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O ar limpo e a presença de compostos orgânicos voláteis (COVs) – como os "aromas naturais" liberados em grande quantidade pela floresta amazônica através da transpiração das folhas – desempenham um papel fundamental na formação de chuvas. O climatologista Antonio D. Nobre chama esses aromas de "pó de pirlimpimpim".

Funciona assim: durante o dia, as florestas transpiram vapor d'água e COVs, que são essenciais para o processo de formação de nuvens. Esses compostos atuam como núcleos de condensação do vapor d'água, ajudando a formar nuvens mais densas. Além disso, a umidade transportada pelos ventos do oceano também contribui para a formação de nuvens carregadas, aumentando a chance de chuva.
Já a fumaça e a fuligem das queimadas na floresta têm um efeito oposto! A fumaça é uma mistura de vapores e pequenas partículas de carbono, enquanto a fuligem é composta principalmente por partículas sólidas de carbono. Essas partículas dificultam o agrupamento das gotas d'água, impedindo a formação de nuvens mais densas e, consequentemente, a chuva. Além disso, a fumaça e a fuligem bloqueiam a luz solar, afetando também a evaporação da água. Esse cenário cria um ciclo vicioso: menos chuva gera mais secas, que alimentam ainda mais as queimadas, resultando em mais fumaça e fuligem e, novamente, em menos chuva.
Nobre tem investigado o impacto das mudanças climáticas e da degradação da Amazônia sobre o ciclo hidrológico. Há dez anos, ele publicou o relatório científico “Futuro Climático na Amazônia”, onde explica como as queimadas e a destruição da floresta afetam profundamente a dinâmica das chuvas. Em 2021, colaborou no artigo “Evapotranspiration in the Amazon”, que examinou a mudança da evapotranspiração na Amazônia e como esse processo afeta a formação de chuvas.
Tratamos deste tema com frequência por aqui, porque os artigos de Antonio Nobre foram a primeira inspiração para o perfil ArvoreAgua. Sua leitura nos mostra a urgência de mudança. A ciência já é clara: cuidar da floresta viva é cuidar do clima e da vida no planeta. Isso precisa ser compreendido tanto pelos criminosos que destroem a floresta quanto pela opinião pública.
Saiba mais:
Entrevista com Lovejoy: Why We Can't Afford to Lose the Rainforest - National Geographic: https://bit.ly/4cSqbkD
Com Fearnside, do INPA: Trouble in the Amazon - The rainforest is starting to release its carbon. Nature, 2023: https://bit.ly/3Z8EMVW
Artigos
Nobre, A.D. “O Futuro Climático da Amazônia – Relatório de Avaliação Científica” - INPE, 2014: https://bit.ly/3MAiiFS
Baker, J.C et al. “Evapotranspiration in the Amazon: spatial patterns, seasonality, and recent trends in observations, reanalysis, and climate models”, Hydrol. Earth Syst. Sci., 25, 2279–2300, https://doi.org/10.5194/hess-25-2279-2021, 2021.: https://doi.org/10.5194/hess-25-2279-2021

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