Era previsto – e veio em linha com as projeções dos analistas – porque o preço do
petróleo passou 2022 nas alturas, como você bem sabe. O barril do Brent chegou a beirar os US$ 130 no ano passado, alavancando na mesma medida os lucros das petroleiras e a inflação global.
Essa disparada fez a Petrobras vender o seu suco de dinossauro por um preço 43% maior no ano passado quando comparado a 2021. Deu uma média de US$ 101,19 por barril. Considerando todos os produtos vendidos pela companhia, incluindo combustíveis, a alta foi de 51,9%. Além da valorização do Brent, a empresa também turbinou seu lucro com venda de ativos, como campos de petróleo.
A combinação fez a Petrobras registrar o maior lucro anual da história para uma empresa da bolsa brasileira, de acordo com dados da TradeMap. O número supera o recorde da R$ 129,1 bilhões da Vale, em 2021.
E são esses números impressionantes, combinados com uma política agressiva de distribuição de resultados, que fez a Petro fechar o ano como a segunda melhor pagadora de dividendos do mundo, atrás apenas da mineradora BHP.
O lance é que, no ano passado, o governo Bolsonaro decidiu elevar os pagamentos para turbinar o caixa da União, maior acionista da companhia e, portanto, quem mais se beneficia com uma política generosa de distribuição de resultados.
A nova gestão tem uma visão distinta. O governo Lula 3 acredita que o lucro “exagerado” da estatal tem efeitos adversos para o bem estar social, já que ocorre às custas de preços elevados de combustíveis. Há ainda o entendimento de que a companhia deveria reter uma parte maior de seus lucros para investir na transição energética, tema que foi negligenciado nos últimos governos.
É daí que vem os anúncios de redução nos preços dos combustíveis – ontem foi decidida a redução de 14% no querosene de aviação – e
a taxação temporária das exportações de petróleo, uma medida alvo de bastante crítica entre os mais ortodoxos.
Ou seja, os números de 2022 não devem se repetir em 2023. E nem precisava da intervenção do governo na petroleira. Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos, o Brent deve ter preço médio de US$ 83 por barril em 2023 (a faixa atual), o que significa um potencial de receitas 18% menor.
Por hoje, investidores se agarram ao resultado impressionante. Os recibos de ações negociados nos EUA sobem 3,44% nesta manhã, e dão o sinal positivo para a abertura da B3, logo mais às 10h. Antes, o Brasil ainda conhecerá o PIB do 4º trimestre, que deve ter recuado, segundo estimativas coletadas pela Bloomberg.
Decepção mesmo investidores encontraram em outro lugar: na
Tesla.
Ontem, Elon Musk foi o anfitrião de um evento para investidores da montadora, daqueles com ares de Steve Jobs nos áureos tempos. O problema é que faltou o “one more thing” do gênio da Apple, o momento em que vinha o anúncio mais esperado, com efeito UAU. Para investidores, seria o anúncio de um modelo “de entrada” da montadora, capaz de alavancar as vendas.
A resposta a essa expectativa foi a seguinte: “Eu adoraria realmente demonstrar o que estou dizendo, e revelar o carro da próxima geração, mas vocês vão precisar confiar em mim até uma data futura”, disse… Musk? Não. Foi a fala de Franz von Holzhausen, o diretor de design da companhia.
A queda de 6% das ações da montadora no pré-mercado mostra que a confiança está em falta em Wall Street.
O dia, de qualquer maneira, tem tudo para ser azedo por lá. Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq vão sendo negociados em queda, mesmo sinal das bolsas na Europa.
Por fim, o Brasil ainda terá mais um capítulo da novela Oi. Depois de pedir uma “pré-recuperação judicial”, agora a
OIBR3 oficializou o pedido de proteção à Justiça. Há um debate profundo do quão aceitável a demanda é, já que a companhia deixou sua recuperação judicial anterior em dezembro. A ver o que a Justiça vai decidir. Bons negócios.
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