EM MANAUS, DIALETOS DO 'AMAZONÊS' REVELAM DIVERSIDADE CULTURAL DA REGIÃO

Em outubro de 2012, Sérgio Freire lançou a 2ª edição do livro Amazonês
Índios, portugueses e nordestinos influenciaram formação da linguagem.
Ralhar, leso, bodozal, triscar e ralhava estão entre as expressões regionais.
"Comeu jaraqui, não sai mais daqui". Quem nunca ouviu ou falou essa frase para alguém em Manaus? A poucos dias do aniversário de 344 anos da cidade, o G1 lista algumas palavras e frases que caracterizam o que muitos chamam de "amazonês", o modo de falar na região.
O cantor Nicolas Junior brinca com o modo de falar do amazonense usando palavras típicas do cotidiano caboclo nas canções que compõe. Um exemplo é a música "Amazonês", que incorpora termos como maninha, leso, triscar e ralhava. As expressões revelam a cultura do estado.
O  modo de se expressar do amazonense também invadiu as redes sociais e o cenário humorístico de Manaus. No Facebook, a comunidade "Eu falo amazonês" ultrapassou 60 mil curtidas. No início deste ano, o humorista Abdias teve mais de 900 mil visualizações em um vídeo postado no Youtube, com uma paródia em versão cabocla, do sucesso 'Gangnam Style', do coreano Psy.
Para o comediante, a inserção do linguajar local nas apresentações, valoriza a cultura, além de aproximar o público. "Por vezes costumam dizer que imitamos o que vem de fora e, por isso, decidi imitar a nossa gente. Aliás, não imito ninguém, porque faço parte desse povo. Assumo o papel do "cabucão" e sinto que as pessoas têm gostado. Há maior proximidade, porque nos entendemos; está no sangue", disse Abdias.
De acordo com Sérgio Freire, doutor em linguística, a linguagem amazonense tem três influências: a nordestina, a indígena e a portuguesa. Esta última é herança dos colonizadores europeus que chegaram ao Amazonas na primeira metade do século 16.
"Temos a herança fonológica, dos sons do português de Portugal, por isso que chiamos ao puxarmos o s. Também recebemos influência dos nordestinos, que vieram para cá como soldados da borracha na década de 40. E, por fim, a influência muito grande da linguagem indígena com suas expressões. Nossa matriz oral vem daí, em maior ou menor grau", explicou.
Em 2012, Freire lançou a segunda edição de livro "Amazonês", com expressões regionais. Confira alguns termos usados na obra literária:
Aperrear; aporrinhar: chatear;
Até o tucupi: até o máximo possível;
Banzeiro: pequena onda que se forma nos rios amazônicos por causa do movimento dos Barcos semelhante à onda do mar;
Cortar: falar mal de alguém;
Curumim: garoto, menino;
Eita pau!/ eita porra!: expressão de espanto, admiração;
Leseira baré: "abestalhamento" momentâneo;
Requenguelo: meio destruído, decadente, malvestido, sujo;
Se mancar: se tocar;
Taberna: vendinha;
Tacacá: mingau quase líquido de goma de tapioca temperado com tucupi, jambu, camarão e pimenta;
Uarini: farinha amarela de grãos grandes.

Fonte/Foto: Roseane Couto – g1.globo.com/Arquivo Pessoal

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