Foi um voo e tanto. As ações da Azul (AZUL4) decolaram incríveis 38% nesta segunda-feira, levando no bagageiro também a Gol, que saltou impressionantes 24%, e a CVC, +19%.
Um combo de notícias beneficiou as ações das aéreas e de turismo. A primeira veio ainda ontem, quando a Azul anunciou que firmou acordo de renegociação de dívidas com arrendadores que, juntos, representam mais de 90% do seu passivo de arrendamento.
A novidade veio como uma brisa de ar fresco para a empresa, que já vinha estudando há algum tempo maneiras de lidar com suas dívidas acumuladas referentes ao aluguel de aeronaves. O alto endividamento é um dos fatores que o mercado vinha mantendo no radar quanto ao setor das aéreas.
Segundo o Estadão, o total de dívidas aos arredondadores para 2023 soma R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 3,2 bi do aluguel anual das aeronaves mais R$ 600 milhões que eram para ter sido pagos, mas foram adiados por conta da pandemia. Do total da dívida bruta da empresa, o arrendamento de aeronaves corresponde a 80%.
Na renegociação fechada agora, os arrendadores diminuirão o pagamento do aluguel e, em troca, receberão ações da empresa e títulos de dívida que vencerão em 2030.
Em nota, a Azul afirmou que os acordos fazem parte de “um plano abrangente que visa fortalecer a geração de caixa da Azul e melhorar a estrutura de capital”.
Os números exatos serão anunciados em duas ou três semanas, quando as negociações com todos os arrendadores forem concluídas, anunciou hoje o presidente da Azul, John Rodgerson. Mas adiantou boas novas: a empresa deve fechar 2023 com equilíbrio financeiro, e até gerar caixa em 2024, graças ao acordo.
A notícia mais que agradou o mercado, dado o desempenho da ação de hoje. Em relatório, o Goldman Sachs afirmou que espera mais detalhes do acordo, mas que a notícia é positiva já que risco de crédito tem sido um dos principais temas para o setor aéreo.
Não foi a única novidade. A Azul também divulgou balanço antes da bolsa abrir, e os números agradaram. O aumento da demanda num mundo pós-pandêmico ajudou a empresa a ter receita recorde de R$4,5 bilhões no quarto trimestre de 2023, um valor 37% acima do mesmo período de 2019, antes da pandemia, e 19,4% acima do mesmo período de 2021.
No ano de 2022, a companhia teve prejuízo de R$ 2,7, redução de 22,9% nas perdas na comparação com 2021. No último trimestre, o prejuízo ajustado foi de R$ 610,5 milhões.
O combo de reestruturação da dívida, melhores números em 2022 e a expectativa de uma forte demanda por voos em 2023 explica a euforia do mercado. Que, diga-se, deu carona também para a Gol e CVC Brasil.
Com esse otimismo no radar, o Ibovespa conseguiu fechar em alta de 0,80% aos 104.700 pontos. Não conseguiu, porém, se sustentar acima dos 105 mil pontos, patamar que alcançou no pico do dia. É que tinha gente puxando pra baixo também.
China hoje
Do lado das baixas, o destaque ficou para o setor de mineração e siderurgia. As sete maiores perdas do índice foram de empresas do setor (veja abaixo), incluindo a gigante Vale (VALE3), que fechou em queda de -3,53%. Logo depois vieram mais duas empresas ligadas a uma commodity: Suzano (SUZB3, -0,87%) e Klabin (KLBN11, -0,96%), que vendem celulose.
O motivo? No final de semana, a
China anunciou que sua meta de crescimento em 2023 será de “apenas” 5%. Um número que parece bom para os padrões de meros mortais, mas não para o parâmetro chinês: é o menor avanço esperado para o PIB do país em mais de três décadas.
A perspectiva de um esfriamento chinês naturalmente derruba os preços das commodities no mundo. O petróleo, que abriu em baixa, conseguiu escapar do azedume ao longo do pregão e fechou em alta de 0,41%.
O minério não escapou, com queda de mais de 2%, o que explica o bottom das ações do índice. Mas nem de longe a dor de cabeça foi o suficiente para estragar o voo do Ibovespa.
Até amanhã.
Maiores altas
Azul (AZUL4): 37,98%
Gol (GOLL4): 23,78%
CVC Brasil (CVCB3): 19,29%
Via (VIIA3): 10,34%
BRF (BRFS3): 6,99%
Maiores baixas
CSN (CSNA3): -3,84%
Vale (VALE3): -3,53%
Gerdau (GGBR3): -3,20%
Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -2,24%
Bradespar (BRAP4): -1,38%
Ibovespa: 0,80% aos 104.700 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,07%, aos 4.048
Nasdaq: -0,11%, aos 11.675 pontos
Dow Jones: 0,12%, aos 33.431 pontos
Dólar: -0,58%, a R$ 5,1699
Petróleo
Brent: 0,41%, a US$ 86,18
WTI: 0,98%, a US$ 80,46
Minério de ferro: -2,13%, negociado a US$ 129,45 por tonelada em Dalian (China)
Nenhum comentário:
Postar um comentário