PARÁ PODERÁ RECEBER 30% DOS ROYALTIES
O Estado do Pará, um dos
maiores produtores de minérios do Brasil, pode passar a receber 30% dos
royalties repassados do total arrecadado pelo Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) a título de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
(CFEM). É o que estabelece emenda apresentada na última quinta-feira pelo
deputado federal José Priante (PMDB-PA) ao projeto de lei do governo federal
que cria o novo Marco Regulatório da Mineração no Brasil (PL nº 5.807).
A emenda do parlamentar
busca fazer com que os estados produtores de minérios sejam devidamente
recompensados pela exploração e comercialização de seus recursos minerais. Para
isso, a proposta de Priante amplia o percentual de participação dos estados na
distribuição dos recursos obtidos com a CFEM. Pelo projeto do governo,
encaminhado ao Congresso Nacional no dia 18 de junho, a União ficará com 12%,
os estados produtores com 23% e os municípios produtores com 65% do total dos
royalties da CFEM.
A emenda de Priante
aumenta a participação dos estados para 30% e reduz a alíquota da União para
5%, mantendo os municípios com 65% da CFEM. “É uma distribuição mais justa e
que beneficia diretamente estados produtores como o Pará, penalizados pela Lei
Kandir”, explica Priante.
Essa lei isenta do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) os produtos destinados à
exportação. No caso do Pará, o minério é o principal produto da pauta de
exportações do estado. Com a isenção imposta pela Lei Kandir, a arrecadação do
ICMS do setor mineral do estado tem apresentado baixo desempenho em relação ao
volume de recursos obtidos com a venda de minérios para o exterior.
É o que demonstra
relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral de 2011. Na naquele ano,
conforme o relatório, o Pará exportou US$ 13,5 bilhões em minérios e arrecadou
apenas R$ 65,6 milhões em ICMS. “É uma grande injustiça que agora esperamos
corrigir”, ressalta Priante.
Alíquotas diferenciadas e garimpeiros atendidos
Priante também apresentou
emenda ao projeto do governo para desestimular o contrabando de metais nobres,
reduzir a carga tributária incidente sobre produtos minerais usados na
agricultura e na construção civil, e equilibrar o percentual dos impostos pagos
pelas empresas de mineração.
A proposta do governo
estabelece que, sobre a receita bruta da venda de produtos minerais, incidirá a
alíquota única de 4% da CFEM, a ser paga por qualquer empresa mineradora. “No
caso de ouro e pedras preciosas, essa alíquota estimula o contrabando, além de
ser injusta com as micro e pequenas empresas, que não têm a mesma robustez
financeira das grandes mineradoras”, avalia o deputado.
A emenda de Priante mantem
a alíquota geral de 4%, mas estabelece percentuais diferentes para alguns
minérios. Para metais nobres, como ouro e pedras preciosas, propõe alíquota de
1% da CFEM e de 0,5% para produtos minerais usados na agricultura, como
potássio e fertilizantes, e na construção civil, como barita, magnetita, pedras
e cascalhos.
Dessa forma, segundo
Priante, “é possível estabelecer uma tributação mais equilibrada e justa,
desestimular o contrabando e reduzir os custos de dois importantes setores da
economia do país: a agricultura e a construção civil”.
Priante apresentou ainda
emenda que garante aos garimpeiros o direito de constituir empresa para
explorar lavras com grande potencial econômico. Atualmente, os garimpeiros
recebem um título de permissão do DNPM para explorar apenas lavras a céu aberto
ou a poucos metros abaixo do nível do solo.
Quando se descobre que no
subsolo daquela lavra há uma potencial reserva mineral, a exploração só pode
ser feita por grandes empresas mineradoras. “Sai o garimpeiro, que descobriu a
mina, e entra uma multinacional para explorar o que foi descoberto”, relata
Priante.
A proposta do parlamentar
permite que o garimpeiro, ao identificar o potencial da mina, possa constituir
uma empresa para explorar o subsolo, o que lhe permitirá migrar do regime de
permissão de exploração para o de concessão da lavra. A mudança beneficiaria milhares
de garimpeiros em todo o país. Só no Pará, o DNPM estima que existam mais de 70
mil garimpeiros, a maioria ainda trabalhando por meio de título de permissão ou
até mesmo de forma irregular em razão das limitações da lei para explorar,
legal e corretamente, os recursos minerais do estado.
Fonte/Foto: Diário
do Pará/Arquivo AA
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