BELA HISTÓRIA, PATIXA TELÓ!



Antonio Luiz Souza da Silva, mais conhecido como Patixa Teló, é o filho mais velho da dona de casa Iraci Souza da Silva, 66, uma mulher como tantas outras brasileiras que batalhou sozinha para criar cinco filhos e sete netos. Nascida em Juruti, no Pará, ela não foi alfabetizada e sempre trabalhou como empregada doméstica. Aos 26 anos, engravidou de Antonio, a quem carinhosamente chama de Tonga. A gestação, segundo ela, foi tranquila, mas a criança nasceu aos sete meses, pesou apenas um quilo, ficou algumas semanas na incubadora e quando saiu o médico disse que se tratava de um bebê especial.

A criança cresceu saudável, se transformou em um adulto cheio de carisma e hoje, com 40 anos completados no último dia 15 de agosto, é o orgulho da mãe. Como Patixa Teló, Antonio ganhou fama em Manaus e no interior do Estado, mas o que poucas pessoas sabem é que apesar das limitações, é ele quem ajuda nas despesas da casa e vive uma relação de amor, companheirismo e gratidão com a mãe.
“Quando Antonio nasceu era muito pequeno, ele dormia em uma banheira forrada com lençol que ganhei da minha patroa na época. O médico disse que ele era um bebê especial e que eu deveria ter muito cuidado com ele e eu tive. O Tonga sempre foi assim, gaiato, e as pessoas, graças a Deus, sempre gostaram muito do meu filho. Tentei colocar ele na escola, mas ele tinha muita dificuldade, não conseguia aprender. Até hoje não sabe ler e nem escrever, mas vai levando a vida”, conta dona Iraci.
Todos os dias, Tonga fica em frente de uma loja no Centro chamando clientes e recebe R$ 50 por semana
No quitinete de três cômodos, no bairro São Francisco, Zona Sul de Manaus, Antonio não só divide a cama com a mãe, mas também as contas e o sonho de ter uma casa própria. A residência é alugada. Na sala, local que eles transformaram em quarto, apenas uma cama e uma televisão pequena, que segundo dona Iraci, foi comprada por Tonga há pouco tempo. Durante a entrevista, os dois sentaram lado a lado na cama e, ao relembrarem momentos difíceis da família, se abraçaram e choraram. Tudo é muito simples. No rosto da mãe os sinais de uma vida sofrida e ao mesmo tempo a alegria em poder contar com a ajuda do filho especial.
“Tudo é ele (Antonio) que me dá. Tudo que tem aqui é fruto do nosso suor, meu e dele. Nessa casa não pagamos água nem luz, apenas o aluguel, que custa R$ 500. Esse meu filho (Patixa) me ajuda muito, é com o benefício dele e mais o que eu ganho passando roupa na casa de três famílias que pagamos essa casa. Com os bicos que faz por aí, ele compra rancho e quando sobra ainda ajuda as irmãs. Eu ganho R$ 150 por mês passando roupa, antes eu também lavava e ganhava R$ 250, mas agora não tenho mais condições, meu joelho dói muito”, revela.
Não diagnosticado
Dona Iraci não sabe explicar qual é a deficiência de Antonio, só diz que ele é uma pessoa especial. Dos cinco filhos, apenas Patixa tem condições de ajudar a mãe; as filhas estão desempregadas, assim como o caçula.
Mãe criou os cinco filhos sem ajuda dos pais
Dona Iraci nunca casou. Ao longo da vida ela teve dois companheiros - o pai de Patixa e um segundo com quem teve mais quatro filhos. Mas ambos nunca a ajudaram e ela teve que se desdobrar para criar os filhos e os netos também. “Graças a Deus nunca casei. Trabalhei a vida toda em casa de família, foi assim que criei meus filhos. O pai do Antonio sempre foi muito ruim com a gente, ele bebia, era agressivo e foi por isso que eu não fiquei com ele. Eu e meus filhos já passamos por muitas coisas nessa vida, já moramos na casa da minha sogra e ouvimos muita coisa desagradável e é por isso que meu maior sonho é ter uma casa própria”, diz dona Iraci, que é interrompida pelo filho.
“Ganhamos uma casa no Viver Melhor, mas é muito longe e violento demais, por isso não moramos lá”, conta Patixa.
Segundo dona Iraci, a casa está alugada, mas até hoje ela não viu a cor do dinheiro. “Aluguei para um senhor, mas ele nem me paga. Essa semana vou lá pedir para ele desocupar a casa porque quero tentar fazer negócio com a Caixa Econômica”, completou.
Problemas e o amor em família
Além de Patixa, o filho caçula de dona Iraci também aparece uma vez ou outra para dormir no quitinete. Ele tem uma relação complicada com a família. “Meu irmão é envolvido com coisas erradas, às vezes chega aqui e quer brigar com a minha mãe, é complicado. Mas eu amo muito o meu irmão e fico preocupado pensando por onde ele anda, se já comeu... Também amo muito minhas irmãs, meus sobrinhos, primos, porque eu tenho dois primos, tios e avó. Amo a minha família de verdade, porque eu tenho família”, desabafa Patixa.
Em alguns momentos da entrevista, Patixa entra em um mundo de fantasias, onde diz que vai ser governadora para ajudar o povo, mas a lucidez volta assim que ela é questionada sobre o que sente pela mãe.
“Minha mãe é uma mulher muito guerreira, que trabalhou muito. Criou nós, eu, meu irmão, minhas irmãs e sobrinhos. Me deu muito carinho. Eu amo muito a minha mãe e nunca vou esquecer a minha mãe. Eu ajudo a minha mãe, graças a Deus eu tenho mãe”, declara.

Fonte: a Crítica
MANAUS - AMAZONAS

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