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MERCADO FINANCEIRO
 
Resultado operacional da mineradora surpreendeu parte dos analistas. Petrobras e Banco do Brasil disparam. E há ainda a Natura e o plano de um IPO da Aesop.
 
 
Por Tássia Kastner
 
 
Os Estados Unidos sempre começam na frente a temporada de divulgação de resultados. E após três dias de números por lá, investidores estão se sentindo mais confiantes. Os bancos continuam exibindo quedas na faixa de 50% nos seus lucros, mas – por incrível que pareça – isso é menos pior que o esperado pelo mercado.
 
Resultado: as bolsas americanas emendaram um segundo dia de alta sólida por lá (+1,13% no S&P 500 e + 0,90% no Nasdaq).
 
Foi o suficiente para que a Faria Lima seguisse a toada de se apegar às notícias positivas. Dessa maneira, investidores acolheram de braços abertos os dados de produção da Vale. A companhia divulgou um aumento de 21% na produção de minério no terceiro trimestre, isso quando comparado com o segundo trimestre.
 
A expansão foi basicamente uma cortesia do clima: choveu menos, e a Vale conseguiu extrair mais do material das rochas no norte do país. Houve ainda alta de 51% na produção de níquel e 32,9% no cobre – esses dois, com menor peso para os resultados da companhia.
 
Na comparação com o mesmo período do ano passado, não há tanto a se comemorar. A companhia registrou uma disparada de 75% em níquel, mas o carro-chefe da companhia ficou basicamente no zero a zero (+1,1%).
 
E há ainda o problema da estabilização do preço do minério abaixo dos US$ 100, um efeito das expectativas de menor crescimento econômico. A China, por sinal, está segurando os dados do PIB – dá para especular com alguma tranquilidade que o desempenho da economia foi terrível, dado os lockdowns para evitar novos surtos de Covid. Pode-se dizer que isso é apenas olhar pelo retrovisor, e que a Vale atravessou bem esse período.
 
O problema é que o indicador da Bloomberg apontou uma chance de 100% de recessão nos Estados Unidos nos próximos 12 meses. E recessão nos EUA com crescimento menor na China é o combo perfeito para desacelerar toda a economia global, que vive de vender sua produção para os maiores países.
 
Por enquanto, nada capaz de abalar a tranquilidade com que analistas estão olhando para a mineradora. Citi, BB Investimentos, Santander e BTG Pactual têm recomendação de compra para a ação. Morgan Stanley, Bank of America, e Goldman Sachs têm indicação "neutra", que basicamente significa não ter ações da companhia.
 
As ações da Vale (VALE3) fecharam o dia em alta de 1,83%, a R$ 71,96.
 
Um segundo alerta vermelho do mercado vem do petróleo. Após uma breve recuperação, que colocou o combustível de volta ali na faixa dos US$ 95 por barril, o petróleo voltou a cair. Bem, se as previsões de recessão estiverem certas, uma redução no consumo da commodity é inevitável – e aí o preço tem tudo para cair. Nesta terça, o barril voltou ali para a faixa mais dos US$ 90.
 
A Petrobras fez que não era com ela. A vibe no Rio de Janeiro anda mais para "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". É que a estatal está sob pressão ferrenha do governo federal, que não pode nem sonhar com um aumento nos preços dos combustíveis faltando 12 dias para o segundo turno. Preço menor do petróleo diminui a pressão de intervenção, mas também afeta as receitas.
 
Com o controle de preços, a gasolina estaria 9% mais barata no Brasil que no exterior, enquanto a defasagem nos preços do diesel rondaria os 13%, de acordo com a Abicom (associação de importadores).
 
Bolsonaro tem usado o aparato estatal para tentar diminuir o gap em relação ao ex-presidente Lula, que lidera a corrida.
 
Só que nesta terça, para arrematar os sinais confusos, a PETR4 subiu 2,46%. E não subiu sozinha: o Banco do Brasil (BBAS3) saltou 5,14%.
 
Natura
 
O dia ainda teve a Natura como destaque. A empresa brasileira vem atravessando um inferno astral desde a compra da Avon. Os negócios perderam fôlego com a alta da inflação – não só no Brasil –, e a companhia não conseguiu "capturar as sinergias" esperadas com a aquisição dos negócios. Isso significa que ela não conseguiu aumentar a rentabilidade das operações com o crescimento, e nem reduzir custos como esperado.
 
Desde o pico recente, em março, as ações se desvalorizaram 50%.
 
Antes de comprar a Avon, a Natura já havia incorporado a australiana Aesop. Agora, o plano é fazer o IPO dessa unidade de negócio. Investidores aplaudiram com uma alta de quase 10% nos papéis, isso mesmo com os alertas de que esse não é exatamente o melhor momento para uma abertura de capital. A B3 não registrou nenhum IPO neste ano, e as coisas não está lá muito melhores em Wall Street.
 
De qualquer maneira, a companhia por hoje deu a sua contribuição para uma alta de 1,91% no Ibovespa, que fechou a 115.795 pontos.
 
No fundo, é disso que investidor precisa todo dia. Notícias positivas para se agarrar. Até amanhã.
 
Maiores altas
 
Natura (NTCO3): 9,62%
Vibra (VBBR3): 6,12%
Locaweb (LWSA3): 5,69%
Ultrapar (UGPA3): 5,63%
Hapvida (HAPV3): 5,27%
 
Maiores baixas
 
Assaí (ASAI3): -9,22%
Via (VIIA3): -2,01%
Méliuz (CASH3): -1,74%
Eztec (EZTC3): -1,22%
Magazine Luiza (MGLU3): -1,14%
 
Ibovespa: 1,91%, a 115.795 pontos
 
Nova York
Dow Jones: 1,13%, a 30.528 pontos
S&P 500: 1,16%, a 3.721 pontos
Nasdaq: 0,90%, a 10.772 pontos
 
Dólar: -0,91%, a R$ 5,2547
 
Petróleo
Brent: -1,73%, a US$ 90,03
WTI: -2,91%, a US$ 82,07
 
Minério de ferro: -0,36%, a bolsa da Dalian

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