Bom dia! Apesar da guerra iniciada pelo governo Lula contra os juros altos, ninguém realmente esperava um corte na decisão do Copom de ontem. Por isso, quando a manutenção dos atuais 13,75% veio, não surpreendeu. O que rolou de novidade mesmo foi o tom do Banco Central, considerado extremamente hawkish pelo mercado. O comunicado descartou qualquer possibilidade de cortes nos juros no horizonte mais próximo. Pelo contrário: voltou a citar a possibilidade de subir os juros novamente, caso a inflação continue persistente, uma opção que já nem estava mais no radar de muita gente. O Copom até reconheceu que a economia global anda cambaleante, principalmente com a recente crise no sistema financeiro após a quebra do SVB e a derrocada do Credit Suisse. Também disse que a reoneração dos combustíveis feita pelo governo federal ajudou a reduzir a “incerteza dos resultados fiscais no curto prazo”. Mas, no fim das contas, a postura cautelosa predominou. O arcabouço fiscal, que Haddad já queria ter divulgado, foi um dos protagonistas da decisão. Lula adiou a nova regra para depois de sua volta da China, ou seja, em abril. Até lá, as incertezas do Copom sobre as contas públicas giram em torno dele. O BC teme que o arcabouço seja flexível demais e acabe dando espaço para a gastança promovida pela ala política do governo. Com o novo comunicado, então, ninguém espera corte nos juros tão cedo. Tanto o Citi quanto o Itaú, por exemplo, preveem que os cortes só virão no último trimestre do ano, com a taxa fechando 2023 em 12,25% e 12,5%, respectivamente. O Bank of America é mais otimista e vê a Selic terminando o ano em 11%, com o primeiro corte ainda em maio – mas reconhece a possibilidade de adiamento do começo dos cortes, dado o tom do comunicado. E o governo? Reagiu como o esperado: com críticas ao BC. Enquanto Gleisi Hoffmann, presidente do PT, foi ao Twitter criticar a decisão (como de costume), Haddad classificou o comunicado do Copom como “preocupante”, mas manteve um tom mais cordial e sinalizou por diálogo, não ataques. De qualquer forma, o recado duro do Copom deve pesar no mercado. O Ibovespa vem se segurando por um fio nos 100 mil pontos e a Selic alta por mais tempo pode ser a gota da água que levará o índice para os dois dígitos, a depender de como investidores vão digerir a postura do Banco Central a partir de agora. Enquanto isso, nos EUA, os futuros indicam uma leve recuperação da sangria de ontem – causada também por conta da decisão do Fed, o banco central deles, que subiu os juros mesmo em meio a uma possível crise bancária, porque a inflação por lá segue firme e forte. Nesta quinta-feira, um outro banco central está no foco: é o Banco da Inglaterra, que anuncia sua decisão às 9h. A previsão é de um novo aumento nos juros, também por causa da inflação, embora uma pausa na trajetória não seja impossível. Mais cedo, dois outros bancos centrais europeus, o norueguês e o suíço, subiram seus juros. Pois é: não é jabuticaba. Bons negócios. |
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