AMAZÔNIA+21: PARÁ É O ESTADO COM MAIOR POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE BIOGÁS
Combustível verde, gerado a partir
da decomposição de resíduos, seria suficiente para atender 174 mil residências
por ano, beneficiando mais de 700 mil pessoas
Um dos primeiros projetos de
negócios sustentáveis na região amazônica a serem desenvolvidos pelo Instituto
Amazônia+21 será o de biogás, produção de combustível verde proveniente da
decomposição de resíduos sólidos. E o Pará larga na frente, já que o estado é o
que tem maior potencial de geração de energia renovável em toda a Região Norte.
Segundo estudo do Instituto
Escolhas, publicado em agosto deste ano, apenas com os resíduos sólidos
urbanos, os resíduos da piscicultura e da mandioca em todos os estados da
Amazônia seria possível gerar mais de 537 milhões de metros cúbicos de biogás
por ano, algo em torno de 1,1 TWh de eletricidade. É o suficiente para atender
mais de 550 mil residências em todo o Norte do País, o que, por sua vez,
beneficiaria mais de 2,2 milhões de pessoas. Desse potencial, apenas 6% é
utilizado atualmente para a geração de energia nos aterros sanitários de Manaus
(AM) e Rosário (MA).
De acordo com os dados do estudo,
com o material disponível no Pará, é possível produzir 168 milhões de metros
cúbicos de biogás ao ano. Em segundo, vem o Maranhão, com a possibilidade de
uma capacidade estimada em 113 milhões de metros cúbicos.
A estimativa do instituto é que o
Pará pode gerar com a decomposição de resíduos quase 350 GWh de eletricidade,
suficiente para atender 174 mil residências e beneficiar aproximadamente 706
mil paraenses – ou a metade da população da capital, Belém. Além dos resíduos
sólidos urbanos, onde está a maior parte do potencial para o biogás, o estado
também tem bastante material a aproveitar com as sobras do abate de peixes.
Mas o destaque é outro: o estado é
o maior produtor de farinha de mandioca da Amazônia, com quase 79 mil casas de
farinha. Segundo o estudo, o Pará concentra 53% do potencial amazônico para
produzir biogás a partir do tubérculo. O descarte da produção poderia gerar 1,5
milhão de metros cúbicos por ano, capazes de gerar 3 GWh de eletricidade para
as instalações do setor ou para atender 1.500 casas no entorno. Para se ter uma
ideia, a quantidade é equivalente a 44 mil botijões de gás de cozinha.
A utilização da energia renovável
poderia reduzir em até 38% o uso de energia poluente na região amazônica,
consumida em sistemas isolados, que geram energia local por meio de usinas que
queimam combustíveis fósseis, como o óleo diesel. Segundo dados da Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) de 2020, além de ser poluente, a
energia hoje utilizada tem custos anuais na região que giram em torno de R$ 7,6
bilhões.
Karen Oliveira, gerente para
Políticas Públicas e Relações Governamentais da ONG TNC Brasil, explica que a
região amazônica já tem uma grande geração de energia proveniente das
hidrelétricas, mas que precisam percorrer longas distâncias até o centro-sul, o
que a torna uma energia cara. A produção de biogás não só tornaria o processo
mais barato e limpo, como também atenderia aos produtores locais, que dependem
de energia gerada por queima de combustíveis fósseis.
“As comunidades locais que tanto
necessitam de energia, também para verticalizar e para dar escala a sua
produção, para otimizar o seu desenvolvimento local, ficam desabastecidas,
dependendo de uma energia cada vez mais cara e poluente baseada em geradores,
normalmente a diesel”, explica Karen.
“Então, com a possibilidade do
biogás, se você traz biodigestores para região e aproveita esse potencial para
realmente gerar energia, você tem a possibilidade de localmente fazer uma
grande transformação, gerando energia para essas comunidades a partir dos
resíduos dos produtos comercializados e produzidos por essas comunidades.”
Amazônia +21 e ESG
A ideia do Instituto Amazônia+21 é
começar a identificar os potenciais produtores de biogás nas regiões da
Amazônia Legal a partir de 2022, com a geração de energia térmica, elétrica e
veicular por meio da decomposição de resíduos orgânicos. O chamado biogás é
produzido em três etapas: preparação do material biológico, fermentação e
pós-tratamento do material residual. Mas, para isso, é necessário também identificar
as possíveis parcerias que, segundo o deputado federal Paulo Bengtson, do PTB
do Pará, são essenciais para que o Brasil possa se destacar ainda mais na
economia verde.
“Todo e qualquer instituto, toda e
qualquer ação, seja ela pública, privada, mista ou organização não
governamental que vise realmente a diminuição, a redução da emissão de gases e
que seja isso um incentivo até para a Amazônia, principalmente, como eu sempre
digo, para os amazônidas, que são os moradores daquela região, eu sou a favor.”,
destaca o parlamentar.
A aposta do Instituto no Biogás vai
além da questão de abundância do material utilizado. A energia, além de
renovável, soma uma destinação adequada aos resíduos orgânicos, apresenta uma
grande versatilidade, tem alto potencial de redução dos gases de efeito estufa
e ainda consegue utilizar todo o substrato descartado na produção como
fertilizante.
A ideia do instituto é que as
federações de indústria, em cada um dos estados da Amazônia Legal, possam
levantar dados como a quantidade de resíduos sólidos daquela região, quais as
possibilidades apresentadas e que usinas de geração de biogás podem ser
construídas no local. As pesquisas realizadas sobre o assunto em Rondônia vão
ajudar a guiar os próximos passos da iniciativa.
A presença física do Instituto nos
estados será feita por meio das federações de indústria, como a FIEPA, no Pará.
O site da iniciativa será lançado em breve, onde os produtores e possíveis
investidores terão acesso a mais dados e informações, como as já levantadas
sobre Biogás.
Fonte/Foto: Luciano Marques, BRASIL 61/Agência Brasil
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