MASTROS DE PÉ MANTÉM VIVA A TRADIÇÃO DE MAIS DE 300 ANOS DO ÇAIRÉ
Hasteamento marca abertura oficial da festa
O Distrito de Alter do Chão já está vivendo a festa do Çairé. Hoje, 15, os dois mastros (troncos de árvores) que foram deixados na Praia da Gurita (Cajueiro) no último sábado, 10, foram hasteados dando início oficialmente a maior manifestação folclórica-cultural do Oeste do Pará. O rito tradicional encantou locais e turistas do Brasil e do mundo.
O rito começou logo pela manhã na Praça do Çairé. Personagens da festa - juiz, juíza, mordomos, mordomas, saraipora, capitão, sargento, procurador, procuradeira, menina do tamborim, moças da festa, alferes e foliões - reuniram-se no barracão do Çairé para um momento de bençãos e em seguida, saíram em procissão rumo a Praia da Gurita (Cajueiro) para buscar os mastros e depois retornaram à Praça do Çairé.
Já na praça, os dois mastros, que ‘pertencem’ ao juiz e juíza, foram ornamentados com folhagens e frutas em simbolismo a gratidão a Deus pela fartura. E no topo de cada tronco, um pássaro simboliza o Espírito santo nas alturas.
Em seguida, homens e mulheres começaram uma amigável competição de quem hastearia o mastro primeiro. Este ano, os homens foram os vencedores. Os mastros simbolizam os laços do ser humano junto ao celestial.
O Çairé é uma das manifestações mais antigas da região norte. Com mais de 300 anos de história, atrai turistas do Brasil e do mundo.
Vanessa Gabrieli é natural do Rio Grande do Sul e foi a Alter do Chão acompanhada do marido, mãe e pai. Eles viram fotos da festa do Çairé no instagram e ficaram muito encantados em poder vivenciá-la.
“Nós viemos do Rio Grande do Sul prestigiar esse evento muito lindo que é característico aqui da região. É bem diferente da nossa cultura. Eu estou muito encantada com todo o ritual que é feito, as músicas que parecem orações, eu estou muito feliz em participar”, contou Vanessa.
Quem também se apaixonou com o Çairé foi o casal francês Jéssica e Floriano. Eles contaram que já conheciam Alter do Chão há um ano, mas nunca puderam participar da festa antes em virtude da pandemia.
“Nós tínhamos a expectativa de viver o Çairé, mas somente este ano isso foi possível. Estamos muito felizes em descobrir essa tradição com mais de 300 anos. Viva o Çairé”, festejou o casal.
O secretário municipal de Cultura, Luís Alberto Figueira, esteve presente representando o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar. Ele enfatizou a política de resgate da essência do Çairé.
“Buscamos valorizar a Festa do Çairé que traz a tradição dos povos originários de Alter e vivenciada com fervor pela população daqui. Estamos trabalhando para garantir uma boa estrutura e um bom Çairé a todos”, pontuou Luís Figueira.
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