CARRAPICHO 30 ANOS - FINAL.
Abaixo, a parte final da entrevista na qual o farense Carlinhos Bandeira conta a trajetória do Grupo Carrapicho - o maior sucesso musical, inclusive internacional, produzido pela Amazônia. Leia.
Pergunta – Vocês ganharam muito dinheiro, após o sucesso do “Tic, Tic Tac”. Como foi?
No auge do sucesso e passando uma temporada de divulgação do disco que havia estourado na Europa, o Carrapicho foi a todos os programas de sucesso, como mostra essa foto deles no programa da apresentadora Xuxa Meneghel
Bandeira – Nós começamos a ganhar dinheiro em 1996, quando o produtor Patrick Bruel nos levou para lá. Ele é muito famoso, lança muita gente e conosco usava o nome fictício de Aldo Veiga – nome que aparece nos CDs do Carrapicho, com o produtor da empresa dele, Saidu Khalidou – porque não queria que dissessem que nós estávamos fazendo sucesso só por causa dele. Só depois que a gente fez sucesso é que ele passou a andar com a gente e a revelar que era nosso produtor.
Pergunta – Mas o disco estourou e o dinheiro começou a entrar…
Bandeira – Sim. Aí começou a entrar um dinheiro dos “direitos conexos”.
Pergunta – ‘Direitos conexos’? O que é isso?
Bandeira – Tem o direito autoral, que é o do Braulino Lima, autor da música, o dinheiro maior, e tem o “direito conexo”, que é o valor pago pela execução da música, para os músicos. Como tecladista do Carrapicho cheguei a ganhar, num único mês, US$ 25 mil dólares, quando o disco estava estouradaço, com muita execução. O Zezinho Corrêa ganhava bem mais. Na França, esse negócio do direito autoral é levado muito a sério.
Pergunta – E os shows, como é que foi tocar em tantos países? Teve muita correria?
Bandeira – A gente viajava muito de Van. A gente ia muito de Paris para Lion e de lá para Marselha. Quando aparecia uma temporada em outro país, como Alemanha, a gente ficava lá um, dois meses… A gente rodou a Europa inteira. Tínhamos tantos prêmios que nem fomos receber todos. No Japão e Rússia, por exemplo, estouramos com o “Tic, Tic Tac”, mas nunca fizemos show, apesar de inúmeros convites.
Atração especial na Ilha de Caras, reservada aos famosos.
Pergunta – Você é de Faro (PA), na divisa com o Amazonas. Quando vocês começaram a ser convidados para o Faustão, que fizeram duas vezes, Gugu, Jô Soares, Hebe Camargo etc., como foi a reação do pessoal da terrinha?
Bandeira – Foi maravilhosa. Eles queriam que eu falasse que era de Faro. Como nem Cristo agradou a todos, tem até uma história que corre na cidade que eu teria dito que nasci em Manaus (risos). Pra tirar isso da cabeça do povo, eu fui numa reunião com os amigos, quando tinha acabado de levar o Paulo Ricardo, do RPM, a Nhamundá (AM), que fica na frente de Faro. Chamei o cara que mais falava mal de mim e perguntei: “Se eu trouxer aqui a Paula Toler, tu, como entrevistador de rádio, vai entrevistar ela ou os músicos? Tu ia querer entrevistar o tecladista dela”? Ele respondeu: “Não. Só ia querer entrevistar ela”. Estava respondido. Eu nunca falei em programa algum. Peguei o computador e mostrei pra eles vários programas em que o Carrapicho esteve e ficou provado que nunca tive a oportunidade de falar de onde eu era. Queriam fazer comigo o mesmo que fizeram com o Miléo, irmão do Nicolas Jr. (cantor e compositor). Filho de Terra Santa (PA), ele foi no Chacrinha, que não passava na cidade. Quando voltou, correu o boato de que ele tinha dito que não era de lá. Queriam criar esse estigma comigo. Tratei de cortar essa história. Adoro minha cidade e tenho o maior orgulho dela.
Pergunta – Quando foi que vocês sentiram, na Banda Carrapicho, que a época de ouro estava acabando?
Bandeira – Isso foi “invocado”. Em 1998, a Copa do Mundo ia ser feita na França. Quando se aproximou a época, a gente ficou eufórico. “Somos do Brasil e nós estamos fazendo sucesso na sede da Copa”, pensamos. No final, não lançamos disco, nem fomos para lá porque os espaços ficam muito caros quando uma competição como a Copa do Mundo chega a um país. O horário que ficou na mídia, rádio e TV, para a música e outros segmentos, era muito caro ou tarde da noite. A nossa gravadora, BMG, que queria fazer um grande lançamento, resolveu não lançar disco do Carrapicho porque não ia investir uma fortuna para competir na mídia com a Nike, por exemplo. Participamos só de uma coletânea, “Rumo ao Penta”, com vários artistas da BMG, como o “Só pra contrariar”. Já foi uma ducha de água fria. Veio 1999 e não tínhamos um produto para tocar no Brasil. Foi aí que, numa reunião, tivemos uma discussão e cada um foi para o seu lado. A banda acabou. Ainda deu tempo de levar o Carrapicho em Faro, em 1998. Se tivesse deixado para 1999, não tinha levado a banda lá.
Pergunta – Quais eram os componentes do grupo na tua época e como é sua relação com eles hoje?
Bandeira – Tínhamos o China, na bateria; Otávio, de Borba, no contrabaixo; nos vocais o Júnior e o Zezinho; Édson do Vale, na sanfona; e na guitarra foram vários, inclusive o Bop, que foi o primeiro, Robertinho Chaves, Mauro Drummond e Ailton, na sequência. Zezinho, eu, Otávio, China e Júnior fomos os que ficaram mais tempo.
Pergunta – Como é hoje a relação entre vocês, ex-integrantes?
Bandeira – Quando acabou o Carrapicho, a nossa relação ficou meio estremecida. Eles foram cada um para o seu lado e ficamos eu e Zezinho, formando uma dupla. Eles não queriam que eu fizesse shows com ele. Chegamos a lançar um CD, no selo Estrelas do Amazonas, feito pelo Robério Braga, em 1999. Depois não, eles foram percebendo que a banda precisava mesmo dar um tempo. O China e o Otávio, de vez em quando, até tocam conosco. Nossa relação hoje é muito boa.
Pergunta – Qual foi a participação do Santana no grupo?
Bandeira – Antes de eu entrar ele já era empresário do grupo. Ele era, como professor, ex-diretor do IEA e uma pessoa mais velha, uma espécie de conselheiro da gente. Quando o Carrapicho estourou, ele pediu licença de dois anos do trabalho para viajar conosco. Em 1999, quando a banda acabou, ele foi para a Agecom (Agência Estadual de Comunicação) e até hoje está lá. Nossa relação também é muito boa. Esta semana reunimos, eu e Zezinho, para fazer os 30 anos do Carrapicho, e decidimos que o Santana tem que estar presente, como parte da história do ‘Carrapa’.
Pergunta – Muita gente pensava que ele era dono do negócio…
Bandeira – Ele fazia parte da sociedade. A pessoa entrava no Carrapicho e, depois de três meses de experiência, virava sócio, para evitar os problemas trabalhistas. Isso só foi interrompido quando a gente estourou na França, que não dava mais para admitir sócio. O Santana era sócio, tinha sua parte na banda, e, quando nós encerramos, todos abriram mão de sua parte, inclusive ele.
Pergunta – Hoje, quem tem a maior parte do Carrapicho?
Bandeira – A logomarca nós passamos para o Zezinho, no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), e quando tem um show vamos nós dois contratamos os músicos, bailarinos e tudo. De fato e de direito, hoje o dono é o Zezinho, mas todos nós temos uma parte nisso.
Fonte: entrevista concedida por Carlos Bandeira a Marcos Santos, em Manaus-AM, a quem agradecemos a autorização para sua publicação em <amazôni@contece>.
2 comentários:
uma pena ter acabado essa banda o ritmo e muito bom e simplismente maravilhoso.
a banda nunca acabou ..
ainda realiza shows em várias partes do Brasil
confira no site .
www.bandacarrapicho.com.br
contatos para shows :
(92) 8200-0013 tim
(32) 9110-7073 tim
(32) 9932-7000 vivo
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bandacarrapicho@gmail.com
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facebook. : carrapicho banda
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