CENSO 2022 | COLETA INDIGENA
Censo
2022 inicia coleta entre indígenas no dia 10
Em solo paraense, são 75 etnias indígenas a
serem recenseadas, com maior concentração populacional no Sudoeste paraense
A
partir do dia 10 de agosto, o Censo Demográfico 2022 chega às terras indígenas. As equipes do IBGE, compostas por recenseadores especialmente
treinados para coletar as informações em Terras Indígenas (TI’s), estarão
entrando em campo. Para o planejamento e execução da coleta entre os indígenas,
o IBGE conta com o apoio da Funai e da Secretaria
Especial de Saúde Indígena (SESAI), formalizado por meio de um Acordo de
Cooperação Técnica, com efeito em todo o território em nível nacional.
No Pará, entre as
primeiras terras indígenas a serem visitadas pelo IBGE estão Sai-Cinza (estima-se
140 domicílios), onde estará atuando a recenseadora Dayane Kirixi; e a aldeia
Kaba Biorebu (seis domicílios), que estará sendo “coberta” pela recenseadora
Joanice Munduruku. Ambas as áreas são da etnia Munduruku. O acesso à primeira
(Sai-cinza) é de 1h a 1h30 de barco, pelo rio Tapajós. Já para Kaba Biorebu a
travessia (de Jacareacanga) dura em média 5 minutos.
A coleta também já
está iniciando na TI Andirá-Marau, na região do município de Aveiro (PA), onde,
de acordo com o Censo 2010, residiam 11.321 indígenas do povo Sateré Mawé. A
aldeia Açaizal (habitada por Munduruku), no planalto santareno, também está
iniciando seu recenseamento. Porém, sobre esta última, a liderança local
solicitou que o IBGE não leve equipes de imprensa para dentro da aldeia.
Pará indígena
De acordo com o analista censitário José Maria Costa Júnior,
antropólogo da Unidade do IBGE no Pará que tem acompanhado junto ao Grupo de
Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais (GT-PCT’s) todo o planejamento da
coleta voltado para a população indígenas, existem 75 etnias vivendo em solo
paraense. Há registro de 51 línguas indígenas sendo utilizadas por essas
populações que vivem no estado.
Pelo
Censo Demográfico 2010, a população indígena do estado do Pará era de 33.133
pessoas. A macrorregião Sudoeste
(que inclui as microrregiões de Itaituba e Altamira) era a de maior
concentração de indígenas: 11.493. Em segundo lugar, vinha o Sudeste paraense
(microrregiões: Tucuruí, Paragominas, São Félix do Xingu, Parauapebas, Marabá,
Redenção e Conceição do Araguaia), com uma população indígena de 9.179 pessoas.
A terceira maior população de indígena era a da macrorregião do Baixo Amazonas,
com 6.626 indígenas (microrregiões: Óbidos, Santarém e Almeirim); em 4º lugar,
vinha a Região Metropolitana de Belém, com 3.572 indígenas (microrregiões Belém
e Castanhal); no 5º lugar, aparecia o Nordeste paraense, com 2.107 indígenas
(microrregiões: Salgado, Bragantina, Cametá, Tomé-Açu, Guamá); e em 6º e último
lugar, tinha-se o Marajó, com 156 indígenas.
José
Maria Costa Júnior lembra que a coleta em terras indígenas
tem calendários próprios em razão de condições de acesso, períodos de
interdição etc. Sendo assim, nem todas as áreas começarão no dia 10 de agosto.
“Na terra indígena (TI) Andira-Marau, no município de Aveiro, por exemplo, a
coleta inicia no dia 08 de agosto. Existem outras TIs onde as equipes vão
iniciar a coleta só em setembro”, exemplifica.
WARAO
Os Warao, de origem
venezuelana, também serão contados como povos indígenas pelo Censo Demográfico
2022. A agenda de coletas dos Warao no Pará está prevista para o mês de setembro
e contará com o apoio da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em
Belém (PA), que já realizou vários eventos de capacitação
voltados para os servidores da coordenação técnica estadual do Censo 2022, no
Pará.
A maioria fala espanhol.
Por isso, a equipe da Coordenação Técnica Estadual do Censo Demográfico 2022,
por meio do apoio da Acnur, contará com o apoio de quatro intérpretes formados
por meio de uma iniciativa das Universidades de Brasília e Federal da
Paraíba, em abril/2022.
O antropólogo Gabriel
Tardelli, do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACUR/ONU –
Unidade Belém), que ministrou o seminário com o tema “Os Warao no Censo 2022:
pontos chaves e desafios”, em maio, informou que os Warao, conhecidos como “povos
da água”, possuem histórico de desterritorialização e deslocamentos devido a
impactos causados por projetos petrolíferos e outros, desde a década de 1930. Informou
ainda que, no Brasil, registra-se a chegada dos Waraos a partir de 2016, pelo estado
de Roraima. Em 2017, chegaram ao Pará, nos municípios de Belém, Ananindeua e
Santarém. Posteriormente, foram se expandindo também para outros municípios. Na
RMB, eles vêm se concentrando especialmente nas periferias.
CENSO INDÍGENA
O Censo Demográfico
vai produzir um retrato atualizado da realidade dos povos indígenas no Brasil. A
pesquisa mostrará para todas as pessoas como vivem os povos indígenas, suas
diferentes formas de organização social, costumes e línguas.
Em atendimento às
exigências dessas entidades de defesa dos direitos da população indígena e das
próprias lideranças, as equipes do IBGE que executarão a coleta nessas áreas
tiveram que apresentar comprovação de quadro vacinal completo contra febre
amarela, Covid e Influenza. Além disso, terão que apresentar teste negativado
para Covid antes de se dirigir às terras indígenas, para dar início à coleta.
Outra ponto importante do protocolo é quanto ao uso de máscaras em todos os contatos com os informantes indígenas.
Etapas da coleta de indígenas
A primeira etapa da
coleta das informações censitárias entre os indígenas é a reunião de
abordagem, que se dará entre os recenseadores do IBGE e as lideranças, em
cada aldeia ou comunidade indígena. Nessa reunião, os representantes do IBGE
apresentam e explicam o que é o Censo Demográfico, além de solicitar o apoio
das lideranças e membros da comunidade para a realização da pesquisa.
A segunda atividade
será a aplicação de um questionário sobre a aldeia ou comunidade indígena, que
o IBGE chama de Questionário de Abordagem em Agrupamento Indígena. Esse
questionário contém perguntas sobre a infraestrutura, como acesso a água, energia,
escolas, postos de saúde, espaços rituais, recursos naturais, entre outros. Esse
questionário é aplicado à liderança política do agrupamento indígena. Na
ausência da liderança política, deve-se avaliar se a comunidade indica uma
vice-liderança ou outras pessoas que possam responder (exemplo: professores indígenas
e agentes indígenas de saúde ou saneamento).
Na etapa sobre
Educação, são solicitadas informações sobre professores indígenas e não-indígenas;
línguas faladas; material didático e merenda escolar. São também investigados
os hábitos e práticas da comunidade, como existência de extrativismo/coleta; roça;
criação de animais; caça e pesca; e artesanato.
Em seguida, os
recenseadores iniciam as visitas domiciliares, indo a todas as habitações para
realizar as entrevistas junto às famílias residentes.
Identificação
étnico-racial no Censo Demográfico 2022
Importante lembrar que
“Cor ou raça” é uma percepção que o informante tem sobre si mesmo
(autoidentificação) e sobre os outros moradores. O quesito é denominado “cor ou
raça” e não apenas “cor” ou apenas “raça”, já que: há vários critérios que
podem ser usados pelo informante para a identificação, tais como: origem
familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, entre outros. Também porque as 5
categorias disponíveis podem ser entendidas pelo informante de forma variável.
Este bloco (Identificação
étnico-racial) tem como princípio critério o respeito à declaração do
informante sobre sua identificação étnico-racial e a dos demais moradores do
domicílio. O recenseador ou qualquer outra pessoa da equipe de coleta não pode
questionar o informante, nem colocar em dúvida sua declaração. Inclusive, os
casos em que haja desrespeito à declaração do informante podem ser informados
ao IBGE por meio do 0800 721 8181 (deve-se informar nome e matrícula da pessoa
responsável pela coleta, informações que sempre estão disponíveis no colete dos
agentes do IBGE; bem como nome e endereço da ocorrência). Todas as situações
serão minuciosamente avaliadas e corrigidas internamente, quando for o caso.
A orientação dada ao
recenseador, durante seu treinamento, é que: ler todas as opções de cor ou raça
para o informante: 1 – Branca; 2 – Preta; 3 – Amarela; 4 – Parda; 5 – Indígena.
É comum o indígena se
declarar pardo ou preto, por associar a pergunta à sua cor da pele ou ao seu
documento, e não à sua raça/etnia. Por isso, em áreas indígenas, existe uma Pergunta
de Cobertura que permite a declaração como indígena quando o informante
declara outra cor ou raça. A Pergunta de Cobertura é: Você se considera
indígena? Sim ou Não?
Etnia e línguas
Os quesitos de etnia e
línguas faladas no domicílio só serão investigados para as pessoas declaradas
ou consideradas indígenas. A pessoa pode se declarar como indígena e não
saber informar sua etnia. Neste caso, o recenseador registrará “não sabe”. Se a
etnia informada não for encontrada, será registrada a partir da grafia
informada.
Uma lista prévia de
etnias e línguas consta nos DMCs (aparelho usado para registrar as informações
coletadas). Caso a etnia NÃO seja encontrada nesta lista a opção informada pelo
informante, o recenseador escreve por extenso e insere a nova língua ou etnia
informada.
Um dos itens sobre
línguas indígenas é “Fala língua indígena no domicílio?”. Este quesito considera
as línguas indígenas usadas no domicílio. Poderão ser registradas até três
línguas para este quesito, uma para cada campo. Existe também a pergunta “Fala
português ou usa LIBRAS no domicílio?” que tem como objetivo saber se o Português
é falado no domicílio ou se a Libras é usada no domicílio.
IMPORTANTE: O fato de
uma pessoa não declarar ou não saber declarar sua etnia ou língua indígena
falada não altera sua identificação como indígena. Caso tenha se
declarado indígena, a opção “indígena” TEM DE SER MANTIDA.
Guias
Para realizar o Censo,
tanto entre indígenas quanto nas comunidades quilombolas (Povos e Comunidades
Tradicionais – PCT’s), o IBGE conta, sempre que necessário, com guias que podem
ser de dois tipos: guias comunitários e
guias intérpretes.
O trabalho esperado
dos guias comunitários em áreas indígenas e quilombolas é a condução com
segurança do recenseador por todos os domicílios a serem visitados, indicando
as melhores rotas de percurso, os melhores horários para a visita e os códigos
de conduta a serem adotados.
Já os guias intérpretes
são utilizados em áreas indígenas (quando necessário) e atuarão como mediadores
entre o recenseador e o informante, facilitando a comunicação e a interpretação
das perguntas e das respostas.
Protocolo sanitário
Às equipes
interessadas em realizar cobertura do Censo Demográfico 2022 entre os
indígenas, o IBGE orienta que as equipes de imprensa entrem em contato com os DSEI da região a ser realizada a cobertura
jornalística para obter orientações sobre o protocolo sanitário
necessário para ter acesso às terras indígenas. Os
contatos de todos os DSEI estão disponíveis no link a seguir: www.saudeindigena.net.br/coronavirus/dsei/.


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