APESAR DE LEI, ÓRGÃOS PÚBLICOS DO PARÁ NÃO DIVULGAM INFORMAÇÕES
Assembleia Legislativa do Pará. |
Órgãos públicos do Pará ainda não repassam dados de forma
transparente.
Lei de acesso à informação foi aprovada em maio de 2012.
A lei 12527/2011, a chamada Lei de Acesso à Informação, obriga
órgãos públicos federais, estaduais e municipais (ministérios, estatais,
governos estaduais, prefeituras, empresas públicas, autarquias etc.) a oferecer
informações relacionadas às suas atividades a qualquer pessoa que solicitar os
dados. Porém, apesar de ter sido publicada em maio de 2012, ainda não está
sendo adotada por muitos órgãos públicos do Pará.
Sites como o da Prefeitura Municipal de Belém (PMB) e Assembleia Legislativa
não divulgaram informações completas ao cidadão sobre gastos efetuados na
administração. Dados simples, como a remuneração dos servidores, ainda não
estão disponíveis para o público.
A Secretaria Municipal de Administração (Semad) da prefeitura de
Belém informou que está analisando em conjunto com a Companhia de Informática
do Município de Belém (Cimbesa) de que forma será cumprida a Lei de Acesso à
Informação referente a divulgação dos salários dos servidores para o público
externo. Atualmente, os dados sobre pagamentos só podem ser acessados pelos
próprios funcionários.
Assim como a prefeitura, a Câmara Municipal de Belém informou que
disponibilizaria informações referentes ao salário dos servidores no final de
junho em seu site, mas até esta quarta-feira (4) os dados ainda não haviam sido
publicados.
O governo do estado também apresenta a mesma indefinição. Segundo
o auditor geral do estado, Roberto Amoras, a forma como as informações serão
apresentadas ainda não foi definida. "A proposta é divulgar mas estamos
discutindo e vamos institucionalizar como seria essa divulgação, que a
princípio seria feita de acordo com os demais poderes. A proposta é que haja
uma lei estadual que regulamente esse modelo" afirma Amoras, informando
que haverão restrições aos dados que poderão ser consultados. "Há a
proposta de não divulgar alguns dados como CPF e pensão alimentícia, mas que
seja divulgado o salário bruto e salario líquido, por exemplo. As informações
devem ser centralizadas no Portal da Transparência. Essa decisão deve acontecer
em julho ou agosto, a partir disso vamos fazer um modelo e regulamentar numa
lei estadual ou decreto", completa.
Na Assembléia Legisltiva do Pará (Alepa), que está sendo
investigada pelo Ministério Público por conta de denúncias de corrupção
envolvendo reumunerações indevidas, a proposta é que os dados sejam divulgados
em breve. De acordo com o procurador Sebastião Godinho, a Alepa já realizou um
estudo técnico junto ao seu Centro de Processamento de Dados, para verificar as
ferramentas necessárias à divulgação das informações do órgão. Segundo o
procurador, eles já estão trabalhando nisso e devem implantar um sistema em
breve, mas ainda sem data definida. O Ministério Público do Estado já foi
informado sobre as atividades da Alepa. O procurador informou ainda que todas
as informações de cadastro dos servidores, inclusive os salários, estarão
disponíveis à população.
Combate
à corrupção
Para o doutor em ciência política da Universidade Federal do Pará,
Edir Veiga, a transparência dos órgãos públicos é necessária, por ser uma forma
de combate a corrupção. "A internet seria uma aliada da sociedade civil
nesta busca, já que tornaria mais fácil para o cidadão que não tem tempo para
procurar documentos físicos acessar os dados da comodidade da sua casa",
avalia.
Porém, segundo Veiga, não basta simplesmente divulgar estas
informações. É necessário que os dados sejam claros e de fácil compreensão.
"É muito difícil para a população compreender a linguagem técnica, que
acaba por mascarar as informações que seriam necessárias para o cidadão
entender a relação entre receita e despesa. É desejável que todos os órgãos de
administração direta e indireta tenham uma linguagem compreensível para que
toda a sociedade pudesse analisar e, da sua casa, conseguir acionar as
entidades da sociedade civil e combate a
corrupção".
Fonte/Foto:
G1 PA/Roberto Vale
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