WE’E’ENA TIKUNA APRESENTA PEÇAS EXCLUSIVAS EM GRIFE INDÍGENA
Essa é a primeira grife de moda indígena
contemporânea projetada inteiramente por uma representante nativa, sem
intermediários
We’e’ena Tikuna é uma artista indígena do
Amazonas. We’e’ena cujo nome significa “a onça que nada para o outro lado no
rio”, nasceu na Terra Indígena Tikuna Umariaçu no Amazonas, Alto Rio Solimões.
Viveu na aldeia toda sua infância. É a quarta filha de Nutchametü rü
Metchitücü, seu pai, nome que na cultura Tikuna quer dizer ‘Onça com rosto
redondo e bonito’. Sua mãe se chama Totchimaüna, ‘Três araras voando’. Os pais
decidiram morar na capital de Manaus para os filhos estudarem.
Apesar de mudarem para capital, os pais criaram
a comunidade indígena Tikuna em Manaus para que os filhos não perdessem os costumes
e a tradição de povo originário. Foi assim que We’e’e’na cresceu, no
‘entreviver’ de duas culturas, das tradições da aldeia aos costumes da cidade.
Sofreu racismo e foi humilhada por não falar o
português, repetiu o colegial várias vezes, por não entendê-lo, e até os 12
anos só tinha contato com a língua nativa Tikuna, sua língua Mãe.
We’e’e’na é uma mulher que venceu os obstáculos
e o racismo e, por meio, de sua história de superação é espelho para muitos
indígenas. Artista plástica, Cantora, Palestrante, Nutricionista, Design de
moda além de Ativista dos direitos Indígenas e YouTuber.
Artista Plástica
O povo Tikuna é muito artístico. Na cultura
Tikuna utilizam os grafismos na pele e, principalmente, no rosto e nos tecidos
de Tururi (fibra de árvore amazônica) e cada grafismo tem o seu significado e
sua importância. Com a formação, como Artista Plástica, a indígena desenvolveu
um estudo profundo sobre os Grafismos.
Formada em Artes plásticas (no IDC- Instituto
Dirson Costa de Arte e Cultura do Amazonas) We’e’ena decidiu dedicar-se ao
trabalho da inclusão social dos povos indígenas, por meio da difusão da sua
arte.
A Grife, a Marca, a Ideia
We’e’ena TIkuna- Arte Indígena nasceu para
combater o preconceito, o racismo e o não conhecimento da verdadeira história
do povo indígena Brasileiro.
Segundo a estilista, é a primeira Grife de Moda
indígena contemporânea projetada inteiramente por uma indígena nativa, sem
intermediários, sem ser tutelados, onde os indígenas são os protagonistas.
“A marca trabalha exclusivamente com tecido de
algodão e misturas de fibras de tururi, a pintura dos grafismos são manuais, as
peças são feitas uma por uma por mim, as pinturas nos tecidos são de
tingimentos naturais (jenipapo, urucum) e estamparia com os grafismos nativos,
escolhi o algodão por que é orgânico além de desenvolver a criação das
modelagem das peças”, explica.
Ela completa que, como mora na cidade, não pode
ter o corpo pintado em todas as ocasiões. Lembra que sofreu preconceito na
cidade com as suas pinturas corporais e as roupas nativas. Vencendo o racismo
nasceu a sua Grife.
“Há 12 anos que faço e desenho as minhas
próprias roupas indígenas, e hoje esse sonho se torna realidade. É importante a
visibilidade indígena nos tempos atuais, toda Arte é forma de resistência. Com
minhas peças de moda quero dar visibilidade a cultura indígena, a mulher
indígena, a beleza das criações de artistas contemporâneos como eu que lutam pela
causa indígena. Meus desfiles tem a minha trilha sonora indígena, os modelos
são maioria ou totalidade indígena criando oportunidades e sonhos”, orgulha-se.
Ancestralidade nas roupas
A indígena conta que toda a sua ancestralidade
passa para cada peça de moda desenhada e adiciono uns charmes de
contemporaneidade, porque os indígenas são atuais, avalia.
“Os nossos grafismos indígenas sempre chamaram
a atenção de historiadores, escritores e viajantes, desde a chegada dos
primeiros homens brancos no Brasil. Nós, os povos indígenas utilizamos a
pintura corporal como meio de expressão ligado aos diversos manifestações
culturais do nosso povo. Para cada festa há uma pintura específica: luta, caça,
casamento, morte. Todo nosso ritual é retratado na pintura corporal, é a
expressão artística mais intensa das nossas pinturas”.
Significados
A pintura corporal indígena, de acordo com a
estilista, é o elo de transmissão das informações, ricas em significados. É um
sistema de comunicação visual, em que a maioria das pinturas no corpo tem um
significado seja da fauna, da flora, do rio, da floresta ou de objetos de uso
cotidiano.
“Os grafismos Tikuna, são representado pelos
animais do céu e da terra. O povo Tikuna é conhecido pelos clãs e pela arte e
pelas pinturas no rosto onde são representadas por símbolos de animais, os
grafismos corporais são mostradas no vestimento dos homens mascarados que são
um tecidos feitos de tururi que é uma fibra de madeira. As nossas tintas são
feitas de urucum, jenipapo ou babaçu na maioria das vezes de barro amarela e
palmeiras”.
Para ela, os Grafismos indígenas ultrapassam o
desejo da beleza, e trata-se sim, de um código de comunicação complexo, que
para nós indígenas representa a cultura e tradição. “Crio olhando para nossa
ancestralidade, mas também olhando para nosso futuro”.
We’e’ena tem um canal no Youtube onde divulga
seu trabalho Artístico:
Fonte/Fotos: D24am/Divulgação
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