JORDY PROPÕE QUE CULTIVO DO ARROZ NO MARAJÓ SEJA DEBATIDO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA
As carências
da ilha do Marajó, no Pará, são secularmente conhecidas, bem como a
incapacidade de governos em resolver a situação de pobreza e abandono que a população
local enfrenta. Propagado por alguns setores com a tábua da salvação para o
povo marajoara, a chegada dos plantadores de arroz à região é visto por outros
como um sonho que pode se transformar em pesadelo.
Diante das inúmeras
dúvidas suscitadas, uma oportunidade da sociedade discutir e colocar na mesa
todas as possibilidades futuras da monocultura do arroz no Marajó - sejam elas
boas ou ruins -, será na audiência pública aprovada nesta quarta-feira (17) na
Comissão da Amazônia da Câmara Federal, pelo deputado federal Arnaldo Jordy
(PPS/PA), com o objetivo discutir o tema no Estado do Pará.
Ainda restritos à região
do município de Santa Cruz do Arari, os rizicultores, também chamados de
arrozeiros, são oriundos da polêmica Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima,
de onde foram retirados por conta de estarem ocupando terras indígenas. Apesar
de propalado pelos rizicultores, bem como por entidades ruralistas como uma
atividade que gerará empregos e renda para a população, há o receio das
comunidades locais e de ambientalistas, que ocorra degradação do meio ambiente
e de risco da saúde dos moradores por conta do uso de agrotóxicos - ou
defensivos agrícolas, como chamam os apoiadores dos empreendimentos.
Para o autor do
requerimento, discutir o assunto em audiência pública com todos os setores da
sociedade é o caminho lógico. Segundo Arnaldo Jordy, que é vice-presidente da
Comissão de Meio-Ambiente da Câmara, “por mais que se diga que o cultivo do
arroz na região será benéfico para o Marajó, as condições e como este plantio
se dará tem que ser minuciosamente discutido e esclarecido. Toda uma legislação
ambiental há de ser respeitada, para que a biodiversidade e as comunidades na
área de influência do cultivo não sofram efeitos colaterais da rizicultura”.
Já na discussão para aprovação do requerimento
pode-se ter uma idéia como a questão é polêmica. A proposta foi subscrita pelo
deputado Asdrúbal Bentes (PMDB/PA), que se declarou favorável à realização do
cultivo, motivado pela esperança de que a nova atividade econômica leve
transformações positivas à região, no que foi apoiado pelo deputado Giovanni
Queiroz (PDT/PA). Os deputados Miriquinho Batista (PT/PA) e Zé Geraldo (PT/PA),
que também subscreveram o requerimento, colocaram restrições à implantação da monocultura
do arroz na região, sem que todos os impactos sociais e ambientais sejam
plenamente analisados.
Para a audiência, que deve
acontecer na capital paraense em data ainda a ser definida, serão convidados
órgãos e entidades governamentais federais e estaduais e da sociedade civil
para discutirem, além das questões socioambientais, relações fundiárias, de
patrimônio arqueológico, dos direitos de populações tradicionais, dos impactos
nas áreas urbanas, do monitoramento ambiental e do financiamento das plantações.
O Marajó
A ilha do Marajó está
localizada na foz do rio Amazonas, no arquipélago do Marajó e com uma área de
aproximadamente 40 100 km², abriga 16 municípios paraenses, possuindo um dos
piores índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Toda região é uma APA –
Área de Proteção Ambiental - instituída pela Constituição Estadual, art. 13, §
2º “O arquipélago do Marajó é considerado área de proteção ambiental do Pará,
devendo o Estado levar em consideração a vocação econômica da região, ao tomar decisões
com vistas ao seu desenvolvimento melhoria das condições de vida da gente
marajoara”.
Fonte/Foto: Assessoria
de Comunicação - Gabinete Dep. Arnaldo Jordy
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