Nem só de commodities é feita a bolsa brasileira. Ainda bem. Em um dia que o minério de ferro e o petróleo despencaram mais de 7% com o medo de desaceleração da economia global, foram varejistas, aéreas e demais papéis defasados que salvaram o Ibovespa. O índice começou o dia em queda, mas aos poucos as perdas de Vale e Petrobras foram desacelerando, acompanhando o mercado internacional – no fim deu Vale 0,30% e Petro -1,50%. Enquanto isso, as das varejistas ganharam (muita) força. E o Ibovespa, no fim das contas, encerrou no zero a zero: levíssima alta de 0,06%. A Magalu, que caiu 65% no primeiro trimestre, deu um salto de 11,41% no pregão desta terça. Suas concorrentes acompanharam (veja abaixo), assim como outras ações que foram bastante prejudicadas nos últimos meses e cujo desempenho depende do poder de compra do brasileiro. A Natura, que caiu 48% de janeiro a junho, subiu 7,56% hoje, por exemplo. O movimento não é exclusividade deste pregão. Vem ocorrendo desde que as commodities passaram a cair com o receio de uma possível recessão. Investidores, então, trocam os papéis de petroleiras, que vinham em alta no ano, por aqueles que ficaram baratos, e que oferecem boas possibilidades de retorno por estarem descontados. Só na semana passada, as varejistas subiram mais de 20%. Magalu, por exemplo, bateu em sua pior cotação desde 2017 no dia 4 de julho (R$ 2,13). De lá para cá, alta de 36%. Opa. Será que a a "nova Magalu" será a própria Magalu? (rs). Uma das razões para as altas: é possível que os benefícios que o governo bolsonaro pretende distribuir antes das eleições ajudem as vendas no varejo no curto prazo. Com R$ 1 mil a mais na conta todo mês, caminhoneiros, taxistas e, talvez, até ubers, poderão trocar de celular, de TV, de geladeira. Isso se o voucher sobrar né, já que a cesta básica custa, em média, R$ 777 em São Paulo segundo o levantamento de junho do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Por outro lado, a PEC Kamikaze pode piorar a inflação e a percepção de risco fiscal. Segundo o HSBC Brasil, o estrago da medida vai fazer com que o Banco Central tenha que subir a Selic para 14%. Hoje, a taxa está a 13,25% ao ano e o mercado (Boletim Focus) estima que ela irá para 13,75% ao fim de 2022. A previsão é de chuvas e trovoadas de juros nos EUA também, onde o mercado de trabalho continua forte, e a inflação, mais ainda. E juros mais altos lá acabam empurrando os nossos para cima também. A partir de amanhã, de qualquer forma, teremos uma noção melhor do que o Fed planeja para o futuro. Amanhã sai o CPI (inflação oficial americana) de junho. Economistas consultados pela Bloomberg esperam que o aumento de preços tenha acelerado ainda mais no mês passado, para 8,8% na comparação anual (versus 8,6% em maio) – se for isso mesmo, será a maior alta desde 1981. Outro fator que colabora para o clima de tensão é o aumento de casos de covid, que se estende da China para a Europa. Hoje, a OMS disse que espera uma nova onda causada pelas subvariantes da cepa ômicron, da qual a Europa é o centro. A orientação é que os países voltem a impor protocolos de proteção. Se novas restrições voltarem às grandes economias, é possível haver uma piora na inflação global, dada a quebra nas cadeias produtivas – com menos produtos para comprar, afinal, os preços sobem… Melhor se proteger desde já… Tanto a saúde como o bolso. Até amanhã. Maiores altas Magazine Luiza (MGLU3): 11,41% Via (VIIA3): 9,44% Americanas (AMER3): 8,26% Azul (AZUL4): 7,73% Natura (NTCO3): 7,56% Maiores baixas 3R Petroleum (RRRP3): -6,46% SLC Agrícola (SLCE3): -6,19% Pão de Açúcar (PCAR3): -3,42% Carrefour (CRFB3): -2,79% Alpargatas (ALPA4): -2,58% Ibovespa: 0,06%, a 98.271 pontos Em NY: S&P 500: -0,92%, a 3.819,14 pontos Nasdaq: -0,95%, a 11.264,73 pontos Dow Jones: -0,61%, a 30.985,02 pontos Dólar: 1,27%, a R$ 5,4391 Petróleo Brent: -7,11%, a US$ 99,49 WTI: -7,93%, a US$ 95,84
Minério de ferro: -7,64%, a US$ 105 por tonelada no porto de Qingdao (China) |
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