ACONTECEU | BOLSONARO SANCIONA LEI COM PENA MAIOR, DE ATÉ CINCO ANOS, PARA MAUS-TRATOS CONTRA CÃES OU GATOS
Texto altera legislação de crimes ambientais; hoje, punição
máxima é multa e um ano de detenção. Lei foi sancionada em cerimônia com
ministros e pets no Palácio do Planalto.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta terça-feira (29),
sem vetos, a lei que estabelece pena de dois a cinco anos de reclusão para quem
praticar atos de abuso, maus-tratos ou violência contra cães e gatos.
A lei foi assinada em cerimônia no Palácio do Planalto com a
presença de ministros e de animais de estimação. O texto segue para publicação
no “Diário Oficial da União”.
O texto também prevê multa e proibição da guarda para quem
praticar os atos contra esses animais.
A legislação é resultado de uma proposta de autoria do deputado
Fred Costa (Patriota-MG). No Senado, foi relatada pelo senador Fabiano
Contarato (Rede-ES) e aprovada no último dia 9.
A alteração será feita na Lei de Crimes Ambientais. Hoje, a
legislação prevê pena menor, de três meses a um ano de detenção, para quem
pratica os atos contra animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos
ou exóticos.
A pena é aumentada de um sexto a um terço se o crime causa a
morte do animal – o que foi mantido no novo projeto. O termo
"reclusão" indica que a punição pode ser cumprida em regime inicial fechado
ou semiaberto, a depender do tempo total da condenação e dos antecedentes do
réu.
De acordo com o Planalto, a “mudança faz com que o crime deixe
de ser considerado de menor potencial ofensivo, possibilitando que a autoridade
policial chegue mais rápido à ocorrência".
"O criminoso será investigado e não mais liberado após a
assinatura de um termo circunstanciado, como ocorria antes. Além disso, quem
maltratar cães e gatos passará a ter, também, registro de antecedente criminal
e, se houver flagrante, o agressor é levado para a prisão”, diz texto divulgado
pelo governo.
‘Nunca tive dúvidas’
A aprovação da proposta pelo Congresso gerou grande repercussão
nas redes sociais. Internautas, donos de pets e defensores de animais se
mobilizaram em favor da sanção do texto.
Na semana em que o texto foi aprovado no Senado, Bolsonaro disse
em uma transmissão em rede social que colheria opiniões na internet sobre a
sanção da medida. Disse, ainda, que "não era fácil" tomar uma decisão
sobre o tema.
Na cerimônia desta terça, o presidente disse que “nunca” teve
dúvidas sobre se sancionaria ou não o projeto, e que a primeira-dama Michelle
Bolsonaro participou da mobilização a favor da lei.
“Ela perguntou em casa: 'Já sancionou?' Eu falei: 'você está
dando uma de Paulo Guedes, que manda eu sancionar imediatamente os projetos que
tem a ver com Economia. O Paulo eu obedeço... O que dirá você'", afirmou
Bolsonaro a Michelle, que também participou do evento no Palácio do Planalto.
Jair Bolsonaro também declarou que o texto não foi sancionado
pela pressão e que o tempo entre a aprovação pelo Legislativo e a assinatura da
lei foi importante para que as pessoas se conscientizassem sobre a medida.
A legislação foi apelidada de “Lei Sansão”, em homenagem a um
cachorro que foi vítima de agressões e teve duas patas mutiladas no interior de
Minas Gerais.
Senado
Quando o texto foi aprovado no Senado, o senador Rodrigo Pacheco
(DEM-MG) manifestou apoio à proposta, mas explicou que não necessariamente o
texto levará os agressores de animais à cadeia.
“Esses fatos terão uma responsabilidade penal que não comportará
juizado especial, não comportará composição civil de danos, não comportará
transação penal, não comportará suspensão condicional do processo. Aquelas
medidas despenalizadoras, pela natureza da pena, não estarão previstas para
esse tipo de acontecimento”, afirmou.
“Significa que todos esses fatos gerarão cadeia? Não
necessariamente. Cada caso será avaliado à luz de circunstâncias judiciais, de
provas, de elementos do processo para se chegar a uma conclusão. Pode ensejar
uma privação da liberdade, mas pode ensejar também uma substituição da privação
de liberdade por penas restritivas de direitos”, acrescentou o parlamentar de
Minas Gerais.
Relator da proposta no Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES) diz
que a atual legislação provoca, na sociedade, uma sensação de impunidade de
atos cometidos contra cães e gatos “em razão da pena máxima para tal crime ser
de um ano, com a consequente aplicação do instituto da suspensão condicional do
processo”.
“Ao aumentar as penas, a proposição desestimula violações aos
direitos dos animais, para que a crueldade contra esses seres vivos deixe de
ser considerada banal ou corriqueira”, afirmou o relator.
Fonte/Foto: Gustavo Garcia e Roniara
Castilhos, G1 e TV Globo — Brasília/Reprodução - TV Brasil
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