea engravida poucas vezes, tem apenas um filhote em cada gestação e cuida
dele por quase quatro anos. Esse é um dos motivos para a espécie ser tão
vulnerável a qualquer ameaça.
“São completamente dóceis
e apenas curiosos. Biologicamente, é uma espécie que carrega no seu componente
genético 30 milhões de anos de evolução, que só existe nos rios da Amazônia”,
fala Sannie Brum, bióloga do Instituto Piagaçu.
Fonte/Foto: marsemfim.com.br/acrítica.uol.com.br
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