NO PARÁ, ESTUDANTE QUE VENDIA BOMBONS EM ÔNIBUS SE GRADUA EM MEDICINA
Jessé Soares, 25, (foto) nasceu
em Limoeiro do Ajuru, cidade localizada no nordeste do Pará, perto da ilha do
Marajó. Ele conta que passou mais da metade dos seus 25 anos no município,
completando o ensino médio graças ao esforço da mãe, agente comunitária de saúde,
e do pai, carpinteiro. Como outros ribeirinhos, Soares aprendeu a pescar,
colocar armadilhas no rio para capturar camarões, subir no açaizeiro, e as
técnicas da marcenaria para produzir móveis e utilitários.
Sua primeira aprovação no
ensino superior foi no curso de licenciatura em física, mas a pontuação obtida
pelo então calouro garantiria vagas em cursos mais concorridos, foi daí que ele
decidiu, em 2009, tentar cursar medicina.
O jovem foi aprovado e se
mudou para um quitinete no bairro do Guamá, em Belém. No mesmo ano, a namorada
dos tempos de cursinho ficou grávida da primeira filha do casal. Com isso,
aumentaram os gastos, e o jovem precisou completar a renda vendendo bombons por
R$ 0,50 nos coletivos da capital.
Porém, o tempo que o jovem
gastava nos coletivos limitava as horas disponíveis para o estudo. Para
conseguir se graduar, Jessé fez uma campanha nas redes sociais em 2013,
arrecadando dinheiro suficiente para se manter até o final do curso.
“Foram vários momentos em
que batia uma angústia de querer estudar e não ter condições, mas sempre vinha
um sentimento de que, quando eu terminasse, as coisas seriam melhores. E estão
melhorando”, comemora.
Segundo Soares, sua
dificuldade serviu de motivação para garantir o futuro das filhas Ewelyn e Ana
Clara. “Eu vou investir na educação delas, para que não aconteça com elas o que
aconteça comigo. A minha história é legal porque terminou bem, mas não desejo o
que eu passei para ninguém. Espero que elas tenham uma vida mais fácil“, disse.
Jessé concluiu o curso de
medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e conseguiu registro
profissional na última quarta-feira, 20, agora trabalha no hospital de Limoeiro
do Ajuru, onde espera para receber seu primeiro salário como médico.
Fonte:
Hilton Batista - G1 Pará
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