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MERCADO FINANCEIRO
 
PIB acima do esperado e virada nos EUA ajudam o índice a começar o mês com o pé direito.
 
 
Por Alexandre Versignassi
 
 
De virada é mais legal. Depois de passar o grosso desta quinta em baixa, na esteira do pessimismo americano, o Ibovespa virou para o azul: alta de 0,81%, em 110.405 pontos – a máxima do dia.
 
A corrente pra frente foi tanta que a Petrobras, após abrir em queda, terminou o dia subindo 1,87% – mesmo num dia de tombo forte do barril (-3,43%) e de mais um reajuste para baixo no preço da gasolina (-7%). Nota: de acordo com a XP, mesmo com a redução, a gasolina vendida por aqui ainda está 1,5% mais cara do que no mercado internacional.
 
Bom, em Nova York o movimento das bolsas foi parecido. O tal pessimismo gringo, fruto da certeza cada vez mais inabalável de que o Fed vai continuar pegando pesado nos juros, deu uma arrefecida no finalzinho do pregão. Após passar boa parte da quinta perto dos -1%, o S&P 500 fechou o dia em 0,30%.
 
Mercado financeiro não é economia real, vale lembrar. É uma arena de apostas. Economia real é taxa de emprego. E dessa seara veio uma boa notícia. O número de pedidos de seguro desemprego da semana veio menor que a expectativa: 232 mil, contra uma previsão de 245 mil.
 
Por um lado, isso aumenta o temor de que o Fed suba os juros para matar a inflação sem medo de quebrar o país durante o processo. Por outro, sinaliza que a economia real vai bem – e quem produz os lucros das empresas de capital aberto é a economia…
 
No fim, venceu o lado economia real do cabo de guerra. E por aqui também tivemos boas notícias nessa seara, com o senhor Produto Interno Bruto.
 
Alta no PIB
 
O PIB subiu 1,2% no segundo trimestre, na comparação com o período imediatamente anterior. É o quarto resultado positivo em sequência e, mais importante, mostra uma aceleração. Olha só, pelas taxas dos últimos cinco trimestres:
 
2T21: -0,3%
3T21: 0,1%
4T21: 0,8%
1T22: 1,1%
2T22: 1,2%
 
Diante do segundo trimestre de 2021, ou seja, em 12 meses, a alta é de 3,2%.
 
Um ponto fora da curva: nessa comparação anual, o PIB do agro caiu (grossos -2,5%). Culpa, principalmente, da menor produção de soja (-12%) e de arroz (-8%). Já os setores de serviços e de consumo das famílias seguraram a bronca, com altas superiores a 4%. Veja aqui como foi o desempenho de cada uma das áreas:
 
Agropecuária: -2,5%
Indústria: 1,9%
Serviços: 4,5%
Consumo das famílias: 5,3%
Consumo do governo: 0,7%
FBPC*: 1,5%
 
*em tempo: FBPC significa "Formação Bruta de Capital Fixo". Simplificando: são basicamente compras de máquinas, equipamentos e material de construção. Ou seja, bens que não são exatamente de consumo, pois existem para produzir outros bens. Quanto maior a compra desses "bens ao quadrado", melhores as perspectivas para a economia.
 
Falando em perspectivas, o aumento foi bem maior do que o esperado. A pesquisa da agência Refinitiv com economistas apontava para 2,9% na comparação anual, e de 0,9% na trimestral.
 
Diante da surpresa, os bancos e casas de análise começam a mudar seus chutes para o PIB final de 2022. Na bola de cristal do Goldman Sachs, por exemplo, agora aparece um crescimento de 2,9% para este ano, versus 2,2% até ontem.
 
No Boletim Focus, a pesquisa semanal do BC com o mercado, a previsão mais recente é para uma alta de 2,1%. Mas esse levantamento rolou da semana passada. O da próxima, que sai na segunda (5), deve vir com um número menos magro.
 
A alta no PIB aconteceu com a inflação desacelerando, do pico de 12,13% em 12 meses no mês de abril para 10,07% em julho. Isso deu mais confiança ao mercado de que alta na Selic deve parar na próxima reunião do Copom. A expectativa é a de que o BC coloque módicos 0,25pp, elevando a taxa a 14%, e pare por aí.
 
Quem diz isso é o mercado de juros futuros. O DI (taxa que acompanha a Selic) para 2025, por exemplo, caiu 0,21 ponto percentual, para 11,79%. Um tombo generoso.
 
Quanto maior a queda nos juros futuros, maior a valorização dos títulos públicos IPCA+, que prometem boas altas para os próximos meses caso o cenário siga como está, mas essa é outra história – que você verá logo mais na Você S/A.
 
E bom também para as construtoras – quanto mais baixos os juros lá na frente, afinal, mais aquecido fica o mercado imobiliário, que tanto depende de financiamentos. Com isso, elas fecharam entre as maiores altas do dia (veja abaixo). Pois é: nada mais "economia real" do que concreto armado.
 
Até amanhã.

 
Maiores altas

MRVE3 (MRVE3): 7,59%
Cyrela (CYRE3): 6,92%
Banco Pan (BPAN4): 5,45%
JHSF (JHSF3): 5,16%
Cogna (COGN3): 4,03%
 

Maiores baixas
IRB (IRBR3): -14,63%
Pão de Açúcar (PCAR3): -5,26%
Petz (PETZ3): -5,32%
Embraer (EMBR3): -4,84%
Bradespar (BRAP4): -4,84%
 
Ibovespa: 0,81%, a 110.405 pontos
 
Em NY:
S&P 500: 0,30%, a 3.966 pontos
Nasdaq: -0,26%, a 11.785 pontos
Dow Jones: 0,47%, a 31.657 pontos
 
Dólar: 0,71%, a R$ 5,23
 
Petróleo
Brent: - 3,43%, a US$ 92,36 o barril
WTI: - 3,28%, a US$ 86,61 o barril

Minério de ferro: -1,17%, a US$ 97,90 a tonelada, na bolsa de Dalian

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