A confirmação de um caso de doença da vaca louca em um animal na cidade de Marabá, Pará, fez com que o governo suspendesse as exportações de carne para a China. O nome técnico da doença é encefalopatia espongiforme bovina. A transmissão acontece via príons, uma espécie de proteína defeituosa que Ela degenera o cérebro de bovinos e pode saltar para humanos – via consumo de carne contaminada. Ontem, quando o caso era só uma suspeita, as ações dos frigoríficos sofreram, com queda de 7,92% para Minerva (BEEF3) e mais de 4% para Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3). Falta confirmar se o caso é "atípico", ou seja, que tenha se desenvolvido naturalmente num animal idoso, sem risco de disseminação. Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, informa que a conformação virá após o resultado de exames, a serem feitos por um laboratório canadense. Os futuros do S&P 500 e da Nasdaq acordaram no verde, depois de os índices terem ido dormir mal humorados ontem. A interpretação aí é simples: a narrativa do Fed sobre a escalada na taxa de juros pode não ser aquela que o mercado pediu a Deus, mas ela é coerente. Isso traz algum nível de previsibilidade. A percepção, a princípio, é a de que as expectativas dos agentes financeiros e as tendências do Fed começam a se alinhar. No começo do ano, o mercado previa um pico em 4,90% lá para julho. Hoje, a bola de cristal mostra 5,55%. É a mesma expectativa de James Bullard, presidente do Fed de St. Louis (na prática, um dos diretores do banco central americano). O pavor com a escalada dos juros pode estar ficando para trás. É o que mostram os próprios números do S&P 500 neste ano. Depois de registrar uma queda de 19,44% em 2022 (a pior desde 2008), o principal índice dos EUA vem tendo um ano positivo: 2,62%. Por aqui, temos o oposto diametral: -2,61%, cortesia justamente da imprevisibilidade que passou a reinar sobre os rumos da nossa política econômica. O último Boletim Focus, divulgado na quarta, dá a letra. A projeção dos economistas consultados pelo BC para o IPCA de 2024 subiu de 5,79% na semana passada para 5,89% agora. Mas o disparo mesmo rolou na expectativa de inflação futura. Salto de 3,60% para 3,78% na previsão para 2025. Quando sobe a expectativa de inflação, o normal é que a previsão para a Selic acompanhe, já que ela existe para se contrapor às altas nos preços. Não é o que aconteceu. A previsão para 2025 foi mantida, em 9%. Ou seja: é o mercado precificando a chegada de um presidente do BC alinhado à política desenvolvimentista (pouco afeita ao controle da inflação) – o mandato de Roberto Campos Neto, afinal, acaba em 2024, e Lula estará livre para colocar alguém de sua confiança no BC (se bobear, sem "estabilidade no emprego", caso ele consiga de fato derrubar a lei que determina a independência do BC). Isso torna o nosso futuros menos previsível que o dos EUA. E os agentes financeiros respondem de forma pragmática: vendendo ativos aqui e comprando lá. Bons negócios. |
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