Depois de dois dias em queda, o Ibovespa fechou esta quinta-feira em alta de 0,45% – de volta à casa dos 118 mil pontos. Isso apesar do humor lá fora, com as bolsas americanas vivendo um dia de cão puxado pelo setor de tecnologia. A Nasdaq fechou em baixa de 2,05%. O S&P 500 foi menos pior, -0,68%, deixando claro que o problema esteve mesmo no campo das techs. Ontem, a divulgação dos resultados da Tesla e da Netflix vieram melhores do que o esperado – mas decepcionaram Wall Street mesmo assim. Na montadora de Elon Musk, o que pegou foi a margem de lucro, que diminuiu 5,8 pontos percentuais em relação ao trimestre passado, para 18,2%. Fruto de uma política de redução dos preços dos carros elétricos implementada pela montadora para ganhar mais fatia de mercado. Nos EUA, o preço do Modelo Y, o mais vendido da companhia, caiu quase 30% desde o começo do ano. A ideia é sacrificar um pedaço do lucro agora para, no futuro, ganhar mais com a venda de softwares para os carros dos clientes. Apesar da estratégia – entre nós, bastante lógica – a minguada na margem de lucro desagradou os investidores. E foi somado a uma fala pessimista de Musk, que projeta uma "pequena queda" na produtividade da Tesla no terceiro trimestre – já que, segundo ele, algumas fábricas da companhia tiveram que ser fechadas para melhorias. Aí o mau humor tomou conta: as ações da empresa caíram 9,74% na Nasdaq. A Netflix tropeçou na mesma pedra: tombo de 8,41%. Na companhia de streaming, o dado problemático foi a receita, que veio em US$ 8,2 bilhões (contra expectativa de US$ 8,3 bi). E a projeção para o próximo trimestre não vai muito além disso: US$ 8,5 bilhões. O receio é que a empresa não tenha muito mais para onde crescer. Vale lembrar que as duas estão entre as maiores beneficiadas do boom das techs deste ano. Desde janeiro, as ações da Tesla subiram mais de 140%. As da Netflix, 47% – em 12 meses, a alta é de 100%. Ou seja: as expectativas para bons resultados estava na lua. E agora passam por uma aterrissagem forçada. Pior: depois dos balanços frustrados da dupla, a desconfiança respingou sobre demais ações tech. Mesmo a Nvidia, que encabeça o entusiasmo em torno das IAs e é a queridinha do ano nas bolsas mundiais, com alta de 210% em 2023, caiu forte na sessão: -3,31%. Dividendos da petrobras Por aqui, as velhas e nem sempre boas ações ligadas às commodities ajudaram o Ibovespa a ficar positivo. A Vale (VALE3) subiu de levinho (0,22%) em mais um dia de expectativas de novos estímulos econômicos vindos da China. Desde segunda-feira, quando o PIB do país veio mais fraco do que o esperado, o mercado redobrou suas apostas de que Xi Jinping deverá anunciar um novo pacote de medidas para estimular o mercado imobiliário chinês – que passa por uma crise de crédito desde de 2020. Quem comemora são os futuros do minério de ferro, já que a demanda pela commodity deve aumentar caso a economia asiática ganhe um empurrãozinho governamental para retomar seu crescimento acelerado. Hoje, o minério subiu 1,74% em Dalian. Já a Petrobras começou o dia caindo, mas também fechou em pequena alta (PETR4 +0,10%). Essa puxada por esclarecimento sobre a nova política de dividendos da empresa. Segundo Sergio Leite, diretor financeiro da companhia, a companhia deve divulgar o novo formato de remuneração aos acionistas da estatal até o fim deste mês. A política começou a ser revista em maio, a pedido do conselho de administração. A gestão do atual governo critica a magnitude das distribuições, que prevê dividendos de 60% do que sobra no caixa da empresa depois dos investimentos em Capex (ou seja, aquele destinado ao próprio crescimento da companhia) – isso quando o endividamento estiver abaixo de US$ 65 bilhões. Segundo Leite, a nova política deve manter esse modelo, mas diminuir a porcentagem – já que a ideia é reinvestir mais grana na operação da petroleira. O UBS BB estima que os dividendos do segundo tri devam ser de 40% do fluxo de caixa (uns US$ 2,3 bilhões). A XP mira no mesmo percentual. Já o Credit Suisse fala em US$ 3,7 bilhões. ITUB4, a terceira companhia com maior peso no Ibovespa, também ajudou o índice com sua alta de 1,86%. No ano, o Itaú sobe 16,60% – bem atrás do Banco do Brasil, por exemplo, com seus 44,65%. Hoje, tirou um pouco da diferença. O banco solta seu balanço no dia 07 de agosto. Em obras Em dia de agenda vazia, com o Congresso ainda em recesso e sem divulgação de dados macroeconômicos, as atenções se voltaram para a pauta microeconômica. Hoje, a equipe de Haddad lançou a Agenda de Reformas Financeiras, um programa que deve avaliar 17 propostas de novas políticas para o setor financeiro. A ideia é corrigir falhas regulatórias que atrapalham o desenvolvimento do mercado de capitais, de seguros e de previdência privada no país. Marcos Pinto, o secretário de Reformas Econômicas, disse se tratar de “pequenas reformas, que, em conjunto, vão ter um impacto muito significativo na economia brasileira”. Segundo ele, o objetivo é direcionar mais investimentos para o mercado privado – ao invés de mantê-los majoritariamente em títulos públicos. Mais: fazer com que empresas de menor porte entrem no mercado de capitais por meio da captura de dívidas. As 17 propostas foram confeccionadas por 40 instituições do setor, entre elas a Anbima, a Febraban e a Abecip. A Anbima, por exemplo, propôs a simplificação da tributação de ETFs – que de fato é um terror, já que você precisa pagar via Darf no caso dos de renda variável, e mesmo se o lucro for de R$ 1, você deve alguma fatia ao leão. Nonsense. É isso. Que da Agenda saia um mercado de capitais menos kafkiano. Até amanhã! Maiores altas Natura (NTCO3): 4,96% Ambev (ABEV3): 1,98% BB Seguridade (BBSE3): 1,76% Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): 1,44% Itaú Unibanco (ITUB4): 1,86% Maiores baixasLocaweb (LWSA3): -3,70% Gol (GOLL4): -3,60% Eneva (ENEV3): -2,56% Méliuz (CASH3): -1,31% BRF (BRFS3): -1,61% Ibovespa: 0,45%, aos 118.082 pontos Em NY: Dow Jones: 0,47%, a 35.224 pontos S&P 500: -0,68%, a 4.534 pontos Nasdaq: -2,05%, a 14.063 pontos Dólar: 0,36%, a R$ 4,80 Petróleo Brent: 0,23%, a US$ 79,64 por barril WTI: 0,48%, a US$ 75,65 por barril Minério de ferro: 1,74%, a US$ 118,23 por tonelada na bolsa de Dalian |
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