PRIMEIRO DEBATE ENTRE CANDIDATOS AO GOVERNO DO AM É MARCADO POR TROCA DE FARPAS E INDIRETAS
Os cinco primeiros
colocados nas pesquisas de intenção de voto no Amazonas participaram, nesta
quinta-feira (28) à noite, do primeiro evento organizado neste ano para
exibirem suas propostas e dispararem críticas ferrenhas aos adversários.
O primeiro debate entre
candidatos ao Governo do Amazonas aconteceu na noite desta quinta-feira (27),
nos estúdios da TV Rio Negro/Band Manaus, localizado na avenida André Araújo,
Aleixo, Zona Centro-Sul, e reuniu Eduardo Braga (PMDB), Chico Preto (PMN),
Marcelo Ramos (PSB), Abel Alves (PSOL) e o atual governador José Melo (PROS),
que busca a reeleição. Entre propostas e troca de farpas, os políticos
promoveram um encontro morno, sem grandes surpresas.
Desde 16h, o trânsito na
avenida André Araújo começou a ficar lento, com cabos eleitorais na frente da
sede da emissora, empunhando cartazes e bandeiras, num clima de carnaval, ou
mesmo, de boi-bumbá. De um lado da portaria da emissora, ocupando a calçada,
partidários de Eduardo Braga entoavam "o Dudu voltou!" em tom de
festa. Do outro, uma quase-batucada dava ritmo ao coro de "Leleô
Me-lo!".
Segundo informações, um
princípio de tumulto aconteceu por volta das 18h e policiais foram acionados.
Não houve agressões físicas registradas por nenhum dos entusiastas políticos,
mas um efetivo de policiamento composto por agentes da Ronda Ostensiva Cândido
Mariano (Rocam) e da Tropa de Choque, ambas da Polícia Militar, e da Força
Tática, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM),
permaneceu no local para evitar maiores incidentes.
O local também contou com
a fiscalização da Justiça Eleitoral, que monitorava a propaganda feita nos
arredores do estúdio, e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e
Sustentabilidade (Semmas), que patrulhava os carros de som. Por volta das 20h,
o fluxo foi interrompido, sendo desviado pela avenida do Sol, no conjunto
Morada do Sol, no Aleixo, para evitar maiores retenções.
O debate teve início às
22h, com o primeiro bloco servindo basicamente para os candidatos presentes se
apresentarem. O segundo bloco, por sua vez, apresentou temas recorrentes, como
o atual modelo da Zona Franca de Manaus, a autonomia financeira da Universidade
do Estado do Amazonas (UEA) e a infraestrutura portuária do Estado foram alguns
das questões frisadas na etapa inicial.
Marcelo Ramos, por
exemplo, defendeu a prorrogação dos incentivos fiscais do Polo Industrial da
capital, enquanto Abel concordou com a autonomia da UEA mas se mostrou contra a
Cidade Universitária por ir contra a interiorização do conhecimento pregada
pela instituição. José Melo, por sua vez, disse que pretende construir mais um
porto em Manaus caso seja eleito, "respeitando a legislação
ambiental".
Como esperado, Melo e
Braga protagonizaram os principais embates da noite, troca de farpas que teve
início já no segundo bloco, quando Melo perguntou a Chico Preto se, caso
tivesse oportunidade, preferia construir uma escola ou um monumento em
homenagem a uma ponte, numa clara alusão ao monumento metálico na entrada da
estrada que da acesso à Ponte Rio Negro. Chico defendeu a educação como base
social e sua interiorização e preferiu não dar trela à provocação enquanto Melo
ironizou, falando que as ações que Chico pretendia tomar quanto à educação eram
quase um resumo da sua própria gestão.
Braga, porém, também se
mostrou no ataque quando, ainda no primeiro bloco, perguntou a Melo o que
faltou para completar tantas obras pelo Estado, já que não foi falta de
dinheiro. Melo replicou, afirmando que entregou grandes obras, principalmente
quanto à questão do abastecimento de água. Atual senador, líder do Governo
Dilma no Senado Federal, Braga completou sua tréplica dizendo que essas obras
só foram entregues por Melo porque o atual Governador aumentou diversas
tributações.
O terceiro bloco teve um
clima mais "quente". Após o mediador confundir Eduardo Braga com
Eduardo Campos - além de ter errado o nome em extenso do partido político de
Marcelo Ramos ainda no começo, sendo corrigido pelo candidato -, o entrave
contiou forte entre Braga e Melo, primeiro e segundo nome nas pesquisas locais,
respectivamente. Os ataques foram recíprocos pelo lado do Governador, enquanto
Marcelo Ramos se mostrou uma figura mais magnética, disparando críticas para
todos os lados.
Abel manteve seu lado
filosófico, o que quase sempre lhe rendia um tempo extrapolado e,
consequentemente, o fim forçado da sua fala. Chico Preto, porém, muitas vezes
se mostrou "em cima do muro", não atuando nem como situação nem como
oposição, e apresentou propostas em sua maioria vagas. Melo, por outro lado,
não estava evitando brigas, mas preferiu desviar de algumas polêmicas, numa
postura ambivalente.
O bloco seguinte
apresentou uma nova rodada de perguntas e respostas entre os candidatos,
divididas em pergunta, réplica e tréplica. A questão portuária do Amazonas e,
principalmente, de Manaus voltou à tona e se transformou num assunto constante
do debate, já que foi algo mencionado pelo menos uma vez em cada bloco. Abel
respondeu pergunta de Marcelo sobre o tema e apareceu mais nesta última etapa
do evento.
Na vez de Marcelo Ramos, o
candidato, que tem mandato de deputado estadual, apresentou a Chico Preto
diversos índices sociais, como de segurança pública, educação e saúde, e
indagou se esses baixos níveis em praticamente todas as áreas da sociedade
condiziam com as renovações propostas por Braga ou Melo. Servindo como uma
espécie de "alavanca" um para o outro, Chico respondeu que os dois
representam pessoas que já estiveram no poder e que já tiveram suas chances, e
pediu um voto de confiança nele, no Marcelo ou no Abel, três nomes que nunca
estiveram à frente do Governo Estadual. Ele voltou a falar em "choque de
gestão", termo que já virou chavão nas campanhas eleitorais amazonenses.
Em sua tréplica, Marcelo -
que atualmente aparece na terceira posição em intenção de votos - manteve a
crítica aos dois primeiros colocados nas avaliações atuais e disse que, se eles
estavam no Governo e não resolveram problemas recorrentes como estes, não seria
agora que iriam conseguir. Chico apenas concordou. Já Braga, quando teve a
chance de falar, voltou ao seu discurso de que a atual gestão, que tem Melo à
frente, "tinha dinheiro mas deixou de fazer muito", num claro ataque
ao seu maior concorrente nestas eleições.
O ápice do debate
aconteceu no fim deste quato bloco, reunindo Braga e Marcelo, os candidatos que
se revelararam mais fervorosos em suas opiniões. Braga perguntou a Marcelo
sobre segurança pública e o candidato do PSB, que tocava no nome da
presidenciável Marina Silva sempre que tinha a oportunidade, foi firme:
criticou os três últimos governos e acusou o próprio Braga de ser responsável
pela má gestão em que se encontra o Estado. Braga replicou dizendo que o
recorde de fuga em penitenciárias aconteceu na gestão de Melo, algo que não
tinha ocorrido no tempo em que ficou no cargo.
Em suas considerações
finais, os candidatos mantiveram suas linhas de pensamento: Melo e Braga
disputando um voto de renovação, alheios ao fato de serem, respectivamente,
governador e ex-governador do Estado. Melo novamente enfatizou seus êxitos e
Braga aproveitou mais uma oportunidade de destacar como a gestão de Melo teve
mais recursos, apesar da menor duração, do que a sua.
Marcelo relembrou a figura
de políticos como Jefferson Péres e disse que "a cara da política do
Amazonas não é a cara das pessoas que o governam há mais de 30 anos".
Chico foi brando, como foi na maior parte do debate, e invocou a clássica imagem
da luta de Davi contra Golias, em que Golias simboliza os problemas do Estado,
os quais ele, como Davi, tentaria derrotar.
A maior surpresa do último
bloco foi reservada a Abel Alves, que disse acreditar ter condições de ser
governador, tendo em vista suas prévias experiências como juiz e deputado.
Contrapôs as ideias de renovação, pregadas por outros candidatos, com a
provocação de que "não se renova o que não deu certo" e com a
sugestão de que o necessário para o Estado é a inovação. Foi o único a mencionar
duas palavras que pareciam inescapáveis a qualquer debate, mas evadiu o desta
noite até seus minutos finais, ficha limpa, status que ele disse possuir e que
ele julga necessário para a posição que pleiteia.
Fonte/Foto:
ACRITICA.COM/Evandro Seixas
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