POLÍTICA | LULA PROMETE VOLTA ÀS RUAS, MAIS ENTREGAS E DEFENDE HADDAD



Em clara reação às declarações de Gilberto Kassab, do PSD, na véspera, com críticas a seu governo, e aos baixos índices de popularidade, o presidente Lula inaugurou, em entrevista coletiva surpresa (veja na íntegra), a segunda fase de seu terceiro mandato. Sob o olhar atento do marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, novo ministro da Secretaria de Comunicação, o presidente começou a desenhar uma nova imagem para o governo e para sua interlocução com a população e a imprensa. Lula afirmou que sua terceira gestão não vai bem (“O povo tem razão, a gente não está entregando aquilo que prometeu”), apoiou o aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central (“Não podem dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra”), afagou seu ministro mais atacado, o titular da Fazenda, Fernando Haddad (“extraordinário”), e fez graça com as críticas de Kassab, que garantiu na véspera que, se a eleição fosse hoje, Lula perderia (“Olhei o calendário e vi que a eleição é daqui a quase dois anos, então fiquei despreocupado”). (g1)

Sobre a decisão do BC de elevar a Selic em um ponto percentual, para 13,25% – na estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom) –, Lula afirmou não ter se surpreendido e reiterou sua confiança em Galípolo. A queda dos juros, disse o chefe do Executivo, virá quando possível. “Tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele faça”, disse. Ele também afirmou que “já estava demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente [Roberto Campos Neto], e o Galípolo fez o que entendeu que deveria fazer”. (Globo)
A reação do mercado à entrevista de Lula foi imediata. Principal índice da B3, o Ibovespa terminou o pregão em alta de 2,82%, aos 126.912 pontos. Foi a maior alta desde maio de 2023. Com isso, o índice caminha para terminar o primeiro mês do ano com ganho acumulado superior a 5%. E o dólar registrou nova queda (de 0,23%), a nona consecutiva, fechando em R$ 5,85 – menor valor desde novembro do ano passado. Mais tarde, Lula voltou a falar sobre economia e disse que o governo “não tem outra medida fiscal” em vista. “Se depender de mim, não tem.” (Veja)
Não há previsão, segundo Lula, de uma conversa direta com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em relação à ameaça de Trump de sobretaxar produtos brasileiros, disse que, caso isso aconteça, fará o mesmo com produtos dos EUA. Mas de acordo com Débora Bergamasco, da CNN Brasil, os dois podem se encontrar em fevereiro. Quem busca mediar o encontro é o empresário Mário Garnero. Seria um jantar, a princípio no dia 17, no resort de Mar-a-Lago, na Flórida, que pertence ao republicano. Foi Garnero quem aproximou Lula de George W. Bush, em 2002, e costurou um jantar entre o então presidente Jair Bolsonaro e Trump, no mesmo local, em março de 2020. Fontes afirmam que, apesar das diferenças ideológicas, há pontos de convergência que podem ser construídos. (CNN Brasil)
Vera Rosa: “O presidente Lula vai tentar reverter a queda de popularidade no palanque. Em uma hora de entrevista coletiva, indicou sua nova estratégia de comunicação, preparada pelo marqueteiro e agora ministro Sidônio Palmeira, para dissipar desconfianças e desmentir que o governo está sem rumo. O presidente voltará às ruas. O temor no Palácio do Planalto é Lula não chegar a 2026 em condições de concorrer a um novo mandato se a crise atual – que está longe de se resumir à comunicação – não for atacada desde já. A disputa de 2026 pairou sobre toda a entrevista. É o modo reeleição que move o governo Lula”. (Estadão)

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