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ABERTURA DE MERCADO
 
O IPCA veio animador, mas o mercado como um todo só voltará a respirar quando o índice americano começar a cair para valer. Espera-se uma desaceleração para 8,7%. Se vier acima disso, sai de baixo.
 
 
Por Alexandre Versignassi, Bruno Vaiano e Camila Barros
 
 
Depois de um recorde no IPCA ontem – o IBGE registrou a maior deflação (queda de preços) no Brasil desde o início da série histórica, em 1980 – hoje é dia de ver como a inflação se comportou nos EUA.
 
Às 9h30, sai o Índice de Preços ao Consumidor de julho – CPI, na sigla em inglês –, o equivalente americano do IPCA. Em junho, o indicador marcou 9,1% em doze meses – o maior número em 41 anos. A expectativa para julho não é muito melhor: uma ligeira desaceleração para 8,7%.
 
Para entendê-la, uma explicação rápida: o dado americano vem separado em dois: o índice cheio (que considera todos os preços) e o chamado "núcleo" (que exclui alimentos e energia, considerados voláteis).
 
Como o preço dos combustíveis caiu, espera-se que haja uma ligeira desaceleração no número cheio – ou seja, que os preços ainda subam, mas menos que no mês passado. Já seria uma boa notícia.
 
O núcleo de julho é que prende o fôlego dos acionistas. Ele é uma incógnita, e a maioria aposta em uma aceleração. Ontem, as bolsas americanas operaram meio tímidas, meio receosas: Nasdaq caiu 1,19%, S&P 500 recuou 0,42%. Hoje, os futuros operam numa alta tímida.
 
O medo da inflação lá travou até o pregão Ibovespa aqui, mesmo apesar do nosso número ter vindo legal. A explicação é o…
 
Medo dos juros
 
Em junho, os 9,1% de inflação vieram acompanhados de um desempenho satisfatório da economia pós-pandêmica – o Payroll, relatório de emprego, veio com 372 mil novas vagas, mais de 100 mil acima do esperado.
 
Isso foi essencial para o Fed aumentar a taxa básica de juros do Tio Sam em 0,75 ponto percentual. Economias fortes aguentam o tranco de taxas de juros mais altas, e aumentar os juros é o único método eficaz para segurar a inflação no tranco.
 
O payroll bem sucedido já se repetiu para julho: mês passado, os EUA abriram 528 mil novas vagas, o dobro do previsto, e os salários aumentaram, seguindo a inflação. A economia, novamente, parece lidar bem com a alta de preços.
 
Ou seja: se a inflação vier alta novamente, o cenário se repete e outro aumento de 0,75 pp se torna inevitável. Se essa alta surpreender, podemos ter mais do que isso: 1pp, o que elevaria a "Selic" americana a 3,5% – algo que não se vê desde 2007.
 
Para as bolsas, juros altos são ruins porque influenciam os investidores a tirarem dinheiro de apostas mais arriscadas (como ações) para colocá-lo em títulos públicos e outros produtos mais conservadores.
 
E juros altos lá também significam mais pressão na Selic daqui. Eles valorizam o dólar. Dólar em alto causa inflação por aqui. E com inflação por aqui, fica mais difícil a Selic cair.
 
O maravilhoso mundo de Musk
 
Elon vendeu US$ 6,9 bilhões em ações da Tesla desde o início do mês, com o objetivo de ter grana em mãos para comprar o Twitter. A ideia é fazer o saque de ações aos pouquinhos, para não gerar nenhum soluço no desempenho da empresa na bolsa.
 
A rede social abriu um processo para forçá-lo a honrar sua promessa depois que a promessa em questão quebrou as pernas da empresa. O julgamento rola em outubro. Musk diz que vai comprar as ações de volta caso não seja forçado a fechar negócio, mas os comentaristas apostam que ele vai vender mais.
 
Musk à parte, com o medo da inflação, o dia começa só ligeiramente touro. A tendência é indefinida, já que tudo depende do CPI.
 
Veja aqui no humorômetro ;)
 
 
 
• Futuros S&P 500: 0,22%
• Futuros Nasdaq: 0,28%
• Futuros Dow: 0,17%
 *às 7h53
 
 
• Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,03%
• Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,09%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,21%
• Bolsa de Paris (CAC): 0,03%
*às 7h47
 
 
• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,12%
• Hong Kong (Hang Seng): -1,96%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,65%
 
 
 
• Brent: -0,35%, a US$ 96,31
• Minério de ferro: -0,5%, a US$ 109,75 por tonelada, na bolsa de Cingapura.
*às 7h51
 
 
Às 9h30, o Depto. do Trabalho dos EUA – com autoridade equivalente à de um ministério no Brasil – anuncia o CPI de julho.
Às 11h30, o Depto. de Energia dos EUA – com autoridade equivalente à de um ministério no Brasil – anuncia os estoques de petróleo, que influenciam o preço do barril.
 
 
 
Crise energética parte 2: o inimigo agora é outro
A crise energética na Europa tem agora um novo agravante. Por causa da onda de calor, que transformou o verão europeu em amostra grátis do inferno, a água dos rios de algumas regiões está quente demais para resfriar as usinas nucleares. E agora elas estão sendo desligadas.
 
A suíça Axpo Holding cortou a produção em uma de suas usinas, e a Elétrécité de France reduziu a produção pelo mesmo motivo. Sem energia nuclear como alternativa, sobra pro gás natural (que já sofre a sua própria crise de oferta por causa dos bloqueios russos). O novo obstáculo energético, claro, já deixou sua marca nos preços: na Alemanha e na França, os contratos de energia para 2023 subiram para novas máximas na semana passada.
 
 
Trabalho remoto: o vilão dos balanços?
Nesta temporada de balanços, as empresas têm encontrado fatores externos para justificar redução dos lucros e desaceleração no crescimento – guerra, crise climática, volatilidade no câmbio. Mais um bode expiatório inédito: o trabalho remoto. Aqui, a Bloomberg mostra que companhias de todos os tipos estão culpando a lenta taxa de retorno aos escritórios pelo desempenho medíocre do trimestre.
 
Carta dos empresários
Febraban e Fiesp se uniram a centrais sindicais na semana passada para lançar o manifesto "Em Defesa da Democracia e da Justiça", em reação às falas de teor golpista de Bolsonaro. Antes, banqueiros, empresários, economistas e juristas tinham divulgado a "Carta aos Brasileiros", defendendo a democracia e o sistema eleitoral. Entre as mais de 730 mil assinaturas, constam as de executivos de Itaú, Suzano, Klabin, Natura e Votorantim. Aqui, a Folha explica a articulação e reproduz o manifesto na íntegra.
 
 
Depois do fechamento de mercado:
3R Petroleum, Aliansce Sonae, Banco do Brasil, Banrisul, Braskem, BRF, C&A, Equatorial Energia, Minerva Foods, MRV, Petz, Positivo, Santos Brasil, SLC Agrícola, SulAmerica, Taesa, Vittia Fertilizantes.

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