MAMÍFEROS TÊM A SOBREVIVÊNCIA AMEAÇADA EM RESERVA AMBIENTAL DE MANAUS
A Reserva Ducke, localizada na Zona Norte de Manaus,
onde sobrevivem pelo menos 19 espécies de mamíferos, sofre cada vez mais
pressão populacional
Armadilhas fotográficas
instaladas no terreno da Reserva Ducke, na Zona Norte, flagraram animais
maiores de 15 quilos, como onças, tamanduás-bandeira e veados
Armadilhas fotográficas
instaladas no terreno da Reserva Ducke, na Zona Norte, flagraram animais
maiores de 15 quilos, como onças, tamanduás-bandeira e veados (Divulgação/Inpa)
A pressão populacional que
se aproxima da Reserva Ducke, na Zona Norte de Manaus, é uma ameaça séria à
sobrevivência de pelo menos 19 espécies de mamíferos de pequeno, médio e grande
que vivem na área de mais de 10 mil hectares. O alerta foi feito pelo
pesquisador Wilson Roberto Spironello, 59, da Coordenação de Biodiversidade do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Ao chamar a atenção para a
raridade de ter nesse ambiente tão próximo da cidade animais como onças,
tamanduás, veados e cutias, entre outros, Wilson afirma ser importante medir o
custo e o benefício de fazer construções de estradas próximas ao parque.
Em palestra dada no Museu
da Amazônia (Musa), Wilson respondeu afirmativamente ao questionamento proposto
pelo evento “Reservas florestais em bordas de centros urbanos podem manter
populações de mamíferos de maior porte?” O exemplo é a Reserva Ducke que, no entendimento
dele, deve ser preservada por ser uma área ímpar no que se refere à riqueza que
preserva não só animais, mas também espécies vegetais.
FOTOGRAFIAS
Ao mostrar fotografias dos
animais realizadas em vários momentos e pelo período de dois meses, Wilson, que
é doutor em Biologia pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, disse ter
sido surpreendido com os resultados porque o crescimento da cidade avançou
enormemente em direção à reserva. “A pressão humana, o desmatamento e até a
caça são ameaças para a sobrevivência desses animais”, disse ele, ao apresentar
os primeiros resultados das armadilhas fotográficas realizadas na floresta de
terra firme.
Animais com peso acima de
15 quilos como onça, tamanduá-bandeira, veados e outros foram flagrados como
parte da fauna sobrevivendo ali, mas a preocupação dele é que a presença deles
ali ainda é possível porque têm alimento. Quando não tiverem, vão se afastar.
“É importante chamar a atenção para a importância de manter a Reserva Ducke
como está não para atrair caçadores, mas para se admirar de ter isso num centro
urbano como Manaus”, assegurou o pesquisador, destacando também a necessidade
de ligação dessa área de floresta com outras semelhantes.
A proximidade com
assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
Exército, bairros como Jorge Teixeira e Distrito Industrial não pode ser mais
ameaçadora para as espécies. O pior, segundo ele, é a possibilidade de abertura
de mais estradas ou vias próximas da reserva. “Se isso acontecer, faremos da
Ducke apenas um fragmento e vamos perder os animais que podem ser atrativos
para a cidade”, afirmou Wilson.
Preservação ameniza altas
temperaturas
Para Wilson Roberto
Spironello, a manutenção florestal daquela área da cidade cumpre um papel
importante também no clima da cidade, favorecendo temperaturas mais
amenas. “Precisamos mostrar para a
sociedade que aquele local serve para visitação, como Jardim Botânico”, disse
ele, explicando o uso de câmeras automáticas instaladas em vários pontos da
floresta para conseguir captar as imagens dos animais.
Ao explicar que os animais
na Reserva Ducke têm papéis diversos na natureza, como dispersores e predadores
de sementes, além de carnívoros, o que é fundamental para o ambiente, o
pesquisador afirma que não podemos contribuir para isolar mais a Reserva Ducke
porque será mais interessante mantê-la. Para Wilson, não se pode aceitar a
postura administrativa que afirma priorizar o desenvolvimento que, na verdade
vai trazer só destruição. “Pode-se buscar modelos de ocupação menos agressivo à
natureza”, sugere.
Fonte/Foto:
Ana Célia Ossame – acrítica.uol.com.br/Divulgação - INPA
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