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Abril Comunicações
ABERTURA DE MERCADO
 
Governo usa queda de 0,2% no último trimestre de 2022 para pressionar BC por uma redução nos juros – e até Tebet entrou na jogada.
 
 
Por Bruno Carbinatto e Camila Barros
 
 
Bom dia!
 
Não está nada fácil para o Ibovespa. O índice vem em uma sequência de cinco quedas, acumulando perda de 2,3% na semana. E as dores de cabeça que assombram o mercado estão longe de cessar.
 
A novela dos juros é mais uma que ganhou um novo capítulo, disputando o protagonismo do noticiário com sua prima, a novela dos combustíveis (e da Petrobras). O motivo: o PIB do Brasil em 2023, divulgado ontem. Ele subiu 2,9% no ano passado, em linha com o esperado. Mas caiu 0,2% no último trimestre, um sinal de desaceleração econômica.
 
O enfraquecimento do PIB vira gasolina para o governo atacar o Banco Central. Nisso, até Simone Tebet, do Planejamento, usou o dado para pressionar por uma redução dos juros, se unindo à longa briga comprada por Lula e Haddad (ainda que de maneira menos agressiva). A ministra disse que espera "um gesto positivo a favor do Brasil" do Copom.
 
Desaceleração econômica é efeito colateral dos juros altos, é verdade. Mas juros não se abaixam na canetada. Eles permanecem altos no Brasil porque a inflação também se mantém firme e forte próxima dos 6%, bem acima da meta de 3,25%. Um dos motivos que forçam a taxa a ficar no patamar onde está por mais tempo, segundo o próprio Copom, são as sinalizações dúbias do novo governo quanto à responsabilidade fiscal, que também mantém as expectativas de inflação lá no alto (o boletim Focus prevê 5,90% para esse ano). Mesmo assim, o governo segue escolhendo a linha bélica.
 
Lula voltou a atacar Campos Neto, presidente do banco central, em entrevista à Band ontem. Ao anunciar a retomada parcial dos impostos dos combustíveis (além do novo imposto temporário sobre as exportações de petróleo cru), Haddad também pressionou o BC nesta semana, alegando que as medidas vão arrecadar R$ 28,9 bi e, assim, diminuir o rombo do governo.
 
A bola, agora, está com Campos Neto, que se mantém a parte mais quieta nessa guerra declarada. O Copom se reúne novamente nos dias 21 e 22 deste mês.
 
Em tempo: o Ministério da Agricultura confirmou que o caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), a “doença da vaca louca” registrado no Pará em fevereiro foi confirmado como atípico. Casos atípicos são aqueles em que os bovinos desenvolvem a espontaneamente – e não a transmitem. Pode acontecer com qualquer animal, sem risco para os outros e para os humanos. Boa notícia para as perspectivas de retomada das exportações à China, que foram suspensas com a detecção do caso, como prevê o protocolo.
 
Bons negócios.
 
 
• Futuros do S&P 500: 0,19%
• Futuros do Dow Jones: 0,10
• Futuros do Nasdaq: 0,25%
 *às 8h06
 
 
Otimismo da XP com ABEV3
A Ambev divulgou ontem um lucro líquido de R$ 5,3 bilhões no 4T22, 36% acima do mesmo período do ano passado. Mas o balanço não desceu redondo para o mercado, que esperava maiores volumes de venda. E os papéis caíram 2,52%, a R$ 13,13.
 
A XP, porém, nadou contra a corrente. Os analistas da corretora consideram que a redução nos custos elevou as margens a um patamar maior do que eles esperavam. E reforçaram a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 18,10 – 37,8% acima do atual.
 
 
 
Quatro dirigentes do Fed – Lorie Logan, Raphael Bostic, Michelle Bowman e Thomas Barkin – falam em eventos públicos hoje, às 13h, 13h45, 17h 18h.
13h - PMI global de serviços
 
 
 
• Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,75%
• Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,21%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,02%
• Bolsa de Paris (CAC): 0,73%
*às 8h13
 
 
• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,31%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,56%
• Hong Kong (Hang Seng): 0,68%
 
 
 
• Brent*: -0,17% , a US$ 84,61
• Minério de ferro: 1,04%, negociado a US$ 133,12 por tonelada em Dalian (China)
*às 8h01
 
 
Salários nos EUA diminuem o ritmo de aceleração – e isso pode frear as altas de juros do Fed.
Os salários nos EUA subiram, em média, 5,1% no ano passado. Ainda mais do que os já gordos 4,5% de 2021. São cifras pouco compatíveis com a meta de inflação do Fed (2%). Logo, elas têm pressionado o banco central americano a seguir subindo os juros por lá – o que deixa o dólar mais caro por aqui, e acaba pressionando a nossa taxa de juros.
 
O alargamento dos contracheques gringos tem a ver com o baixíssimo índice de desemprego por lá. A taxa está em 3,4% – a menor em meio século. Logo, os trabalhadores ganham mais poder de barganha. Mas há um outro lado nessa moeda.
 
A aceleração dos salários está diminuindo. O pico recente rolou no primeiro trimestre de 2022: alta de 1,4% em relação ao 4T21. No segundo trimestre, ela baixou para 1,3%. No terceiro, para 1,2%. No quarto, para 1%.
 
Tudo isso num cenário em que o desemprego só caiu. Em janeiro de 2022, ele estava em 4%. Para alguns economistas, então, só pode haver um motivo: a expectativa de inflação futura está diminuindo entre os trabalhadores (e os empregadores) americanos. E isso tem reduzido as altas nos salários. Caso o fenômeno siga, ele pode quebrar a espiral inflacionária – e fazer com que o Fed freie a taxa de juros mais cedo. Veja mais aqui, neste artigo da Bloomberg.

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