ORIXIMINÁ-PA ESTÁ NA ROTA DO TRÁFICO DE PESSOAS

O município de Oriximiná, na região oeste do Pará, tem se transformado na mais recente rota para o tráfico de pessoas no Pará. A fragilidade de fiscalização na fronteira com o Suriname e o aperto policial a outras rotas mais conhecidas, facilitaram a inclusão do município no mapa do tráfico de pessoas voltado para a exploração sexual e o trabalho escravo. A denúncia foi feita pelo deputado estadual Carlos Bordalo durante a audiência pública convocada na Assembleia Legislativa para discutir o tráfico de pessoas ontem pela manhã. Segundo ele, o Pará possui vários trechos de fronteira de difícil fiscalização. Além de Oriximiná, Breves e Bragança também tem sido palco de ações de aliciamento de pessoas.
Houve ênfase à impunidade que ainda protege criminosos. Carlos Bordalo destacou o nome de Ronildo Borges, o Batata. Acusado de aliciamento de crianças e adolescentes para um esquema envolvendo escolinhas de futebol em Marabá para o sudeste do país, Batata está foragido. Em Bragança, o comando do aliciamento de pessoas é feito por um traficante conhecido por ‘Pororoca’. O detalhe é que ‘Pororoca’ comanda as ações detrás das grades, e é um dos poucos que estão presos.
“Precisamos de mais respostas do poder público em relação aos casos levantados”, disse a coordenadora do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) -Emaús, Celina Hamoy. “Se as rotas são conhecidas, se sabemos quem são as pessoas, onde funcionam os pontos de exploração, por que não conseguimos acabar com isso?”, questionou.
O tráfico de pessoas movimenta mais de 30 bilhões de dólares no mundo inteiro. O Brasil está entre os dez países que encabeçam a lista do tráfico de pessoas. O país contabilizou aproximadamente 1.500 vítimas nos últimos seis anos, sendo que 70% dos casos são de exploração sexual. Pará, São Paulo, Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro são os principais estados das 520 rotas de atuação das redes criminosas no Brasil.
No Pará há peculiaridades diferentes. Em relação aos homens, o aliciamento é para o trabalho escravo no campo e a exploração no garimpo. Entre as mulheres, o sexo é a principal causa. Já entre as crianças, há o trabalho escravo e a prostituição. A audiência teve participação de deputados federais ligados à CPI que investiga o tráfico de pessoas no Brasil, entre os anos de 2003 a 2011. O Pará registrou 13 casos em 2011; em 2012 foram 12; e 18 este ano.

Fonte: Diário do Pará/Arquivo

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