CPI DA PEDOFILIA: ADAIL PINHEIRO RECORRE À JUSTIÇA
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Adail Pinheiro, à direita na foto. |
Prefeito de Coari entrará com ação civil pública por
improbidade administrativa contra a presidente da CPI, Érika Kokay
O prefeito de Coari, Adail
Pinheiro (à direita), quando foi ouvido, em 2009, em Brasília, na CPI da
Pedofilia (Waldemir Rodrigues )
Depois de faltar à
convocação para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga
a exploração sexual de crianças e adolescentes, o prefeito de Coari, Adail
Pinheiro (PRP), se voltou contra a presidente da comissão, deputada federal
Érika Kokay (PT-DF), e informou, nesta segunda-feira (15), que vai ingressar
com uma ação civil pública por improbidade administrativa contra a parlamentar
petista.
Por meio de nota, a
Secretaria Municipal de Comunicação de Coari informou nesta segunda-feira que o
advogado do município, Antonio Batista, foi à Brasília, nesta segunda-feira,
“tomar as medidas jurídicas cabíveis em relação às irregularidades cometidas
durante as diligências da CPI em Coari”. No texto, o advogado classifica a CPI
de “circo”, e afirma que o dinheiro público empregado pela comissão para se
deslocar à cidade foi gasto indevidamente, pois teria atendido apenas aos
interesses de opositores do cliente dele.
“Tudo à custa do Governo
Federal para participar de um circo montado pela comissão, a serviço de um
grupo político que perdeu a última eleição no município e não aceita o
resultado das urnas”, ataca Antonio Batista, na nota.
O advogado avisa ainda
que, além da ação por ato de improbidade administrativa contra Érika Kokay, vai
apresentar uma notícia-crime na Procuradoria da República, também em Brasília,
contra o presidente da Assembleia Legislativa (ALE–AM), deputado Josué Neto
(PSD), por ter custeado a logística da CPI no Amazonas.
O deputado Luiz Castro
(PPS), que acompanhou a CPI no município também virou alvo de Adail. Antônio
Batista disse vai denunciar o parlamentar. Mas não diz que crime Castro teria
cometido. Foi o deputado que levou ao conhecimento da comissão a denúncia de
que o prefeito de Coari teria tenta encontro com uma menina de 12 anos, no ano
passado.
Com depoimento marcado
para o dia 9, na própria sede do município, Adail não compareceu. Como
justificativa, as assessorias de comunicação e jurídica dele apresentaram
cópias de um atestado médico, informando que o prefeito se encontrava internado
no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Segundo o documento, Adail
teria sido submetido a uma cirurgia de hérnia inguinal. Alegando respeito ao
sigilo médico, a assessoria de imprensa do hospital paulista não quis confirmar
se a cirurgia foi mesmo realizada. E nem se o prefeito esteve internado no
Sírio-Libanês. “Respeitando o sigilo médico exigido pelo código de ética, o
Hospital Sírio-Libanês só pode fornecer tais informações diretamente aos seus
pacientes”, respondeu a assessoria, em e-mail enviado pela reportagem.
Adail teve alta no dia 11.
De acordo com o a Secretaria de Comunicação do Município de Coari, o prefeito
estava em Brasília, ontem, acompanhando o trabalho do advogado Antonio Batista.
De acordo com a Secretaria
de Comunicação, se não houver nenhum imprevisto na recuperação da cirurgia,
Adail voltará para Coari nesta terça-feira (16) ou nesta quarta-feira (17).
Tática é antiga, diz deputada
A presidente da CPI que
investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes, deputada federal
Érika Kokay, disse nesta segunda-feira, em entrevista A CRÍTICA, por telefone,
que a “tática” utilizada por Adail Pinheiro é velha e típica de quem tem
dificuldade para provar inocência. “É uma estratégia do prefeito para colocar
uma cortina de fumaça na gravidade das acusações contra ele”, afirmou Érika.
A deputada disse ainda que
ao querer reduzir o trabalho da CPI a uma briga política local o prefeito
mostra que não conhece nada de direito de criança e adolescente. Nem de
legislação. “É a velha tática dos que não têm como se justificar, e tentam
transformar a vítima em algoz”, afirmou a parlamentar.
Érika Kokay afirmou que
não manteve nenhum contato com opositores de Adail na cidade. E que a relação
entre a CPI e a ALE-AM, assim como com o deputado Luiz Castro (PPS), foi
institucional. “O deputado, que levou denúncias à comissão, no dever funcional dele,
apenas acompanhou os depoimentos, mas em nenhum momento se manifestou ou pediu
a palavra”, disse a deputada.
Érika Kokay disse que o
auxílio da ALE-AM à CPI foi no deslocamento da equipe da comissão entre
aeroportos e hotel, em Manaus: “O que nos interessa é investigar os fatos que
apontam para um esquema de abuso sexual de crianças e adolescentes”.
Fonte/Foto:
Lúcia Pinheiro – ACRITICA.COM/Waldemir Rodrigues
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