MANAUS DE ANTIGAMENTE: TERRA DE INTRIGAS E FUTRICAS - PARTE II
Sumiço de jornais
Ninguém sabe ninguém viu,
dizia o povo de então, porque os jornais “A Pátria” e “Manáos” deixaram de
circular. Muito menos a razão pela qual os jornalistas Carlos Chauvin e
Demétrio Oliveira passaram alguns dias escondidos na Capitania dos Portos até
que o comendador Cláudio Mesquita por lá chegasse para levá-los consigo.
Espero que o caro leitor
não faça juízo apressado atribuindo a Silvério esta imensa confusão. Não foi
ele que mandou empastelar os dois jornais. Foi outro governador, o Ramalho, por
não gostar de oposição que não servia pra “nada”, só para revelar podridão.
O Euclides Nazareth dono
do jornal “A Federação” sofreu coisa pior. Instalado em casa alugada com toda a
oficina, mandava o malho todos os dias em ferrenha perseguição ao governo de
plantão. Mas este era mais democrático e adotou solução que ninguém pôde
reclamar. Mandou comprar a dita casa e no mesmo dia obteve um mandado judicial
de despejo.
Sem que o Nazareth
esperasse, lá chegou o oficial de justiça cercado pela polícia botando tudo na
rua numa espécie de expulsão. E para não restar dúvidas aproveitou os soldados
e empastelou o jornal, quebrando peça por peça para não ter arrumação.
Tempos depois o coitado do
Nazareth foi pedir ao juiz certa indenização, mas a resposta recebida foi “não
dá, não tem motivo, já passou tempo demais, pode guardar a razão... e o que
deve fazer é orar, orar, orar em festa de São João”.
Incêndio sem tamanho
Um dia, antes de a noite
passar, teve coisa quase igual, que se transformou em grande clarão chamando
atenção de muita gente que corria com lata, latinha e latão para apagar o fogo
que ganhava grande proporção. Foi um incêndio daqueles que nunca se tinha
visto. Era o jornal “Quo Vadis?” derretendo sem cessar.
E quanto mais baldes
chegavam, mais as labaredas subiam. O que depois disseram em cada esquina de
rua, sem esconder a verdade, é que cada lata jogada continha mais gasolina de
toda aquela que sobrara da primeira tacada. Essa não foi do Silvério, nem dos
amigos de Ribeiro, o Pensador, mas Silvério estava no meio para aprender a
lição.
Verdade ou mentira eu não
sei, mas o que o povo dizia em cada conversação, merece respeito e memória e
fica no coração como as coisas do passado para não se perder a história.
* ROBÉRIO BRAGA, especial para A CRÍTICA
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