Donald Trump é o novo presidente dos Estados Unidos, e assumiu o cargo cumprindo diversas de suas promessas de campanha que, na prática, desmontam o legado dos quatro anos de governo de Joe Biden. Diante de uma multidão reunida na Capital One Arena, em Washington, o presidente assinou uma série de decretos, incluindo a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, tratado de combate às mudanças climáticas assinado no governo de Barack Obama e rejeitado por Trump em sua primeira passagem pelo Salão Oval, mas que Biden restituiu. Outras ordens incluem o fim do trabalho remoto para todos os servidores federais e da política de igualdade racial nas contratações pelo governo. Mas o principal alvo foram os imigrantes. Com uma canetada, ele destituiu os juízes responsáveis pelos processos de imigração, que devem ser substituídos por magistrados linha-dura, desfez a força-tarefa criada pelo antecessor para reunir famílias separadas na fronteira com o México e tirou do ar o aplicativo governamental usado por imigrantes para tentar regularizar sua situação. Trump ainda concedeu perdão presidencial para 1.600 réus da invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. (New York Times)
Por uma onda de frio polar na capital, a cerimônia teve de ser em um salão interno do Capitólio. Contrastando com o clima, o discurso de Trump foi incendiário. Após pintar um retrato sombrio do país, fez referência ao atentado que sofreu durante a campanha dizendo que “foi salvo por Deus” e que “a era de ouro da América” começava agora. Prometendo um país “maior, mais forte e mais excepcional do que nunca”, anunciou o envio de tropas para a fronteira com o México, a imposição de tarifas a outros país e um incentivo à indústria de combustíveis fósseis, incluindo a revogação da lei de estímulo a veículos elétricos. Diante do antecessor, Joe Biden, chamou o governo anterior de corrupto e incompetente, atacou a diversidade de gênero e a “censura à liberdade de expressão”. Embora tenha falado em “expandir o território”, mencionou apenas retomar o Canal do Panamá, alegando que a passagem construída pelos americanos no início do século 20 é hoje controlada pelos chineses. (AP)
Trump anunciou também o fim de qualquer envolvimento ou financiamento dos Estados Unidos à OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade foi central na luta contra a pandemia da Covid-19 e é responsável pelo desenvolvimento de programas de combate a doenças pelo mundo. O presidente disse ainda que seu país está fora das negociações de um Acordo Pandêmico, um esforço internacional para criar regras para que o mundo esteja mais preparado para uma futura pandemia. (UOL)
Veja os pontos principais do discurso e as mentiras ditas por Trump. (g1)
Alguns rostos presentes na cerimônia deram uma ideia do novo equilíbrio político-econômico na Casa Branca. Lado a lado estavam os magnatas das big techs Mark Zuckerberg (Meta), Jeff Bezos (Amazon), Sundar Pichai (CEO do Google) e Elon Musk (X, Tesla, SpaceX). Mais distantes, Tim Cook (Apple) e até o CEO do TikTok, Shou Zi Chew. Além de Biden, estiveram na cerimônia todos os ex-presidentes vivos: Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, o único que compareceu sem a esposa. (BBC)
O governo brasileiro publicou uma nota assinada pelo presidente Lula parabenizando Trump e ressaltando as boas relações entre os dois países. O americano quebrou uma tradição e convidou alguns líderes estrangeiros para a cerimônia, todos conservadores, à exceção do chinês Xi Jinping, que mandou o vice em seu lugar. (CNN Brasil e Voice of America)
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e sua madrasta, Michelle, representantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, não puderam participar da cerimônia e assistiram à posse por um telão na Capital One Arena, o que foi ironizado por governistas. Segundo o parlamentar, a transferência do evento para dentro do Capitólio encolheu a lista de convidados. Mais cedo, o deputado tentou sem sucesso que Trump lamentasse em alguma fala a ausência de seu pai, impedido de viajar por estar com o passaporte retido pela Polícia Federal. (Globo)
Jeff Greenfield: “Quem ficou surpreso com o tom do discurso de Trump não prestou atenção à última década. Para ele, regras existem para serem quebradas. Se o antecessor fez de um jeito, ele fará de outro”. (Político)
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