MUNDO | EXPLOSÕES EM BEIRUTE DEIXAM 70 MORTOS E MAIS DE 3.700 FERIDOS
04/08/2020 | 16:06 Atualizado 16:49
As potentes explosões que sacudiram nesta terça-feira o porto de Beirute deixaram 70 mortos e mais de 3.700 feridos, segundo estimativas preliminares anunciadas pelo ministério da Saúde libanês. Segundo o porta-voz do ministério, Rada Moussaoui, este balanço é provisório. "É uma catástrofe em todos os sentidos do termo", lamentou o ministro da pasta, Hamad Hassan, em declarações a várias emissoras de televisão após visitar um hospital na capital libanesa. "Os hospitais da capital estão todos cheios de feridos", acrescentou, pedindo que os outros feridos sejam transferidos para estabelecimentos nos subúrbios da cidade.
As
detonações, que ocorreram na região portuária da capital libanesa, provocaram
uma imensa coluna de fumaça e foram ouvidas em vários bairros da cidade.
O
presidente Michel Aoun convocou uma "reunião urgente" do Conselho
Superior de Defesa e o primeiro-ministro decretou um dia de luto nacional para
a quarta-feira. "É uma catástrofe. Existem corpos no chão. Ambulâncias
estão pegando os corpos", disse à AFP um soldado próximo ao porto.
Janelas
e vitrines de muitos prédios e lojas quebraram nos arredores, como mostram
vídeos que circulam nas redes sociais. "Meu irmão me mandou isso, nós
moramos há 10 km da explosão", tuitou uma moradora da área.
A
área portuária foi isolada pelas forças de segurança, que só permitem a
passagem de agentes da defesa civil, o balé de ambulâncias com suas sirenes e
caminhões de bombeiros. Os jornalistas foram proibidos de acessar a zona,
segundo um correspondente da AFP.
Antes,
o diretor da Segurança Geral, Abbas Ibrahim, havia dito que as explosões
poderiam ter sido causadas por "materiais altamente explosivos confiscados
há anos", mas acrescentou que uma investigação determinará a
"natureza exata do incidente". No entanto, os responsáveis terão que
"prestar contas", disse o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, que
pediu ajuda aos "países amigos" do Líbano. "Faço um apelo
urgente a todos os países amigos e irmãos que amam o Líbano que se coloquem do
nosso lado e nos ajudem a curar nossas feridas profundas", acrescentou.
Vídeos
transmitidos nas redes sociais mostraram uma primeira explosão seguida por
outra que causou uma gigantesca nuvem de fumaça. As deflagrações sacudiram os
edifícios vizinhos e fizeram com que vidros se quebrassem a vários quilômetros
de distância.
A
imprensa local divulgou imagens de pessoas presas nos escombros, algumas
cobertas de sangue. "Pareceu um terremoto e, em seguida, uma grande
deflagração e os vidros quebraram", contou à AFP uma libanesa no centro de
Beirute.
Um
navio atracado no porto estava em chamas, constataram jornalistas da AFP. Um
oficial pediu a jornalistas que se afastassem do setor, temendo a explosão do
combustível do navio.
"Arremessados"
O
setor portuário foi isolado pelas forças de segurança, que só permitem a
passagem da Defesa Civil, de ambulâncias e dos bombeiros, constataram
jornalistas da AFP na entrada do porto. Nos arredores, há muitos danos e
destruição. Duas horas após a explosão, chamas ainda podiam ser vistas na área.
Um helicóptero carregava água do mar para apagar os incêndios.
"Vimos
um pouco de fumaça e depois uma explosão. E então um cogumelo (de fumaça). A
força das explosões nos arremessou para dentro do apartamento", diz um
morador do bairro Manssouriyeh, que viu a explosão de sua varanda, a vários
quilômetros do porto. Após as explosões, muitos moradores, alguns deles
feridos, andavam pelas ruas em direção aos hospitais.
Em
frente ao centro médico de Clémenceau, dezenas de feridos, incluindo crianças
cobertas de sangue, aguardavam atendimento, constatou um jornalista da AFP.
Quase todas as vitrines das lojas dos bairros Hamra, Badaro e Hazmieh
estouraram, assim como os vidros dos carros. Nas ruas havia veículos
abandonados com airbags acionados. Segundo testemunhas, as deflagrações foram ouvidas
até mesmo na cidade costeira de Larnaca, no Chipre, a mais de 200 km da costa
libanesa.
Em 14 de fevereiro de 2005, um atentado realizado com uma van cheia de explosivos foi perpetrado contra o comboio do então primeiro-ministro Rafic Hariri, matando 21 pessoas e deixando mais de 200 feridos. A deflagração provocou chamas com vários metros de altura e quebrou as janelas de prédios localizados em um raio de meio quilômetro.
Na sexta-feira, o Tribunal Especial do Líbano (TSL), com sede na Holanda, planeja anunciar o veredicto após o julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do poderoso movimento libanês Hezbollah, acusado de ter participado do assassinato de Rafic Hariri.
Fonte/Foto: Correio do Povo/Marwan
Tahtah – AFP - CP
Nenhum comentário:
Postar um comentário