Após um ano e três meses de guerra, autoridades iranianas, egípcias e americanas anunciaram que os negociadores de Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e libertação de reféns ainda em poder do grupo extremista, que concordou com a proposta enviada por Israel e costurada também por Estados Unidos e Egito. O gabinete israelense se reunirá hoje para referendar o acordo. Na primeira fase, que começa domingo, o Hamas libertará 33 reféns, principalmente mulheres, crianças e pessoas com mais de 50 anos. Em troca, Israel libertará 30 prisioneiros palestinos por cada refém civil e 50 por cada militar. Todos os combates cessarão e as forças israelenses irão se retirar para os limites da Faixa de Gaza. Os palestinos deslocados poderão voltar para suas casas e será enviada ajuda humanitária para Gaza. A segunda fase está prevista para durar 42 dias e envolverá uma declaração de “calma sustentável”. Durante esta fase, o Hamas libertará os reféns homens restantes (soldados e civis) em troca de um número ainda a ser negociado de prisioneiros palestinos e da retirada total das tropas. Na terceira fase, corpos dos reféns israelenses que morreram serão trocados por cadáveres de integrantes do Hamas. Será implementado um plano de reconstrução para Gaza e as passagens fronteiriças para entrada e saída do território serão reabertas. (Haaretz)
Tão logo circularam as notícias sobre o acordo, milhares de pessoas tomaram as ruas de Tel Aviv para celebrar a perspectiva de retorno dos reféns ainda em poder do Hamas. Enquanto alguns grupos rezavam e outros gritavam palavras de ordem, cantores se revezavam em um palco improvisado. Já em Jerusalém, centenas de manifestantes de direita protestaram, alegando que o acordo traz perigos futuros ao garantir uma sobrevida ao Hamas. (Times of Israel)
O cessar-fogo abre caminho para o fim do conflito em Gaza, mas provocou uma batalha em Washington. O presidente Joe Biden e o presidente eleito Donald Trump, que toma posse na segunda-feira, disputam o crédito pelo acordo entre Israel e o Hamas. Biden divulgou uma nota afirmando que as linhas gerais do cessar-fogo têm o “perfeito contorno” de um plano apresentado por ele em maio. “Minha diplomacia nunca poupou esforços para que o acordo fosse atingido”, disse. Já Trump, aliado próximo do premiê israelense Benjamin Netanyahu, atribuiu o cessar-fogo à participação de seu representante nas negociações, Steve Witkoff, que, segundo ele, vai “continuar trabalhando junto a Israel e seus aliados para que Gaza nunca mais volte a ser refúgio de terroristas”. (AP)
Para ler com calma. Israel invadiu a Faixa de Gaza após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas, que governava o território palestino, invadiram o país, matando 1.200 pessoas e tomando cerca de 250 reféns. A resposta israelense acabou se tornando a mais longa guerra travada pelo país desde sua criação, em 1948, e reduziu a maior parte do enclave palestino a escombros. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, mais de 46 mil pessoas morreram nos bombardeios e combates, incluindo mais de 13 mil crianças. O número de desalojados e desabrigados chega a 1,9 milhão de pessoas, 90% da população do território, e não se faz ideia de quanto custará a reconstrução. (Guardian)
Nenhum comentário:
Postar um comentário