A SINFONIA DOS PÁSSAROS DO ALTO NHAMUNDÁ


(...) A sinfonia dos pássaros... Os mormaços das manhãs de setembro beijam as águas cristalinas azul-escuras do meu rio Nhamundá; em sua passagem, abraçam e encorpam a floresta exuberantemente fincada na extensa enseada sinuosa que se perde no horizonte. As flores púrpuras resplandecentes da vitória-régia sinalizam rumos de névoas soprando rumo ao sudeste, indo ao encontro das massas frias vindas da Linha do Equador.
Longo são os galhos e ramos – altíssimos e entrelaçados por extensos cipós. Alguns são armadilhas em persianas esculpidas ao longo dos anos por milhões de seres da floresta; outros são distintos, são cordas de harpa e violino que, friccionados pelos ventos, produzem em enlevo a canção eterna, anunciando outra forma de vida.
Despontando nos altos do segundo galho, mora um belíssimo casal de rouxinol, que, em segredo, construiu o seu ninho com gravetos, talos, folhas e barro queimado, o qual parece uma suíte apoteótica dos nobres para ver as estrelas cintilantes de todo o universo. As janelinhas se interligam aos pontos cardeais, com destaque à do leste, que dá as boas-vindas aos fios de ouro do rei Sol. É quando os pais cantam, e os filhos em sintonia os acompanham aumentando o volume dos sons e reverberando mata adentro, alcançam na outra margem o espelho de água do majestoso rio despertando os botos tucuxi e cor-de-rosa, quando estes subitamente respondem dando saltos hipnotizantes para a alegria de todos.

Trecho Livro “Encantos de Nhamundá”, págs. 31, 33 e 34.

Autor: Lison Costa.

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