ENCANTOS DAS RIBANCEIRAS


(...) Galhos disformes e pontiagudos vão enforquilhando touceiras viçosas de bromélias formando um lindo jardim suspenso e oferecendo um desabrochar constante com o seu multicolorido e com aromas envolventes.
Ervas marcam suas presenças entre lascas, rompendo o âmago em decomposição ao longo dos tempos, sobressaindo-se múltiplas formas de vida que palmilham a magnitude do solo num palpitar em cadência sem parar, rompendo o silêncio que reina na grande floresta.
Entre o barro vermelho e a areia em formação, escorrem minúsculas gotículas de águas. As lágrimas de minúsculas fontes saem coloridas; e, quando o Sol as beija, prevalece o tom esverdeado e azul-petróleo, que vai abrindo passagem entre talos cravados no solo úmido e raízes do rasteiro capim bico-de-pato.
Nas enseadas da folha de rosto das ribanceiras, encontram-se árvores deitadas no solo, encharcadas e tomadas pelo lodo, palmilhadas em suas grossas cascas por pequenos pés de cogumelos nativos, em cores diversas; um verdadeiro recinto de milhares de borboletas amarelas que passam horas a desfilar em voos rasantes na pista de seu tronco-aeroporto, encravado a céu aberto.

Trechos do livro “Encantos de Nhamundá”, págs. 47, 48 e 50.

Autor: Lison Costa


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